sexta-feira, 29 de junho de 2012


Jaime Cimenti

Domingo de noite, assuntos e falta de assunto

Os meus sete leitores e pouco (um deles tem 1,10m) lerão estas linhas na sexta, dia 29. Escrevo agora, domingo, 24, 20h39min. Ainda bem que o Inter ganhou de dois a zero do Sport. Acho que o Dorival garantiu o emprego dele e eu garanti um bom fim de domingo e umas linhas aqui. Poucos minutos atrás, ouvi uns estrondos. Pensei que era tiroteio.

Felizmente não era. Eram fogos de artifício e, pela localização, acho que não eram daqueles que avisam a galera que a droga está na mão. Melhor assim. Fiquei feliz em constatar que alguém estava estourando fogos no final do domingo, em geral o momento mais baixo-astral da semana. Beleza! Estava pensando que as palavras são de prata e que o silêncio é de ouro, como se dizia antigamente, quando ainda existia silêncio.

Alguém deve ter roubado o silêncio e o ouro junto. Estou por aqui e acho meio difícil escrever uma crônica silenciosa. Melhor não inventar de deixar a página em branco, tipo o cara que tinha que escrever uma redação sobre preguiça e deixou o papel em branco. Melhor não, pode dar problema com o meu competente e simpático editor Cristiano Vieira e não estou a fim de me rebelar contra as normas da diagramação. Sem stress. 

O negócio é ir moldando, com carinho, o “nariz de cera”, ir enrolando um pouco e seguir explicando para os leitores que é preciso procurar e encontrar o “gancho” para um bom texto.  Fiquei pensando em falar do dr. Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakai, verbete do livro O bê-á-bá de Brasília, do Marcelo Torres. Dizem que ele, advogado de vinte senadores, é o Resolvedor Geral da República.

No livro está escrito que, em Brasília, quando a casa cai, o negócio é chamar o Kakai. Melhor deixar o homem trabalhar em paz e não dar palpite furado. Eu poderia falar de economia global e de crise europeia e dizer que, se filosofia funcionasse, a Grécia não estaria daquele jeito.  Poderia escrever uma bela crônica sobre a falta de assunto, mas esse lance está fora de moda.

O Rubem Braga era ótimo quando escrevia sobre a falta de assunto. Ele olhava pela janela, ficava falando de passarinho, do tempo e tal. Era legal. O problema é que hoje em dia está sobrando assunto. Todo mundo falando tudo, toda hora, em todo lugar e escrevendo e postando tudo em tudo quanto é canto. Os cronistas estão soterrados com tanto assunto.

Tá todo mundo virado em seu próprio editor, como disse no século passado o Marshall McLuhan. Pois é, meus dois mil e quinhentos caracteres terminaram. Deu para a minha bolinha!  Fui! Até sexta que vem! Com muitos, vibrantes assuntos. Abraço!
Jaime Cimenti

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