sexta-feira, 4 de outubro de 2019


04 DE OUTUBRO DE 2019
DAVID COIMBRA

Como o Grêmio pode vencer o Flamengo

Quem é melhor: Grêmio ou Flamengo? O Flamengo. O jogo de quarta o mostrou.


Na próxima partida, daqui a quase três semanas, o Grêmio pode melhorar? Pode superar o adversário? Pode se classificar?

Pode, pode e pode.

Mas terá de mudar. Em primeiro lugar, nominalmente. O Grêmio tem dois jogadores que estão abaixo das suas ambições: Paulo Victor, que parece um goleiro que fica nervoso nos momentos difíceis, e Galhardo, que parece um lateral em precárias condições físicas para enfrentar atacantes insidiosos, como o uruguaio Arrascaeta e o pernalta Bruno Henrique.

No caso de Paulo Victor, não há o que fazer, a não ser torcer para que ele tenha sorte e serenidade até o fim do ano. Seu reserva, Júlio César, também não está em boa fase, e os demais são goleiros muito jovens.

No caso de Galhardo, Renato terá de tomar uma medida da qual não gosta: o improviso. Porque o lateral substituto, Leonardo Moura, está com 41 anos de idade e, aparentemente, já perdeu as forças para praticar futebol de alta intensidade.

A boa notícia é que Renato terá reforços. Geromel e Maicon devem entrar no time. Talvez David Braz pudesse ser passado para a lateral direita, fortalecendo a defesa, ainda que não seja exatamente um velocista... Talvez Paulo Miranda possa jogar na posição? Ou quem sabe Thaciano, que tem técnica e velocidade razoáveis?... Mas quem sairá para dar lugar a Maicon? Eu não tiraria Michel? São muitas reticências para armar esse time.

Nada disso, porém, terá resultado se o Flamengo não for detido. E, no jogo desta semana, o Flamengo provou que detê-lo é dura missão. Porque o time tem ótimas qualidades técnicas e táticas. As técnicas são, basicamente, duas: todos os seus jogadores são habilidosos e seus atacantes sentem afeição ao gol.

Já a qualidade tática do time é o extraordinário empenho na marcação. O Flamengo marca por pressão, no campo do adversário. Foi assim que amassou o Grêmio na Arena. Quando os defensores e os volantes do Grêmio recebiam a bola para sair jogando, havia sempre dois ou três flamenguistas resfolegando e bufando nas suas nucas. Assim, ou eles erravam o passe, ou recuavam a bola até o goleiro, que dava um chutão aleatório para frente. Então, a bola voava e era rebatida pelos enérgicos zagueiros do Flamengo, que retomava o ataque. Foi assim durante o primeiro tempo inteiro.

Houve um lance em que o goleiro Paulo Victor tentou sair com a mão e colocou a bola no bico da chuteira de um adversário, tantos havia no campo do Grêmio, sequiosos para voltar a atacar. E Matheusinho, que gosta de girar sobre o marcador e escapulir pelo lado, quando virava o corpo esbarrava em dois ou três flamenguistas. Marcado, Matheusinho era um personagem perplexo na intermediária e dava a impressão de ser ainda menor do que é.

O Grêmio melhorou no segundo tempo porque o Flamengo não tinha mais a mesma energia para marcar. Mas também porque Luan, Everton e Tardelli baixaram até a intermediária para ajudar o meio-campo.

Agora, no dia 23, no Rio, como o Grêmio fará para sair da marcação alta e não passar o jogo inteiro dando balão como os times que jogam no Ararigboia?

Bem. Para se livrar da marcação por pressão, o time tem que abrir os laterais e os pontas, a fim de alargar o campo, e, principalmente, não errar passes. Só que, para não errar passes, não basta querer ou se esforçar; é preciso saber fazer. O Grêmio terá de tornar o seu meio-campo mais movediço, mais ativo e mais atento. E rezar para que tudo, absolutamente tudo, dê certo.

DAVID COIMBRA

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