17 DE SETEMBRO DE 2019
OPINIÃO DA RBS
A HORA DOS PORTOS
O imenso litoral e a localização de grande parte dos maiores centros urbanos nas proximidades da costa dão aos brasileiros uma oportunidade única de desenvolver a navegação de cabotagem - entre portos do mesmo país. Essa vantagem natural, lamentavelmente, vem sendo negligenciada há décadas, com a priorização histórica do rodoviarismo, uma preferência que condenou a economia a uma dependência excessiva do transporte de cargas por caminhões.
Decorre desse direcionamento equivocado uma parte do chamado custo Brasil, uma vez que a infraestrutura precária torna a produção e a circulação de matérias-primas e mercadorias mais caras na comparação com nações concorrentes, abalando a competitividade principalmente da indústria nacional. Isso sem falar de efeitos colaterais como demasiado número de veículos pesados nas estradas, na maioria vias de pistas simples e esburacadas, elevando o risco de acidentes, e a insegurança causada por movimentos como a greve dos caminhoneiros do ano passado.
Esse cenário conhecido torna ainda mais oportuna a iniciativa do governo federal de apostar no programa batizado de BR do Mar, detalhado em reportagem de Marcelo Kervalt na edição de ontem de Zero Hora. Estimular a cabotagem é um óbvio acerto. Tentar baratear custos e facilitar o ingresso de novas empresas concorrentes no setor são medidas bem-vindas. No Rio Grande do Sul, por exemplo, a cabotagem é usada em alguns casos para levar produtos para o Nordeste, sem precisar atravessar o país por estradas em má conservação.
Mas é preciso ir além, redobrando esforços para modernizar o setor portuário brasileiro, subutilizado e caro por força do corporativismo e de burocracias anacrônicas. Dar continuidade a privatizações e concessões de terminais portuários é outro caminho. É promessa do governo federal. Uma série de leilões foi realizada no primeiro semestre e o Programa de Parcerias de Investimentos tem mais de uma dezena de projetos em estudo para repassar terminais à iniciativa privada nos próximos anos.
O mesmo vale para as hidrovias gaúchas, que ligam regiões produtoras importantes - como os vales do Taquari, do Caí, do Rio Pardo e do Sinos - ao porto de Rio Grande. Um imenso potencial logístico pouco explorado. São obstáculos semelhantes que encalham o desenvolvimento do segmento no Estado, apesar do aumento do volume transportado nos últimos anos.
Gargalos como poucas linhas, burocracia portuária, entraves trabalhistas e ambientais limitam a oferta e a demanda pelos serviços. Chegou o momento de quem produz no Rio Grande do Sul e no Brasil ter um modal mais competitivo, seguro e sustentável à disposição. É a hora do portos.
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