
Não houve debate suficiente sobre compra do avião
A grande polêmica que se formou em torno da intenção de compra de um avião a jato pelo governo do Estado não era a aquisição em si da aeronave - tampouco o valor elevado, em torno de R$ 95 milhões.
O questionamento que se impôs era a origem do recurso. Tudo indica que seria usado dinheiro do Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs), o chamado "fundo da enchente", cujo objetivo fundamental é a reconstrução do Estado.
Essa coluna questionou desde o início: o Rio Grande do Sul não teria necessidades mais urgentes?
A cada temporal, como o de segunda-feira, que acossou Porto Alegre e Região Metropolitana, percebe-se que, sim, tem. Passados 11 meses da grande tormenta de maio de 2024, estamos ainda muito longe do ideal de proteção, resiliência e adaptação a eventos extremos.
No vídeo em que anunciou a desistência da compra da aeronave, o governador Eduardo Leite afirmou:
- O debate sobre o bom uso do dinheiro público é legítimo, mas precisa ser feito com responsabilidade, com base na verdade. No entanto, uma vez que esse tema foi contaminado pelos argumentos viciados e equivocados que foram trazidos na política e na imprensa, estou demandando que encerre o processo da compra da aeronave.
A coluna defendeu o debate desde o início, mas, infelizmente, ele não ocorreu. Não houve nem tempo.
Leite desistiu no meio do diálogo, atribuindo o recuo a argumentos "viciados e equivocados que foram trazidos na política e na imprensa".
Redes sociais
Posições políticas antagônicas sempre vão ocorrer, cada vez mais contaminadas (e barulhentas) pela polarização e pelo ambiente tóxico das redes. Mas é parte do jogo.
Fazer perguntas incômodas, perseguir respostas sobre projetos, questionar o poder e provocar discussões são papéis da imprensa: ser o local, a praça pública, o espaço por excelência para o diálogo da sociedade.
O governador recuou rápido demais, preocupado com a repercussão que o caso ganhou, sem que o debate tenha ocorrido de fato - e com profundidade. _
Chico Paiva, neto de Rubens e Eunice Paiva, será agraciado amanhã com a Comenda Porto do Sol, da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, em ato proposto por Roberto Robaina (PSOL).
Quem é o responsável pela poda das árvores?
No temporal que atingiu a Capital segunda-feira, ruas ficaram tomadas por galhos e troncos, que, em boa parte, entupiram o sistema de drenagem e comprometeram o abastecimento de energia elétrica.
Respostas
Afinal, de quem é a responsabilidade pela poda? A coluna procurou a Secretaria de Serviços Urbanos de Porto Alegre (SMSUrb) e a CEEE Equatorial. A secretaria esclarece que é responsabilidade da prefeitura "realizar a vistoria, emitir parecer técnico e executar o manejo arbóreo em espaços públicos e em áreas privadas classificadas como de baixa renda", em caráter preventivo. Sobre galhos próximos à rede elétrica, a SMSUrb salienta que um acordo foi firmado em abril de 2024, no qual "ficou definido, junto à CEEE Equatorial, ao Ministério Público do RS e o governo do RS, que a concessionária deverá podar as árvores que estejam em contato com a fiação elétrica".
Já a CEEE Equatorial diz que faz "manejo preventivo das árvores em contato com a rede de distribuição", via empresa privada. E citou que "a poda preventiva e o manejo da vegetação em áreas públicas são responsabilidade das prefeituras." _
Vinte anos sem João Paulo II
A morte de um Papa é daqueles fatos marcantes, que fazem a gente lembrar onde estava quando o episódio ocorreu. Era final de tarde de sábado no Brasil, em 2 de abril de 2005, há 20 anos, quando o Vaticano anunciou o falecimento de João Paulo II, e eu estava saindo de casa, em Porto Alegre, para pegar o voo no aeroporto Salgado Filho rumo a Roma.
Desembarquei no coração da fé católica quase 15 horas depois. Ali entendi que a morte de um Papa é apenas o início de uma série de rituais. Foram 18 dias de cobertura que envolveram emoção, noites insones, 14 horas na fila para se aproximar do corpo de João Paulo II, o enterro, o início do conclave e as especulações até a fumaça branca anunciar Josef Ratzinger ungido Bento XVI.
Lembro dessa história não só pela data, mas pelo fragilizado estado de saúde de Francisco. As histórias entre os dois papas cada vez mais se aproximam: como João Paulo II, o primeiro papa não italiano em 455 anos, o argentino é o primeiro oriundo da América Latina. Eles quebraram tradições. O polonês foi o primeiro a se tratar em um hospital - a clínica Gemelli - até então, a saúde dos papas era guardada a sete chaves. O estilo carismático também os aproxima, assim como a busca pelo diálogo interreligioso, a humanização da figura do Pontífice e a humildade. Também os une o papel geopolítico: João Paulo II e Francisco se mostraram à altura dos desafios da humanidade, o primeiro durante a Guerra Fria, e o segundo, na pandemia.
Os dois, entretanto, têm diferenças de enfoque teológico: o polonês era intransigente defensor da tradição, enquanto o argentino vem tentando implementar uma agenda mais inclusiva - a passos lentos, como, aliás, se move a Igreja. _
Atenção a alunos com transtorno do espectro autista
No Dia Mundial da Conscientização do Autismo, comemorado ontem, a Secretaria Municipal de Educação (Smed) lançou um manual técnico para orientar a alimentação de alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) em todas as instituições de ensino da rede de Porto Alegre.
O documento fornece um passo a passo para o manejo da alimentação dos 2.815 alunos com autismo. Estima-se que 90% das pessoas com TEA tenham dificuldades na alimentação, e 70% seletividade alimentar.
Nutricionistas
O documento teve origem nos encontros de formação do Grupo de Trabalho criado pelas nutricionistas da Unidade de Alimentação Escolar (UAE) com profissionais do Centro de Referência do Transtorno Autista (Certa) e contou com a colaboração da Coordenação da Educação Especial da Smed, sendo validado pela Secretaria Municipal de Saúde.
- Foram instituídas essas orientações para auxiliar as escolas e garantir a esses alunos uma alimentação mais variada, saudável e inclusiva - afirma o secretário de Educação, Leonardo Pascoal. _
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