sábado, 3 de maio de 2025


Saída de Lupi não reduz erros do governo no INSS

Era tão insustentável a permanência de Carlos Lupi no Ministério da Previdência que ele comunicou sua saída no final da tarde de sexta-feira. A substituição foi feita às pressas - o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem viagem a Rússia e China - e não deixou no comando do maior orçamento da União alguém blindado a qualquer suspeita. A indicação do número 2 da Previdência, Wolney Queiroz, dá sinal de... continuidade. É o oposto do que deveria ser o objetivo de uma mudança.

A lista atualizada dos sete erros

1. Falta de reconhecimento da dimensão e da gravidade: o relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) estima que a fraude alcançaria R$ 6,3 bilhões. Só a escala deveria ter derrubado todo e qualquer responsável pelo malfeito e pela falta de vigilância que permitiu chegar a esse valor. É mais grave por atingir pessoas vulneráveis, com renda mais baixa e menor letramento digital.

2. Desarticulação na entrevista que detalhou a operação: causaram perplexidade a defesa feita pelo ministro da Previdência, Carlos Lupi, do presidente do INSS já afastado, e o aceno distraído do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, que previu ressarcimento dos beneficiários pelos danos para "um dia".

3. Demora na demissão do presidente do INSS: com Alessandro Stefanutto afastado, não havia motivo para hesitar. O vaivém custou quase um dia de desgaste, até que a decisão fosse enfim tomada. Esse já foi corrigido, mas deixou de herança a corrosão de credibilidade.

4. Hesitação na substituição no Ministério da Previdência: afastar não é pré-julgar que Carlos Lupi tem envolvimento na fraude. Mas o ministro é o responsável pela gestão do maior orçamento da União. Sua manutenção reforçava as acusações de leniência do governo com corrupção. O problema é que a substituição, feita às pressas e sem que o indicado seja blindado a qualquer suspeita, prorroga o equívoco.

5. Atraso na suspensão dos acordos suspeitos: só na tarde do dia seguinte ao da operação. O mecanismo da fraude era conhecido muito antes. A comunicação deveria ter ocorrido no dia anterior. Gerou indignação dos possíveis afetados, dos mais vulneráveis aos com maior poder de pressão.

6. Conta-gotas na apresentação de dados: só dias depois da operação foram expostos detalhes como o que envolve Virgílio Oliveira Filho, ex-procurador do INSS. Conforme a PF, teria recebido R$ 11.997.602,70 e um carro de luxo avaliado em R$ 500 mil, transferido à esposa do ex-diretor. Uma transferência de R$ 11 milhões é muito, mas o prejuízo estimado é 572 vezes maior.

7. Bate-cabeça na definição do ressarcimento: desde o "um dia" do ministro da Justiça até a ordem de Lula para que seja feito pelas associações fraudulentas, ainda não houve sinal concreto sobre como fazer a compensação devida com a rapidez e a eficiência que faltaram na detecção da fraude. _

Gaúcha em Jurerê

Foi batido o martelo de um residencial à beira-mar com infraestrutura durante todo o ano e apartamentos de até 600 m2 em Jurerê entre a gaúcha Melnick e a catarinense Dimas Construções. O plano é dotar de atrativos que vão além da temporada de verão, para atender os moradores nas quatro estações.

Está prevista área de até 5 mil m2 de comércio e serviços de alto padrão. O projeto tem um terceiro parceiro, a dona do terreno HSH Empreendimentos. As empresas estudam outros quatro projetos. _

Conversa de EUA e China dá alívio

Foi uma sexta-feira com muitas emoções no mercado, sem que isso provocasse fortes variações em câmbio e bolsa. No Brasil, o dólar recuou 0,41%, para R$ 5,653 e a bolsa fechou praticamente estável, mas com sinal positivo (0,05%) depois de um dia inteiro no vermelho.

Os sinais refletem projeção mista. Uma é favorável, aos sinais - sem confirmação - de início da negociação de tarifas entre Estados Unidos e China. Isso fez quase todos os pregões subirem, da Ásia aos EUA.

Outra avaliação foi desfavorável do ponto de vista nacional: os dados do mercado de trabalho nos EUA vieram mais fortes do que se esperava, reduzindo a chance de corte de juro por lá. Se houvesse redução, ajudaria o Brasil a atrair capital.

As duas interpretações estarão na mesa do Comitê de Política Monetária (Copom) na próxima semana. Está contratada uma alta de juro, mas há suspense: as apostas vão de 0,75 ponto percentual até 0,25 ponto.

O sinal de possíveis tratativas veio de um comunicado do Ministério do Comércio chinês, afirmando que "os EUA enviaram mensagens, por meio de partes relevantes, na esperança de iniciar conversas". O presidente Xi Jinping tentará ser o adulto na sala. _

Os EUA precisam mostrar sinceridade, corrigir suas práticas e cancelar tarifas unilaterais.

Ministério do Comércio da China

Em comunicado que informou sobre iniciativa americana para abrir negociações tarifárias.

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