23 DE OUTUBRO DE 2019
ESTUDO DA CNT
Estradas gaúchas precisam de R$ 5 bi
O custo para manter e reparar 8,9 mil quilômetros de rodovias gaúchas, a terceira malha rodoviária mais extensa do país, seria de R$ 4,89 bilhões, de acordo com a Confederação Nacional do Transporte (CNT). É o segundo maior valor entre todos os Estados, atrás somente de Minas Gerais, onde seriam necessários R$ 6,67 bilhões.
A estimativa de investimento consta na mais recente pesquisa de rodovias da CNT, divulgada ontem. Anualmente, a entidade analisa e classifica condições das estradas em todo o país. Hoje, para consertar as rodovias brasileiras, a confederação estima que os governos teriam de desembolsar R$ 38,6 bilhões.
Cálculos de aportes bilionários refletem a deterioração. Segundo o estudo, o país tem 797 pontos críticos (quedas de barreira, pontes caídas, erosões na pista e buracos grandes) em suas vias - no ano passado, eram 454, um aumento de 75%.
O mesmo aconteceu no Rio Grande do Sul, que, atualmente, concentra um em cada 10 pontos críticos de rodovias no país. No Estado, são 78 trechos. Em 2018, o mesmo levantamento identificou 21 desses pontos em solo gaúcho, que representa aumento de 371%. Hoje, só Maranhão (231) e Ceará (106) têm mais locais problemáticos do que o Rio Grande do Sul.
Para o diretor-executivo da CNT, Bruno Batista, os números sintetizam o processo de abandono da malha rodoviária brasileira. Na sua análise, os governos - tanto estaduais, quanto o federal - dão pouca ênfase à prevenção nas vias:
- Nenhum impacto nas rodovias surge da noite para o dia, sempre são processos evolutivos. É um histórico de má gerência.
Em razão da deficiência, o custo operacional do transporte no Rio Grande do Sul subiu para 29%, conforme a CNT. No ano passado, o incremento foi de 23,9%.
- A deterioração das rodovias faz com que novos custos incorram sobre o transporte, penalizando a cadeia produtiva e encarecendo serviços - acrescenta o diretor.
De acordo com a CNT, a situação das estradas gaúchas piorou. Na pesquisa de 2019, 59,4% têm problemas, sendo consideradas regulares, ruins ou péssimas (em 2018, eram 54,7%).
Uma das causas está no investimento tímido diante das dificuldades financeiras, admite o secretário de Logística e Transportes do Estado, Juvir Costella. Neste ano, R$ 301 milhões foram destinados à malha estadual - ele calcula que o triplo seria necessário. Desse valor, R$ 171 milhões foram para o reparo de rodovias e R$ 130 milhões, para a duplicação da RS-118.
- É impossível que o Estado, que, hoje, não tem a mínima condição nem de pagar o servidor em dia, consiga resolver isso sozinho - pontua Costella.
Por investimentos, o governo aposta na concessão de estradas administradas pela Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), que está nos planos de extinção do governador Eduardo Leite. O processo mais avançado é o da RS-287, que deve ter edital lançado em novembro. Depois, no início de 2020, deve sair o da RS-324.
DÉBORA ELY
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