01 DE MAIO DE 2018
INFORME ESPECIAL
TRÊS PERGUNTAS
ANNE POSTHUMA Especialista em emprego da Organização Internacional do Trabalho, a alemã acredita que não são os robôs que vão roubar empregos, mas a falta de preparo dos humanos para lidar com as mudanças no mercado de trabalho.
Os robôs, os supercomputadores e os algoritmos vão acabar com os nossos empregos?
Sem dúvida, em alguns casos, essas inovações vão substituir o trabalho humano e acabar com empregos, como ocorreu com os? avanços tecnológicos nas revoluções industriais anteriores. Um desafio central envolve o redesenho dos conteúdos e dos currículos, e até dos modos de ensinar e aprender, para que as pessoas adquiram as competências e os conhecimentos exigidos pelas mudanças atualmente em curso.
Se essa preparação for feita parcialmente, atendendo apenas a certos grupos ou escolas, poderá gerar muito desemprego - não tanto pela difusão dessas inovações em si, mas pela insuficiência de pessoas preparadas e com as novas competências.
Que profissões têm maior chance de desaparecer no médio prazo?
A difusão das novas tecnologias terá maior impacto na redução ou eliminação de funções mais simples e repetitivas em áreas como linhas de montagem industrial, controle de qualidade, planejamento e administração.
Os países que reagirem mais proativamente em analisar essas transformações e efetuar os investimentos necessários terão maiores chances de sair ganhando. Alemanha, Inglaterra e Japão têm implementado políticas visando à transição.
No Brasil, lançou-se recentemente um estudo financiado pelo BNDES que identifica grandes setores "verticais" - cidades, saúde, área rural e indústria - que vão servir como plataformas para novas tecnologias, conhecimentos e empregos.
Caminhamos para um cenário onde o trabalho será informal, remoto e dinâmico?
Estamos presenciando mudanças na jornada, nas formas de remuneração e até no local de trabalho. Através de aplicativos, as pessoas podem encontrar serviços de forma rápida e mais barata, como transporte ou alojamento. Mas, embora apresentados como uma alternativa de empreendedorismo, são trabalhos intermitentes e com grande risco de serem precários. Serviços atípicos são cada vez mais comuns e marcos jurídicos de legislação ainda são inadequados para regular e fiscalizar essas forças.
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