quinta-feira, 23 de janeiro de 2020



23 DE JANEIRO DE 2020
DAVID COIMBRA

Jennifer e Brad: o amor está no ar

A sociedade americana está cindida tanto quanto a brasileira. Há muita amargura, há muito debate vão. Mas existe algo que une a nação a oeste e a leste do Mississippi, um único sentimento que cobre o país inteiro, como se fosse um gigantesco escudo do Capitão América: a torcida para que Jennifer Aniston e Brad Pitt retomem o casamento.

Não há mês em que os tabloides sensacionalistas ou que os programas de fofocas não anunciem que "a volta está próxima". Dias atrás, quando eles foram fotografados cumprimentando-se afetivamente numa cerimônia de premiação, os Estados Unidos fizeram uó em uníssono, 360 milhões de seres humanos suspirando de enternecimento.

O que é isso, senão uma vitória do amor?

Sim, o amor sobrepujou o desgosto da divisão política. Love is in the air, diria aquela canção.

Mas a pergunta que me faço é: por que "Jen", como chamam os americanos? Por que não a outra mulher com quem Brad teve relacionamento importante, Angelina Jolie? Poderia. Afinal, ele ficou mais tempo com Angelina e com ela teve até filhos. Mas, não. Os americanos torcem por Jen, Jen é a preferida, Jen é a queridinha.

Então, repito a pergunta: por quê?

E eu mesmo respondo: porque Jen não quer salvar o mundo.

Você olha para Jennifer Aniston e não vê uma pessoa engajada em causa alguma. Ela não parece ter a intenção de conscientizar quem quer que seja, seja do que for. Ela não tem nenhuma bandeira na mão. Ela fez Friends! Quer seriado mais alegremente inocente, mais despretensioso, mais jovial, mais leve do que Friends? Você assiste a um episódio de Friends, ri com as piadas que eles contam a cada 30 segundos e levanta do sofá sentindo-se bem, achando que a vida pode ser, simplesmente, doce.

Jennifer é assim. Ou, pelo menos, ela passa a imagem de que é assim. Você pode conversar com Jennifer e fazer qualquer brincadeira e falar sobre qualquer assunto, você não correrá o perigo de ser julgado por ela. Posso até ver Jennifer dando de ombros, quando algo a incomoda, repetindo Lennon e McCartney:

- Let it be. Deixe estar.

É uma grande inteligência, essa de Jen. Ela sabe que o que realmente muda o mundo é a concordância entre as pessoas. Grandes homens já demonstraram essa verdade. Três dos maiores de todos os tempos, Gandhi, Mandela e Martin Luther King, deixaram imensos legados para a humanidade graças à paz, não ao confronto. Venceram não pela luta, mas pelo entendimento. Jennifer é como eles. Jennifer não luta contra ninguém. Jennifer não se ressente. Jennifer ri. Tomara que ela fique com o Brad.

DAVID COIMBRA

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