quinta-feira, 28 de junho de 2012


ELIANE CANTANHÊDE

Moribunda, mas viva

BRASÍLIA - Carlinhos Cachoeira está preso desde fevereiro, a construtora Delta desmoronou, Demóstenes Torres deverá ser cassado no próximo dia 11 e o recesso parlamentar vem aí. Passado julho, começam para valer a eleição municipal e o julgamento do mensalão no STF. Quem é que vai querer saber de CPI?

A pergunta me foi feita anteontem por importante líder político que previa a morte da CPI sem choro nem vela. E foi respondida ontem na moribunda, mas não morta, CPI: o jornalista Luiz Carlos Bordoni fugiu da estratégia do silêncio autorizado pela Justiça e botou a língua nos dentes.

Contou como recebia pelo caixa dois durante a campanha em Goiás, acusou o tucano Marconi Perillo de mentiroso, disse que o governador sabia que sua assessora tinha contatos nada convencionais com o esquema do Cachoeira e jogou na fogueira a própria filha, em cuja conta parte do pagamento foi depositada.

Teatralmente, autorizou a quebra do seu sigilo fiscal, bancário e telefônico, assim como o da filha.

Suas Excelências, que estão cansadas de CPI e doidas para correr para a campanha nos seus municípios, perderam as estribeiras. O Fla-Flu, digo, o PT-PSDB país afora reproduziu-se mais uma vez no campo da CPI, gerando cenas ao vivo daquelas que justificam retirar as criancinhas da sala. Mas quem ganhou a partida ontem foram os petistas.

O tucano Carlos Sampaio trocou desaforos com o petista Paulo Teixeira, o também tucano Mário Couto ficou fora de si quando o jornalista acusou a CPI de não querer apurar nada e saiu berrando que tudo era uma "avacalhação". Bem, nisso nós não discordamos dele. Mas, afora os chiliques, o fato é que não havia como defender Perillo.

A CPI começou tortuosa, continuou tortuosa e tende a chegar a lugar nenhum, só servindo para que PT e PSDB troquem acusações mútuas. Pena que nenhum dos dois lados tenha realmente como se defender.

elianec@uol.com.br

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