05 DE MARÇO DE 2018
POLÍTICA +
PORTEIRA ABERTA PARA O TROCA-TROCA
Onome científico é janela partidária, mas o que se verá no Brasil de quarta-feira até 7 de abril é uma porteira aberta para o troca-troca de legenda, sem risco de os parlamentares perderem o mandato. Fora dessa janela de 30 dias, o deputado federal ou estadual fica impedido de trocar de partido, sob pena de perder o mandato por infidelidade. Nesta semana, começa o vale-tudo até porque, para concorrer em outubro, o candidato precisa se filiar até 7 de abril.
Mal comparando, é como a janela que se abre no futebol para a inscrição de jogadores. E, assim como no esporte, o critério para a troca não é de simpatia nem de afinidade, mas de conveniência. Em outras palavras, um balcão de negócios. No caso dos candidatos, pesa a avaliação de qual partido oferece mais chances de ganhar a eleição. Aqui entra o dinheiro público a que cada um tem direito (e que é distribuído de acordo com o tamanho da bancada) até o perfil dos concorrentes. Partidos com nomes fortes em determinada região têm mais dificuldade para atrair candidatos em busca de espaço. Acaba sendo mais interessante entrar em uma agremiação menor, em que seja possível se eleger com menos votos.
Em 2014, o último deputado estadual eleito pelo PP, por exemplo, foi João Fischer, o Fixinha, com 35.696 votos. Com 35.345, Marcel van Hattem ficou na primeira suplência. Com menos votos do que ele, entraram 12 deputados, alguns na carona de coligações com puxadores de votos, sendo os últimos Bombeiro Bianchini (PPL), com 13.515, e João Reinelli (PV) com 9.098. Os dois estão entre os que devem aproveitar a janela para mudar de casa.
Desde o início do mandato, em 2015, até fevereiro passado, a Câmara dos Deputados registrou 185 movimentações partidárias. Alguns deputados trocaram de sigla mais de uma vez.
Hoje, o Brasil tem 35 legendas com registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Evidentemente, não existem 35 propostas ideologicamente diferentes, mas criar um partido é um excelente negócio. Há dirigentes que se eternizam no cargo e vivem do fundo partidário e das vantagens obtidas em negociações com siglas maiores, já que o principal ativo de quem não tem representação na sociedade é o tempo na propaganda de rádio e TV.
Além da dificuldade para navegar nesse universo de siglas, os brasileiros terão um ingrediente adicional para confundir suas escolhas. Na tentativa de melhorar a imagem, alguns trocaram de nome. Avante, por exemplo, é o velho e inexpressivo PT do B. Podemos (Pode) vem a ser o PTN. O PMDB voltará a ser MDB e o PP vai se chamar apenas Progressistas.
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