
Trump conseguiu que o mundo o temesse. E agora?
Se o que Donald Trump desejava era ser temido pelo mundo, como deu a entender ainda desde a campanha eleitoral, conseguiu. Na véspera de seu "Liberation Day", suas ameaças de novas tarifas são o principal assunto do planeta, sem que ninguém saiba de detalhes - nem alguns dos mais próximos aliados.
No Brasil, as reações oscilam entre o pragmatismo de quem sabe que uma retaliação pode ser um tiro no pé, o espanto de quem acreditava que - mais um - moderaria o discurso depois de alcançar o poder e o temor de quem sabia o que esperar ainda antes que começasse.
No Congresso, sob a liderança da insuspeita - no sentido de ter preconceito em relação a Trump - ex-ministra da Agricultura Teresa Cristina, avança uma proposta para dar ao Brasil mais poder de reação. A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), do Senado, aprovou ontem, por unanimidade, projeto de lei que permite usar sanções comerciais em países que não mantêm relação de isonomia econômica com o Brasil.
Trump já provocou perdas nas bolsas internacionais, em ações de empresas americanas e tornou toda a dinâmica da economia internacional mais imprevisível - quando estabilidade é o fator mais crítico para que os negócios fluam. Agora, gera mais medo do que expectativa positiva, como ocorria antes da posse. Seu "sucesso" como agente de incerteza cobra um preço alto.
No Brasil, até a segunda-feira ainda havia alguma expectativa de que argumentos racionais pudessem levar a uma negociação. Mas enquanto o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, esperava um telefonema, o United States Trade Representative (USTR) preparava um relatório com 18 páginas apontando problemas nas relações comerciais bilaterais.
Não é que não existam: o Brasil é apontado como um país fechado por interlocutores mais confiáveis. Mas a situação que Trump está impondo ao mundo não torna a América grande de novo - ao contrário - nem melhora o ambiente global de negócios.
Ontem, o que conduziu o mercado financeiro não foi o temor das tarifas, mas dados que mostram a economia americana murchando. O dólar caiu mais 0,39%, voltando à casa de R$ 5,60. Palmas para Trump. _
Banquinho compra um bancão
Desde a segunda-feira, um "negócio" entre bancos provoca polêmica no mercado. O BRB, um banco estatal de pequeno porte, comprou parte do Master, uma instituição financeira maior, por R$ 2 bilhões. Pouco antes, um banco privado, o BTG Pactual, havia oferecido ficar com a totalidade do concorrente por um valor simbólico: R$ 1.
Só nesse detalhe, já se entende que há algo de errado. No mercado, havia preocupação com o Master - nunca manifestada até para evitar um evento de desconfiança. O principal motivo era o fato de a captação do banco (o dinheiro que financia a atividade) ser muito cara.
O Master pagava até 140% na colocação de CDBs (Certificados de Depósito Bancário), muito acima do mercado. Normalmente, quando um cliente é muito bom, recebe pouco acima do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), referência para o sistema financeiro.
Para entender, é útil saber que um banco oferece CDBs no mercado para se financiar. Promete pagar determinado valor se o cliente que tem alguma sobra deixar seu dinheiro lá. É uma forma de "comprar dinheiro". Precisa disso para, no outro lado, o da "venda de dinheiro", conceder crédito cobrando juro de outro tipo de cliente, aquele para quem faltam recursos.
Se fosse um banco privado fazendo apenas um mau negócio, já seria ruim porque o sistema financeiro depende muito da confiança dos correntistas. Como se trata de um banco público, outros alertas soaram por parecer que, mais uma vez, o custo da má gestão privada vai parar no bolso do contribuinte. Agora, o Banco Central (BC) terá de avaliar como lidar com essa encrenca. _
Gigante avança na troca de combustível fóssil por renovável
Uma gigante global fecha acordo para diminuir a emissão de gases do efeito estufa.
A unidade de São Leopoldo da Stihl vai começar a ser abastecida por biometano, substituindo o uso de gás natural, combustível de origem fóssil. O biometano é renovável, portanto menos poluente. É produzido a partir da purificação do biogás, gerado a partir de resíduos que são extraídos do lixo orgânico.
A previsão é dar início ao projeto no segundo semestre e emitir cerca de 4 mil toneladas de CO2 a menos por ano. _
O que falta para que responsáveis antecipem impactos do clima?
Habitual consumidora de informações meteorológicas, a jornalista que assina esta coluna viu, há quase uma semana, que a previsão era de temperatura máxima de 34ºC na segunda-feira e 22ºC ontem. Consciente dos efeitos da mudança do clima, houve uma busca por medidas que prevenissem efeitos de uma tempestade mais severa.
Se um indivíduo medianamente informado pode absorver informações simples de entender, por que quem tem mais estrutura, orçamento e, sobretudo, responsabilidade, não faz o mesmo? Desde a enchente de maio de 2024, que daqui a pouco completa um ano, qualquer chuva mais forte alaga Porto Alegre. Foi assim que o ano começou na capital gaúcha.
A prefeitura, que tem contratado empresas e feito visitas internacionais para aprender a lidar com enchentes, na hora em que o cidadão precisa, o que faz? Pede que atrase a saída de casa para colaborar. A essa altura já com quase quatro anos de conhecimento acumulado sobre as características do Rio Grande do Sul, a CEEE Equatorial segue responsabilizando... as árvores.
O que ainda precisa acontecer em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul e no mundo para dar o senso de urgência necessário aos responsáveis em garantir que as tempestades tenham o menor impacto possível na vida dos cidadão?
Ainda não foi possível entender que vai acontecer de novo? E de novo e de novo? Atuar de maneira responsável é pensar no dia de amanhã e, infelizmente, não há um futuro sem tempestades mais severas e mais frequentes à vista.
Limite superado
A meta das Conferências das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, as COPs, ainda é limitar o aumento da temperatura do planeta a 1,5ºC. Em 2024, esse limite já foi superado. Não há outra alternativa: é preciso se preparar com urgência para um clima mais hostil. Se não for assim, será o dia depois de amanhã. _
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