segunda-feira, 15 de julho de 2024


15 DE JULHO DE 2024
NOTÍCIAS - Rafael Vigna

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Setor industrial gaúcho registrou a pior queda para um mês de maio, segundo dados do IBGE. Segmentos como o de máquinas influenciaram os resultados. Analistas, no entanto, projetam que a retomada deve se iniciar já a partir de junho

Indústria e serviços têm retração com tragédia no RS. A tragédia climática de maio deixou marcas na economia do Rio Grande do Sul. Dados setoriais divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na semana passada, assinalam diferentes comportamentos entre os principais setores econômicos e traçam os desafios para a retomada das atividades, que já esboçaram reação em junho, seja na indústria, no comércio ou nos serviços.

A boa notícia, segundo economistas ouvidos por Zero Hora, é de que a recuperação em curto prazo já começou. Mas a permanência dos efeitos por tempo maior dependerá do sucesso do plano de recuperação, sobretudo, no que se refere à infraestrutura, além da efetividade dos programas de apoio ao setor produtivo.

Com a pior queda da história para um mês de maio, a indústria gaúcha amargou tombo de 26,2% na Pesquisa Industrial Mensal (PIM), responsável por medir a produção física. O desempenho do setor no Estado também é apontado como uma das causas para a queda de 0,9% apurada na média nacional, em igual período.

Polo petroquímico

Em maio, a performance foi negativa em 12 dos 14 segmentos industriais, conforme chama atenção o economista-chefe da Federação das Indústrias (Fiergs), Giovanni Baggio.

Os reflexos mais acentuados foram sentidos nos produtos químicos (-5,21%), em razão da paralisação no polo petroquímico de Triunfo, e nas máquinas e equipamentos agrícolas (-3,25%), que já enfrentavam um ano de baixa, fruto de restrições impostas pelo governo argentino às exportações brasileiras.

Também contou a redução da demanda nos Estados do centro do país, por causa da diminuição das estimativas de safra.

Há ainda a queda de 2,8% no processamento de alimentos, sobretudo em razão das carnes, atingido pela enchente no Vale do Taquari, e a retração de 2,28% nos veículos.

- Acredito que em junho os dados sejam mais positivos, porque muitas empresas pararam por razões diretamente ligadas à enchente ou por questão logística. Com a volta da atividade, o nível de produção melhora. Mas para o longo prazo teremos de lidar com uma série de problemas que a gente já tinha e com os que agora a gente tem - resume Baggio.

Aeroporto e rodovias

No setor de serviços, enquanto no país houve leve avanço de 0,1% em maio, no Estado houve queda de 5,4%. O segmento de serviços prestados às famílias, por exemplo, registrou recuo de 28,3% no RS.

- Uma parcela considerável, está atrelada ao turismo. E a gente sabe o quanto o turismo foi prejudicado em razão de toda essa situação da enchente, estrago nos modais de transporte, fechamento do aeroporto, danos às estradas. Tudo isso e a própria queda da renda, com a queda na parte de serviços profissionais, administrativos e complementares, contribuíram para o cenário - avalia o economista-chefe da CDL-Porto Alegre, Oscar Frank Frank. _

Busca por estoques, doações e reconstrução estimulam comércio

Em meio à enchente de maio, alguns segmentos do comércio com peso relevante ganharam impulso extra. O pânico inicial que levou grande massa de pessoas às compras por estoque de alimentos e a onda de solidariedade subsequente, em todo o país, elevaram os resultados no setor de hipermercados, por exemplo.

De acordo com Patrícia Palermo, economista-chefe da Fecomércio-RS, além dos elementos que favorecem a demanda, como o mercado de trabalho aquecido e o crescimento do crédito para pessoas físicas, os resultados do mês (no RS, houve alta de 9,9% e no Brasil, de 8,8%) foram fortemente influenciados pela tragédia:

- A estocagem de itens nas residências das famílias gaúchas acabou por representar consumo antecipado, que deve impactar as vendas futuras.

Oscar Frank, economista-chefe da CDL-Porto Alegre, lembra que, com o início do processo de reconstrução, houve o aumento na demanda por produtos para viabilizar o retorno das famílias às suas casas, o que estimulou o consumo móveis e eletrodomésticos, por exemplo. Já a venda de veículos caiu. 

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