quarta-feira, 24 de julho de 2024



24 de Julho de 2024
CASO DA TÁ DI ZUERA

CASO DA TÁ DI ZUERA

Ex-sócio de Nego Di se escondia em quarto de hotel

Capturado na segunda-feira em Bombinhas (SC), Anderson Boneti havia adotado uma rotina discreta, conforme a polícia, para não chamar a atenção: dirigia um carro alugado, vivia sozinho e raramente saía à rua. Para delegado, ele seria o mentor por trás de loja online que vendia produtos e não entregava

Lucas Abati

Preso em Bombinhas na segunda-feira, Anderson Boneti, ex-sócio de Nego Di, estava escondido em um hotel na cidade do litoral catarinense. Segundo a Polícia Civil, ele estava sozinho e dirigia um carro alugado para não chamar atenção. No entanto, usava seu nome verdadeiro.

- Estava sozinho, levando uma vida tranquila, mas escondido. Evitava sair na rua, ter circulação pública - afirmou o chefe de Polícia, delegado Fernando Sodré. Boneti estava foragido. Para a polícia, ele estaria circulando por cidades de Santa Catarina com intenção de fugir. Ainda não se sabe há quanto tempo ele estava em Bombinhas.

Nego Di foi preso dia 14, em Jurerê Internacional, também em SC. Ele e Boneti são investigados por estelionato, pela venda de eletrodomésticos por meio do site Tá Di Zuera. Mais de 370 pessoas procuraram a polícia para relatar que compraram produtos nesta página e não os receberam. O prejuízo aos consumidores seria superior a R$ 5 milhões.

A investigação da Polícia Civil apurou que Anderson Boneti seria o mentor do esquema. Era quem tinha o conhecimento, a expertise da parte digital. Dilson (Nego Di) era o front man, a parte que aparecia e chamava as pessoas para fazerem compras no site - disse Sodré. _

Denunciado por furto digital de R$ 30 milhões

Anderson Boneti chegou ao RS na noite de segunda-feira e foi levado à Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento de Canoas. Ontem, foi encaminhado ao Núcleo de Gestão Estratégica do Sistema Prisional, onde passará por audiência de custódia.

A decisão da juíza Patrícia Pereira Tonet, da 2ª Vara Criminal de Canoas, de decretar as prisões preventivas dos dois (Nego Di e Boneti), deu-se porque, segundo o Ministério Público, eles teriam seguido "na prática criminosa".

Além disso, no entendimento da magistrada, ambos demonstravam ter recursos que possibilitariam uma fuga. Não é a primeira vez que Boneti virou alvo de investigação. Ele é réu em um caso que teria lesado uma multinacional em mais de R$ 30 milhões, em uma ação que ainda envolve um ex-jogador da dupla Grenal, Anderson Luís de Abreu Oliveira, o Andershow.

O episódio teria ocorrido antes de Boneti firmar sociedade com Nego Di e não tem relação com a apuração sobre a Tá Di Zuera.

Criptoshow

Em junho de 2020, o Ministério Público realizou a Operação Criptoshow, que cumpriu 13 mandados de busca contra grupo suspeito de ter invadido o sistema do banco Santander e, por meio de outra conta, movimentado o saldo da empresa Gerdau. Segundo o MP, por dois dias, os denunciados teriam feito 11 transferências milionárias para contas de laranjas e teriam tentado adquirir criptomoedas para ocultar os recursos.

O valor foi restituído pelo banco à Gerdau, que preferiu não se manifestar sobre o assunto. No processo, consta que o banco conseguiu recuperar parte do valor, mas permaneceu com um prejuízo milionário.

Em agosto de 2021, oito pessoas foram denunciadas pelo MP por envolvimento na fraude. Conforme a denúncia, à qual a reportagem teve acesso, entre os indiciados estão Boneti e Andershow, apontados como responsáveis por ceder a conta bancária de uma empresa que seria deles para receber parte do dinheiro, para depois comprar criptomoedas.

Os réus respondem por furto qualificado, lavagem de dinheiro e organização criminosa. O processo corre na 1ª Vara Estadual de Processo e Julgamento dos Crimes de Organização Criminosa e Lavagem de Dinheiro, e está na fase de instrução, com audiências marcadas para setembro. _

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