sexta-feira, 1 de junho de 2012



01 de junho de 2012 | N° 17087
CAPA

Quem é mais bela?

Este Espelho Mágico só pode estar embaçado. Mente para a rainha má que existe no reino uma princesa mais bela do que ela, desorientado ao ver a palidez sem muita graça de Kristen Stewart refletindo na exuberância de Charlize Theron. Os roteiristas de Branca de Neve e o Caçador fazem uma curva para justificar o mau juízo do espelho, e o expediente até que funciona nessa releitura para grandinhos da clássica fábula popularizada pelos irmãos Grimm no século 19, em cartaz a partir de hoje nos cinemas.

Esta nova versão conserva a essência da história imortalizada no imaginário popular pelo desenho da Disney de 1937 – e que ganhou outra recente adaptação no cinema, estrelada por Julia Roberts. Diferentemente dessas duas versões, Branca de Neve e o Caçador mira o público adolescente adicionando – ou devolvendo – à fabula alguns de seus elementos mais sombrios.

O alvo é a garotada fã de franquias como Crepúsculo e Harry Potter – entre outras tantas que têm colocado aventuras e inquietações juvenis sob o prisma de um universo fantástico – e do seriado Game of Thrones, este obviamente desidratado de violência e erotismo.

O começo do “era um vez...” segue o compilado pelos Grimm a partir do conto originado na Idade Média. Após sua mãe morrer, a princesinha Branca de Neve ganha como madrasta a ardilosa Ravenna (Charlize), que logo se livra do soberano e dá início a um reinado de trevas.

Ravenna, na verdade, é uma feiticeira que preserva sua luminosa beleza sugando anos de vida de jovens donzelas. A jovem cresce confinada em uma torre. Até o dia em que o tal espelho diz a Ravenna que, além de Branca de Neve (Kristen) ser mais bela, se a rainha arrancar o coração da enteada terá garantida a resplandecente imortalidade.

Branca escapa do sacrifício e ruma em direção à temida Floresta Negra. Ravenna convoca um caçador (Chris Hemsworth, o Thor) para buscar a garota, mas este vira seu heroico protetor. Logo entram em cena, aqui, oito anões enfezados – vividos por ótimos atores britânicos, como Ian McShane e Ray Winstone –, a maçã envenenada e o beijo salvador.

Dirigido pelo estreante Rupert Sanders, Branca de Neve e o Caçador é menos feliz quando exagera nos efeitos pirotécnicos e no ritmo frenético – a oras tantas Branca de Neve posa de Joana D’Arc vingativa. Mas, de forma geral, é mais eficiente em sua proposta do que foi, numa tentativa semelhante, a desastrada releitura de Chapeuzinho Vermelho em A Garota da Capa Vermelha. Tanto que a sequência está assegurada, pois nessa ainda não tem o “...e foram felizes para sempre”.

MARCELO PERRONE

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