domingo, 11 de fevereiro de 2018

Carnaval de pouca roupa tem homens de Anitta e mulheres de peito de fora.

Segundo foliões, fantasias foram tanto curtição quanto opção política
           

Foliona se diverte no bloco Tarado Ni Você, que homenageia Caetano Veloso, no centro de SP, com os seios de fora - Marcelo Justo/UOL

Após um ano em que movimentos feministas ocuparam as ruas e as redes, e a cantora Anitta desafiou padrões estéticos em um clipe com celulite e biquíni de fita isolante, homens e mulheres decidiram sair com o corpo à mostra nos blocos de Carnaval de São Paulo.
Enquanto parte delas foi à rua com os peitos descobertos, muitos deles aderiram ao visual da funkeira na gravação de Vai, Malandra.

Aqui é só fita isolante e purpurina, mostrou o maquiador Ricardo Fernandes, 23, no Minhoqueens, no centro. No mesmo bloco, Lucas Horta, 23, também optou pela fantasia, que a namorada ajudou a montar. Desgruda toda hora, não sei como as mulheres do Rio fazem tão bem, comentou ela.

Além da originalidade, pesou a atitude da cantora. A Anitta quebra tabus em relação ao corpo. O que é bonito é pra se mostrar, disse o administrador Emerson Pedroso, 29. A fantasia foi ainda uma opção barata, disse outro adepto, o universitário Pedro Dias, 21, no grada Gregos, no Ibirapuera (zona sul).

Se os homens apelaram à fita isolante, mulheres saíram com os seios, em alguns casos, totalmente descobertos.



O administrador Emerson Pedroso, 29, veio de "Anitta Frozen": o biquíni de fita isolante da cantora e a saia azul da princesa. "Escolhi porque a Anitta quebra tabus em relação ao corpo. O que é bonito é pra se mostrar" Vanessa Henriques



No bloco Tarado Ni Você, no centro, a padeira Juliana Feher, 27, estava apenas com um esparadrapo nos mamilos. 

Segundo ela, deixar os seios de fora era uma opção política e uma forma de curtir o Carnaval. Eu queria dar uma força para a mulherada que quer sair com o peito de fora. As meninas precisam se sentir à vontade em uma multidão, diz.

Ela afirma que nunca tinha tido essa experiência, não por falta de vontade, mas por medo de assédio. Depois dos avanços do movimento feminista, eu comecei a achar que as pessoas estavam mais conscientes, e dava para ir assim.

No entanto, ela disse ter ouvido comentários ofensivos. Um casal gay disse não é não [slogan antiassédio], mas que assim já era abuso.

As pessoas não têm maturidade ainda, explica a amiga, a produtora de eventos Bruna Sztokfitz, 27. Vestida de maconha, com os mamilos tampados apenas com corações, Bruna carregava uma pochete com seda, isqueiros, filtros e tabaco. É para distribuir para as pessoas, diz.



Para a publicitária Melanie Swidrak, 25, também foi a primeira vez em um bloco com os seios expostos. Ela estava com uma calcinha bege e tinha o corpo amarrado por cordas vermelhas. Acho que as mulheres estão com mais coragem e dessa vez colocamos a cara a tapa, afirma.


Ela disse ter ido até o local com um robe, por medo de assédio no caminho. Mesmo no bloco, ouviu comentários desagradáveis. Um grupo de rapazes me disse para balançar os peitos para eles. Respondi com o dedo do meio.

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