16 DE FEVEREIRO DE 2019
EDITORIAL
A ESTRATÉGIA DA PREVIDÊNCIA
Espera-se que o presidente da República possa corrigir equívocos e garantir as condições para o exame de um tema do qual depende o futuro de todos os aposentados
Se forem confirmadas, as primeiras linhas recém divulgadas sobre as pretensões do presidente Jair Bolsonaro em relação à reforma da Previdência são positivas, pois sinalizam para o necessário ajuste que poderá gerar um novo ciclo de crescimento do país. Depois de alcançar um meio-termo com as concepções do ministro da Economia, Paulo Guedes, o presidente da República ainda precisará garantir um enorme esforço de comunicação para defender a reforma e aprová-la na Câmara e no Senado. Se a sociedade não for devidamente conscientizada sobre a urgência das mudanças, ficará mais difícil assegurar apoio no Congresso.
Quando o ex-presidente Michel Temer apresentou seu projeto de reforma na área previdenciária, ficou claro que não havia uma estratégia para se contrapor às pressões de corporações que teriam interesses contrariados. Pior: o governo anterior falhou não apenas ao se comunicar, como fez um recuo atrás do outro. Com esse tipo de atitude, ajudou a desmoralizar o próprio projeto, que acabou como um morto-vivo após o escândalo da JBS e o aprofundamento acelerado da crise política.
Em consequência do agravamento da instabilidade, os desequilíbrios das contas públicas acabaram acentuando-se ainda mais, aumentando uma conta que será paga por toda a sociedade. Se o Congresso não descaracterizar o texto, cuja versão final está prometida para a próxima semana, a projeção de técnicos do Ministério da Economia é de que, em uma década, o ganho para os cofres públicos fique entre R$ 800 bilhões e R$ 1 trilhão.
Agora, espera-se que o presidente da República possa corrigir equívocos e garantir um cenário político propício para o exame de um tema do qual depende o futuro de todos os aposentados. A questão é que o atual governo ainda não conseguiu estabelecer uma estratégia adequada para explicar seus atos à população. Ao contrário, segue na atabalhoada batida de surtos e ataques via Twitter, como se ainda estivesse em campanha.
A reforma, seguramente, não é popular e não ecoa os discursos populistas que surgem da base do bolsonarismo. Ainda assim, independentemente de habilidades políticas, é uma exigência para impedir a catástrofe das contas públicas e o aprofundamento da crise econômica. Como transmitir uma mensagem adequada aos quatro cantos do país será o maior desafio do governo até agora.
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