18 DE JULHO DE 2024
EDITORIAL
EDITORIAL - Esforços complementares
A destruição causada pela enchente de maio no Rio Grande do Sul também teve a característica de ser disseminada nas regiões atingidas. A devastação não impactou apenas as grandes artérias da infraestrutura. Arrasou estradas vicinais e pontes distantes das principais rodovias, mas de inestimável relevância para as comunidades que servem. Todas precisam ser recuperadas. O poder público - União, Estado e municípios - nem sempre tem recursos, estrutura e equipes para atender a toda a demanda. Ou para executar os serviços em prazo aceitável, pela burocracia e pela significativa quantia de obras necessárias.
Neste contexto, merece reconhecimento a mobilização da sociedade civil para complementar ações estatais ou mesmo substituí-las quando necessário. É ilustrativa a iniciativa Reconstrói RS, que une o Instituto Ling, a Federasul e o Instituto Cultural Floresta. A ideia basilar é agilizar o atendimento às regiões afetadas pelas enchentes. Foi constituído um fundo que recebeu R$ 50 milhões da família Ling e, com a adesão de outras empresas, soma agora R$ 84 milhões para ajudar a custear obras.
O primeiro projeto a ser beneficiado pelo Reconstrói RS é uma ponte sobre o Rio Carreiro, que liga os municípios de Dois Lajeados e Cotiporã, na Serra. Receberá R$ 900 mil. Os trabalhos se iniciam na próxima semana. Como o custo total é de R$ 3 milhões, as comunidades precisarão encontrar formas de completar o valor. O objetivo da iniciativa é exatamente viabilizar obras emergenciais em parceria com entidades locais. As associações comerciais ligadas à Federasul encaminham os pedidos, que são avaliados por um comitê. Podem ser agraciados com um teto de até R$ 1 milhão. No caso da ponte sobre o Rio Carreiro, foi uma demanda da CIC de Guaporé.
Atitudes com o mesmo espírito ficaram conhecidas no Estado. Foi o caso da ponte provisória sobre o Rio Forqueta, entre Lajeado e Arroio do Meio, no Vale do Taquari, entregue no início de junho após apenas 15 dias de obras, a partir da união de esforços entre empresários e comunidade. Também chamou atenção a reconstrução da travessia do Rio das Antas, entre Nova Roma do Sul e Farroupilha, na Serra, finalizada em janeiro, após a ponte centenária que existia no local não resistir à enxurrada de setembro. Os recursos foram arrecadados pelas comunidades locais.
A sociedade civil e empresários têm dado, em diversas frentes, inúmeras demonstrações de engajamento voluntário na reconstrução do Estado. Os mutirões de limpeza de escolas públicas alagadas são outro exemplo recente. Não são esforços concorrentes com as ações estatais. São complementares, preenchendo eventuais lacunas deixadas por qualquer razão.
Os próprios entes federados podem, dentro de suas capacidades e limites, suprir falha circunstancial de um dos níveis governamentais. O Piratini, neste sentido, apresentou na segunda-feira um programa para amparar microempreendedores individuais. Teria sido necessário pela demora do Planalto em implementar iniciativa para o mesmo público. Cobranças à parte, o essencial é que um vazio foi ocupado. É com a soma de ações que o Estado será reerguido.
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