10 DE FEVEREIRO DE 2018
TEMPORAL
Poucos minutos, muitos estragos
TEMPESTADE QUE CAIU SOBRE A CAPITAL na tarde de sexta-feira chegou a deixar 100 mil clientes sem luz na Região Metropolitana
Bastou uma hora de chuva e vento para que a estiagem dos últimos dias fosse interrompida com estragos na Capital. O temporal, que começou por volta das 16h de sexta-feira, causou transtornos em diversos bairros de Porto Alegre. Mais de 15 pontos chegaram a registrar bloqueios totais ou parciais no trânsito, e aproximadamente 100 mil clientes da CEEE ficaram sem energia elétrica na Região Metropolitana no momento mais problemático.
De acordo com o Sistema Metroclima, o vento atingiu 80 km/h no Aeroporto Salgado Filho. Os meteorologistas apontam para a possibilidade de que a região central da cidade tenha sido afetada por um downburst, ou microexplosão atmosférica - uma violenta corrente de vento descendente que, ao alcançar a superfície, expande-se de forma radial, produzindo danos.
À noite, a Somar Meteorologia ainda não havia classificado o fenômeno. Mas a meteorologista Maria Clara Sassaki explica que, no downburst, os ventos vão da nuvem para o solo e, quando chegam à superfície, batem com tanta força que se espalham. As nuvens neste fenômeno são bem desenvolvidas verticalmente, atingindo entre oito e nove quilômetros de altura, e os ventos são mais intensos de acordo com o contraste térmico - dentro da nuvem é mais frio do que na superfície.
A temperatura registrada na sexta-feira, de 36,5°C, foi a maior em Porto Alegre desde dezembro de 2016.
Na sede da direção da Corsan, localizada no 19º andar do prédio do Banrisul, ao lado da Praça da Alfândega, no Centro Histórico, os ventos fortes quebraram vidros e destruíram móveis. Três pessoas tiveram ferimentos leves. Parte do telhado do Colégio Rosário caiu.
- O que aconteceu foi que o telhado do 4° andar estava em reformas, em melhorias, e acabou caindo em função do vendaval que nós tivemos. Não houve feridos, ninguém se machucou - afirmou o gerente educacional da rede Marista, Luciano Centenaro, que disse que o incidente não deve comprometer o início das aulas na instituição, programado para o dia 19 deste mês.
Nas ruas, árvores caídas foram vistas em vários bairros. A Defesa Civil da Capital foi acionada em razão da queda de uma árvore na Rua Caldre e Fião. Na Rua Ângelo Costa, uma árvore atingiu o muro de uma escola, que desabou e atingiu a casa vizinha. Ninguém se feriu.
NO LITORAL, PANCADA CAUSOU ESTRAGOS
A chuva forte e rápida atingiu o Litoral Norte pouco antes de chegar a Capital. Em Capão da Canoa, parte da estrutura do supermercado Ferga, logo na entrada do município, em frente ao aeroporto, desabou com a força do temporal. Os sete funcionários que estavam no local tiveram de se esconder em três banheiros com cobertura de laje, após uma vidraça da entrada estourar. Pouco depois, o teto veio abaixo e derrubou prateleiras, caixas registradoras e produtos. Ninguém ficou ferido. Gerente do mercado, Cristina Roberta Matos, 41 anos, conta que não havia clientes no momento:
- Foi assustador. O primeiro vidro caiu e depois caiu todo o resto. Foi tudo muito rápido, tivemos que sair correndo, nos esconder no banheiro.
Segundo a Defesa Civil, a chuva não provocou maiores estragos em praias do Rio Grande do Sul.Deve chover mais neste sábado no Estado. Veja mais na página 43.
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