Doutor Fausto, a tragédia
A trágica história do Doutor Fausto (Ateliê Editorial e Editora Unicamp, 488 páginas, R$ 120,00), clássico texto de dramaturgia elisabetana de Christopher Marlowe, foi publicado em nova e cuidadosa edição encadernada. No volume está também o texto literário História do Doutor João Fausto, de autor anônimo alemão.
Fausto, de Goethe, é uma das obras mais conhecidas sobre o homem que faz um pacto com Mefistófeles e A trágica História do Doutor Fausto, peça publicada no século XIX, está longe de ser a primeira sobre o conhecido tema. Luís Bueno e Caetano W. Galindo a traduziram, e Mario Luiz Frungillo traduziu a história do Doutor João Fausto. Luís Bueno foi o responsável pela organização da obra, bem como pelas notas e texto de introdução. Patrícia da Silva Cardoso é autora do posfácio, no qual relaciona Fausto de Goethe com A trágica história e História do Doutor João Fausto.
A peça de Marlowe foi encenada pela primeira vez na virada dos anos 1580 para os 1590, e logo se tornou referência do Teatro Elisabetano. Fausto é um dos mais poderosos mitos literários da modernidade. Pactos com o demônio remontam aos primeiros séculos da Cristandade. A tradução desta coedição do texto inglês é bilíngue e assim o leitor pode cotejar o original com a tradução. Johann Faust, um mago necromante, famoso pactário, alguém capaz de se comunicar com o mundo espiritual, viveu no início dos anos 1500 e foi tema até mesmo para Martinho Lutero. Sua fama originou muitas narrativas ao longo dos séculos.
Em 1587, foi publicado pela primeira vez História do Doutor João Fausto, com relatos antes conhecidos verbalmente. O livro obteve grande sucesso, e foi logo traduzido para o inglês e publicado na Inglaterra. O livro deu o mote para a peça de Marlowe que, como se sabe, ultrapassa em muito o moralismo inicial e trata dos meandros da consciência e do desejo num tempo (que ainda é o nosso) em que a noção de indivíduo atingia um outro patamar, de autonomia e centralidade na vida social.
Como se constata, a obra bilíngue e composta de dois textos sobre um mito essencial da literatura ocidental deve ser saudada, pois permite aos leitores brasileiros entenderem a complexidade das obras.
Lançamentos
A filha do pântano (Novo Conceito, 382 páginas), romance da escritora norte-americana Franny Billingsley, foi finalista do prestigiado National Book Award.
Num pequeno vilarejo inglês, na virada do século XX, onde mulheres com comportamentos suspeitos são enforcadas, a jovem Briony esconde segredos que liquidaram a saúde mental da irmã e levaram a madrasta à morte. Só encontra alívio no pântano, até o jovem Edric aparecer.
Mary Poppins (Editora Zahar, 230 páginas), do australiano P.L. Travers, traz as primeiras histórias de Mary Poppins, que surgiu para a família Banks e para o mundo. Voando, literalmente, com um guarda-chuva numa das mãos e uma maleta na outra e muitas aventuras. Edição a partir do texto integral, com tradução de Joca Reiners Terron e ilustrações originais de Mary Shepard.
A mulher faminta (Moinhos, 228 páginas), do escritor e romancista Tiago Germano, foi romance finalista do Prêmio Açorianos 2016. A narrativa apresenta camadas de ficção sobrepostas e revela o atordoamento de uma geração diante da liquidez de sua época. Liquidez do próprio amor. Época sem pudores, vergonha, discrição e na qual até um inocente bolero de Ravel pode ser considerado obsceno. -
Jornal do Comércio (https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/colunas/livros/2019/02/669940-doutor-fausto-a-tragedia.html)
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