segunda-feira, 5 de maio de 2025


05 de Maio de 2025
CARPINEJAR

Não tem como ganhar o Brasileirão. É impossível. Mais fácil acertar a Mega-Sena.

Faço apenas um pedido: que se pare de colocar o Inter como favorito. É torturar a nossa esperança. Grêmio e Inter jamais levaram a taça na era dos pontos corridos. Criou-se uma longa e penosa maratona para liquidar as chances de igualdade da nossa ilha da fantasia.

O último título brasileiro do Grêmio foi em 1996, há 29 anos. O do Inter, em 1979, há 46 anos. Nas recentes três décadas, os gaúchos são coadjuvantes forçados. O protagonismo nos é negado. Não rende audiência nacional, não gera lucro. A engrenagem do campeonato não contempla o Sul.

Desde 2003, quando se adotaram os pontos corridos, o Internacional acumulou cinco vices: 2005, 2006, 2009, 2020 e 2022. Em três dessas edições, o título escapou na rodada final. Em 2005, houve até tapetão: jogos anulados, partidas repetidas, polêmicas que redesenharam a tabela. No fim, o campeão foi justamente o Corinthians - com direito ao estardalhaço da Máfia do Apito.

A centralização do poder da CBF no Sudeste pesa dentro e fora de campo. A transmissão privilegia quem está mais perto da vitrine (é impressão minha ou o Galvão Bueno torcia ao invés de narrar?).

Curiosamente, somente times do Sudeste venceram a disputa até agora no novo modelo de competição: Cruzeiro (2003, 2013, 2014), Santos (2004), São Paulo (2006, 2007, 2008), Corinthians (2005, 2011, 2015, 2017), Fluminense (2010, 2012), Flamengo (2009, 2019, 2020), Palmeiras (2016, 2018, 2022, 2023), Atlético Mineiro (2021) e Botafogo (2024).

Não só o Inter ou o Grêmio, mas também representantes do Nordeste tampouco obtiveram título nesse regulamento - as glórias estacionaram na década de 1980 (Sport em 1987 e Bahia em 1988). Veja o caso do lanterna Sport, por exemplo. É o plantel mais prejudicado, com três evidentes falhas de atuação dos juízes, incluindo um pênalti controverso que resultou na sua derrota de 2 a 1 para o Palmeiras (o Comitê Consultivo de Especialistas Internacionais da CBF confirmou o equívoco na marcação).

Além de se aplicar no Brasil um sistema europeu de todos contra todos, beneficiando os clubes milionários - que contam com estrelas e peças de reposição -, matando a diversidade, ainda paira nos nossos estádios o flagelo histórico dos erros de arbitragem.

Na vitória do Corinthians sobre o Inter - no vira, vira, vira lobisomem -, pode até parecer que o Colorado foi ajudado pelo VAR em dois gols anulados. Mas é o contrário: o VAR precisou intervir para corrigir o que o árbitro ignorou. Eram duas faltas claras no início das jogadas. Qualquer juiz atento teria assinalado de imediato.

O roteiro do absurdo irrompeu aos 21 minutos, quando Wesley acabou agarrado por Yuri Alberto dentro da área. Pênalti, a meu ver, escandaloso. Os braços foram enganchados, como se Capitão Gancho invadisse a nau. O mineiro Paulo Cezar Zanovelli nada marcou. E o VAR? Nem chamou.

Depois, com Bruno Henrique expulso, Alan Patrick lesionado e o Inter resistindo ao empate de 2 a 2, veio o golpe derradeiro: pênalti inventado nos acréscimos. Romero afastou a bola - primeiro a bola - e só em seguida teve contato com Matheus Bidu. O VAR convocou, o árbitro reviu, e não teve dúvida. Sempre tem dúvida quando é a nosso favor.

São dois pesos, duas medidas. É de enlouquecer resquícios de racionalidade. Contra o Fortaleza, David Luiz atingiu Rogel com o pé na cabeça. Nada. Contra o Palmeiras, Richard Ríos levantou a sola em Fernando. Nada de novo. Pisão na cara? Siga o confronto. Sem padrão, sobra o prejuízo. E o prejuízo é sistemático.

Era de se esperar perder para o Corinthians desse jeito, com o Itaquerão lotado e a estreia de Dorival Júnior no Brasileirão.

Vivemos um faz de conta. Se não somos Palmeiras, Flamengo ou Corinthians, jogamos contra 13: o adversário, o juiz e o VAR. No apito inicial, já começamos com dois a menos.

Resta-nos mirar as copas - Libertadores, Copa do Brasil. No mata-mata, não dá tempo de prolongar a injustiça. No Brasileirão, cabe-nos alcançar o G4 e esquecer mais uma edição como todas as outras. _

A derrota para o Corinthians

Carpinejar

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