14 DE OUTUBRO DE 2019
CLÁUDIA LAITANO
Invasão amazônica
Enquanto boa parte do planeta estava ocupada pensando no futuro da Amazônia e no destino das nações indígenas, a mais conhecida xará da floresta andava de olho em uma única tribo brasileira: a dos consumidores.
A Amazon desembarcou no país da Amazônia em 2012, na maciota, vendendo livros digitais. De lá para cá, enquanto Jeff Bezos ia ficando craque na arte de deixar outros bilionários com complexo de inferioridade, a empresa de e-commerce tornou-se o negócio mais valioso do mundo. Sim, alguém já fez o cálculo: Bezos ganha cerca de US$ 2,5 mil por segundo. Se-gun-do.
Quem fica parado é árvore, e a Amazon não tirou seu nome da floresta, mas do rio: navegar é preciso. A nova ofensiva nas costas brasileiras começou no início de setembro, com a chegada do pacote Prime - que inclui frete grátis, filmes, livros, jogos, música e até revistas. Na semana passada, a Amazon colocou no mercado a versão nacional da assistente virtual Alexa, que, entre outras funcionalidades, permite que o usuário faça compras usando apenas um comando de voz.
Nos Estados Unidos, o Prime foi o grande pulo do gato da Amazon. O serviço funciona mais ou menos como um clube: o assinante paga uma taxa anual (US$ 119) para receber diferentes tipos de descontos (inclusive no mundo real) e livrar-se do frete. Alguns produtos podem chegar em até duas horas à porta do consumidor. Assinantes do Prime gastam, em média, US$ 1,4 mil por ano em mercadorias que vão do tomate-cereja ao último lançamento da Mercedes-Benz - quem não tem assinatura costuma gastar menos do que a metade desse valor. Sem o Brasil na conta, o Prime já é um clube com mais de 100 milhões de sócios ao redor do planeta.
Ainda não dá para saber como a empresa vai se adaptar ao peculiar ecossistema brasileiro, mas é bom ficar de olho nesta Amazônia também. Lá fora, o impacto no comércio e no mercado de trabalho tem sido brutal. Por aqui, essa história está apenas começando.
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