05 DE FEVEREIRO DE 2018
+ ECONOMIA
DISCURSO FICOUINSUSTENTÁVEL
Amenos que o Carnaval apague memórias recentes dos brasileiros o que não é tão improvável , será sob o impacto das discussões sobre os penduricalhos salariais de magistrados e ministros que se dará a votação da reforma da Previdência. Faltam hoje duas semanas para a data marcada. O atual formato é apresentado como o que vai acabar com os privilégios.
Se o discurso oficial já era discutível antes, com militares fora das novas regras, definha à luz de auxílios-moradia de R$ 4.377,73 para juízes com salários próximos de R$ 30 mil e ainda mais altos, de R$ 7.337, para ministros de Estado que recebem R$ 30.934.
Dados compilados pelo economista José Marcio Camargo, defensor entusiasmado da reforma, mostram que o valor médio dos benefícios é de R$ 951 para quem se aposenta por idade, R$ 1.240 no regime geral, R$ 26.302 no Judiciário e R$ 28.547 para servidores públicos do Legislativo. Na versão atual das mudanças na Previdência, ficam todos submetidos ao teto do regime geral, de R$ 5.645. Ponto para o discurso.
Mas não existem privilégios apenas na Previdência. A economista Elena Landau, defensora não apenas da reforma, mas de privatizações, observou no Twitter que explicar auxílio-moradia como compensação a falta de reajuste salarial seria equivalente a justificar sonegação por anos de tabela do Imposto de Renda sem correção. Para quem tem perspectiva de se aposentar apenas a partir de 65 anos porque o Estado já não sustenta as despesas, fica insustentável o discurso do fim dos privilégios.
A reforma da Previdência é necessária. Como estão, as regras cristalizam para o resto da vida vantagens que se tornam mais difíceis de sustentar quando falta dinheiro para o básico. Mas como a fonte pagadora é a mesma, tem ainda muito privilégio na fila da extinção.
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