sábado, 27 de julho de 2024


25/07/2024 - 17h39min
André Malinoski

Demolição do Esqueletão: com obra embargada há cinco meses, empresa responsável segue tentando liberação e descarta desistir do serviço

FBI Demolidora fez cinco tentativas junto ao Ministério do Trabalho e Emprego desde fevereiro para retomar os trabalhos e deve fazer mais uma na próxima semana; órgão apontou risco à segurança dos trabalhadores no local.

O embargo às obras de demolição do Edifício Galeria XV de Novembro, conhecido como Esqueletão, no Centro Histórico de Porto Alegre, completa cinco meses neste sábado (27).

O Ministério do Trabalho e Emprego no Rio Grande do Sul (MTE-RS) paralisou o processo de demolição em 27 de fevereiro, apontando condições inseguras para os trabalhadores no canteiro de obras.Inspeção identificou o risco de queda dos operários pela falta de proteção na periferia da obra, nas aberturas do piso do edifício, nas escadas de acesso coletivo e nos vãos dos poços dos elevadores, entre outros problemas.

Desde então, a FBI Demolidora, empresa responsável pelo serviço, tenta suspender o embargo trabalhista, porém sem sucesso.

O relatório do MTE com as justificativas sobre a última negativa para retirar o impedimento trabalhista apresenta em um trecho a seguinte conclusão: "Foram inúmeras análises e reuniões técnicas por parte da Auditoria Fiscal do Trabalho, porém, até o presente momento, a empresa ainda não apresentou providências eficazes para a elucidação do grave e iminente risco de queda, objeto deste embargo".

Um dos responsáveis técnicos pela demolição do Esqueletão, o engenheiro de minas Manoel Jorge Diniz Dias afirma que a FBI Demolidora pretende fazer nova tentativa de suspender o embargo na próxima semana.

— A ideia é, na semana que vem, apresentar uma complementação àquilo que foi solicitado pelo Ministério do Trabalho — compartilha.

Conhecido como "Manezinho da Implosão", ele foi responsável por diversas operações do tipo, como a do prédio da Secretaria da Segurança Pública (SSP), na Rua Voluntários da Pátria, em Porto Alegre.

Segundo Dias, não existe possibilidade de desistência por parte da empresa ou de rompimento de contrato com a prefeitura de Porto Alegre.

— Queremos executar a obra. É uma questão de honra — diz o engenheiro.

A empresa não explicou as razões pelas quais não conseguiu efetivar os ajustes solicitados pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

Na segunda-feira (22), a FBI realizou uma vistoria no Esqueletão para avaliar se houve algum dano em razão da enchente naquela região do Centro Histórico, mas não constatou qualquer problema deste tipo.

O auditor-fiscal Sérgio Garcia, chefe da seção de Segurança e Saúde do Trabalho da SRTE, confirma que, desde 8 de julho, a situação permanece igual.

— O último pedido deles (FBI Demolidora) foi negado. Na última vez que falei com o secretário André Flores (titular da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura), há umas duas semanas, ele ficou de entrar em contato com a empresa para marcar uma reunião — afirma.

Prefeitura acredita em adequação

A reportagem de Zero Hora questionou a prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smoi), se existe possibilidade de rompimento do contrato com a FBI Demolidora, já que a empresa não conseguiu, até o momento, cumprir os ajustes solicitados pela Auditoria Fiscal do Trabalho. Por nota, a pasta respondeu o seguinte:

"A Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smoi) acredita que a contratada irá resolver em breve o embargo da Superintendência Regional do Trabalho, quanto ao equipamento instalado para proteção de trabalho em altura, e está atenta a todas as possibilidades contratuais."

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