06 DE JUNHO DE 2023
CAMPO E LAVOURA
Plano Safra deve focar em linhas da agricultura de baixo carbono Volume crescente
Ainda sem data de apresentação confirmada, mas estimado para este mês, o Plano Safra 2023/2023 vai ganhando alguns contornos, a partir de "pistas" dadas por integrantes do governo. Ontem, ao apresentar a consulta pública do Programa Carbono + Verde, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, falou sobre como o pacote deverá ser "todo ancorado na agricultura de baixo carbono":
- Todas as boas práticas que tem na propriedade serão valorizadas. Faremos o reconhecimento, em algumas escalas. Serão valorizados com taxas de juro mais baratas, aumento de limite de crédito.
O Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC) engloba o financiamento de iniciativas voltadas a essa finalidade. E que agora está na fase do ABC+, como pontuou a secretária de Inovação, Desenvolvimento Sustentável, Irrigação e Cooperativismo do ministério, Renata Miranda, também na apresentação do programa que está sendo construído para a redução das emissões (veja quadro).
O fato é que, frente a uma demanda crescente e o cobertor curto dos recursos federais, o governo vem nos últimos anos estabelecendo prioridades na hora de construir o pacote dos financiamentos rurais. Vinha direcionando a atenção (e os recursos para equalização e subvenção) para os produtores familiares. Neste momento, a maior dificuldade deve ser fechar a conta, na sempre presente queda de braço com o Ministério da Fazenda, que é o que tem, por assim dizer, as chaves do cofre. No ciclo atual, o ABC teve R$ 6,19 bilhões em recursos disponibilizados.
A nova onda de importação de produtos lácteos de países do Mercosul pelo Rio Grande do Sul redobrou a preocupação tanto do produtor quanto da indústria gaúcha. Só do Uruguai, mais do que quintuplicaram as compras de leite em pó integral, de janeiro a abril deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Na avaliação do setor, o impacto será grande, principalmente considerando as já apertadas margens - com custo de produção em alta e prejuízos decorrentes da estiagem. O principal receio do presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando), Marcos Tang, é de que os preços internos caiam ainda mais para o produtor nos próximos meses.
- Todos os dias sabemos de pessoas parando de produzir leite. Pessoas que empregavam em uma atividade que mantém a família no campo e estamos diante de uma avalanche de importação - acrescentou o dirigente.
Embora o Brasil não seja autossuficiente na produção, na avaliação do secretário-executivo do Sindicato das Indústrias de Laticínios (Sindilat-RS), Darlan Palharini, a situação exige a atenção das autoridades.
- Não conseguimos competir nesse momento com o valor da Argentina e do Uruguai - justifica, acrescentando que, enquanto o leite em pó é comercializado pela Argentina a R$ 22, o Brasil não consegue vender por menos de R$ 29 o quilo.
No caso da Argentina, o cenário foi acentuado com um decreto do governo argentino, que passou a conceder um subsídio para incentivar mais embarques.
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