Carnaval
de pouca roupa tem homens de Anitta e mulheres de peito de fora.
Segundo
foliões, fantasias foram tanto curtição quanto opção política
Foliona se diverte no bloco Tarado Ni Você,
que homenageia Caetano Veloso, no centro de SP, com os seios de fora - Marcelo
Justo/UOL
Após
um ano em que movimentos feministas ocuparam as ruas e as redes, e a cantora
Anitta desafiou padrões estéticos em um clipe com celulite e biquíni de fita
isolante, homens e mulheres decidiram sair com o corpo à mostra nos blocos de
Carnaval de São Paulo.
Enquanto
parte delas foi à rua com os peitos descobertos, muitos deles aderiram ao
visual da funkeira na gravação de Vai, Malandra.
Aqui
é só fita isolante e purpurina, mostrou o maquiador Ricardo Fernandes, 23, no Minhoqueens,
no centro. No mesmo bloco, Lucas Horta, 23, também optou pela fantasia, que a
namorada ajudou a montar. Desgruda toda hora, não sei como as mulheres do Rio
fazem tão bem, comentou ela.
Além
da originalidade, pesou a atitude da cantora. A Anitta quebra tabus em relação
ao corpo. O que é bonito é pra se mostrar, disse o administrador Emerson
Pedroso, 29. A
fantasia foi ainda uma opção barata, disse outro adepto, o universitário Pedro
Dias, 21, no grada Gregos, no Ibirapuera (zona sul).
Se
os homens apelaram à fita isolante, mulheres saíram com os seios, em alguns
casos, totalmente descobertos.
O
administrador Emerson Pedroso, 29, veio de "Anitta Frozen": o biquíni
de fita isolante da cantora e a saia azul da princesa. "Escolhi porque a
Anitta quebra tabus em relação ao corpo. O que é bonito é pra se mostrar" Vanessa
Henriques
No
bloco Tarado Ni Você, no centro, a padeira Juliana Feher, 27, estava apenas com
um esparadrapo nos mamilos.
Segundo ela, deixar os seios de fora era uma opção
política e uma forma de curtir o Carnaval. Eu queria dar uma força para a
mulherada que quer sair com o peito de fora. As meninas precisam se sentir à vontade
em uma multidão, diz.
Ela
afirma que nunca tinha tido essa experiência, não por falta de vontade, mas por
medo de assédio. Depois dos avanços do movimento feminista, eu comecei a achar
que as pessoas estavam mais conscientes, e dava para ir assim.
No
entanto, ela disse ter ouvido comentários ofensivos. Um casal gay disse não é não
[slogan antiassédio], mas que assim já era abuso.
As
pessoas não têm maturidade ainda, explica a amiga, a produtora de eventos Bruna
Sztokfitz, 27. Vestida de maconha, com os mamilos tampados apenas com corações,
Bruna carregava uma pochete com seda, isqueiros, filtros e tabaco. É para
distribuir para as pessoas, diz.
Para
a publicitária Melanie Swidrak, 25, também foi a primeira vez em um bloco com
os seios expostos. Ela estava com uma calcinha bege e tinha o corpo amarrado
por cordas vermelhas. Acho que as mulheres estão com mais coragem e dessa vez
colocamos a cara a tapa, afirma.
Ela
disse ter ido até o local com um robe, por medo de assédio no caminho. Mesmo no
bloco, ouviu comentários desagradáveis. Um grupo de rapazes me disse para balançar
os peitos para eles. Respondi com o dedo do meio.
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