sexta-feira, 15 de dezembro de 2017



15 DE DEZEMBRO DE 2017
DAVID COIMBRA

O melhor atacante do Brasil

Everton, hoje, não é o melhor atacante do Grêmio. Everton, hoje, é o melhor atacante do Brasil. Nenhum jogador de frente está atuando com tanta velocidade, tanta agressividade e tanta precisão nas finalizações quanto ele.

Isso pode ser visto não apenas nos pedaços de partida que ele joga. Os repórteres que assistem aos treinos do Grêmio são testemunhas de que Everton está no seu melhor momento.

Está pronto para ser titular. Está pronto para enfrentar uma decisão como a de amanhã.

Alguém pode argumentar que ele é muito jovem para jogar uma partida tão importante. Esse alguém estaria esquecendo que com a idade que Everton tem agora, 21 anos, Renato marcou dois gols no Mundial de 1983.

Quem sairia para Everton entrar? Talvez Barrios, talvez Michel, talvez qualquer outro. Em 1982, Ibsen Pinheiro defendia a entrada de Batista na Seleção Brasileira que jogava a Copa da Espanha. Quem sairia em um meio-campo formado por luminares como Toninho Cerezzo, Falcão, Sócrates e Zico? Ibsen respondia:

- Se não tirarem o pior deles, tirem o melhor.

Não é diferente com Everton. Ele merece começar uma partida como essa contra o Real Madrid.

O problema é que o Grêmio está despedaçado. Ontem, o repórter Zé Alberto Andrade entrou assustado na redação que a RBS montou em Abu Dhabi.

- O Grêmio só tem quatro no banco de reservas! - anunciou Zé Alberto.

Estava se referindo, evidentemente, aos jogadores em plenas condições de atuar, porque três nem vieram, Arthur, Cícero e Christian, quatro estão saindo de lesão, Bressan, Marcelo Oliveira, Bruno Rodrigo e Maicon, dois são jovens demais, Kaio e Leonardo Gomes, e dois são goleiros. Sobram apenas os quatro citados pelo Zé, os que entraram na semifinal contra o Pachuca: Leonardo Moura, Jael, Thiery e Everton.

Ou seja: se Everton começar jogando, Renato perde a possibilidade de fazer uma mudança aguda no ataque, caso precise abrir a defesa adversária.

Além disso, Renato tem em mente o mau exemplo dado por um ótimo técnico, Muricy Ramalho, que, na véspera da final do Mundial contra o Barcelona, mudou a escalação e o esquema do Santos, armou um 3-5-2, desarrumou o time e levou 4 a 0.

É improvável, portanto, que Renato mude radicalmente o time. Mas Everton, em algum momento, vai entrar. Vai ter chance de demonstrar a excelência da sua fase. E, quem sabe, vai assombrar os desassombrados jogadores do bilionário Real.

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