Impasses italianos
Parlamento deve ser ainda mais fragmentado na eleição deste domingo
Parlamento deve ser ainda mais fragmentado na eleição deste domingo
Há quase cinco anos os governos de centro-esquerda da Itália são sustentados por uma espécie de grande coalizão —alianças com partidos de centro-direita, dissidências do berlusconismo.
Na eleição deste domingo (4), é provável que o Parlamento seja ainda mais fragmentado, com disposição menor das legendas para compor um gabinete estável.
O país precisa, entretanto, de um governo mais duradouro, capaz de fazer reformas que reavivem sua economia.
O PIB italiano fechou 2017 ainda cerca de 6% abaixo do patamar de dez anos atrás, antes do agravamento da crise global. O desempenho econômico se mantém entre os mais frágeis na zona do euro.
Sua dívida pública, equivalente a 133% do Produto Interno Bruto, é a segunda mais alta da região, atrás apenas da grega. A estagnação e a inadimplência maciça ameaçam a saúde dos bancos.
Ademais, o país mostra divisão acirrada a respeito de imigrantes e refugiados, que chegaram em grande número desde 2015.
Além da incerteza decorrente da fragmentação política, há a dúvida provocada pela estreia de um novo sistema eleitoral, o terceiro em uma década e meia. Pouco menos de um terço dos parlamentares será escolhido de modo distrital, e o restante, pelo voto proporcional.
As pesquisas dão a liderança, com algo em torno de 37% dos votos, à aliança de direita liderada pela Força Itália, de Silvio Berlusconi (que está inelegível), e pela Liga, de Matteo Salvini.
Em segundo lugar, com cerca de 28%, vem o partido que diz rejeitar o sistema, o Movimento 5 Estrelas, fundado pelo comediante Beppe Grillo e ora liderado por Luigi di Maio, de apenas 31 anos. Um pouco abaixo nas sondagens surge o Partido Democrático de Matteo Renzi, premiê de 2014 a 2016.
Renzi, pró-europeu, comandou uma versão de governo da “terceira via”, combinação de Estado de Bem-Estar social com reformas liberalizantes —programa que provocou dissidências à esquerda em seu partido, que se enfraqueceu.
Seus adversários à direita querem o país mais longe da União Europeia, criticam políticas de austeridade orçamentária e advogam o protecionismo comercial.
Não são desprezíveis, pois, os riscos de impasse político e prolongamento da agonia econômica vivida pelos italianos.
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