01 DE FEVEREIRO DE 2018
OPINIÃO DA RBS
DUPLO EQUÍVOCO
Mais uma vez, o Rio Grande patinou. A decisão da Assembleia Legislativa de barrar o projeto de adesão ao regime de recuperação fiscal do Rio Grande do Sul tem consequências que vão muito além das questões eleitorais imediatas. As contas do Estado alcançaram tal nível de inviabilidade, que federalizar ou vender estatais transformou-se em uma necessidade, independentemente de ideologias e interesses paroquiais.
A chance desperdiçada foi a última antes de um novo agravamento da crise das finanças públicas. Se pretenderam infligir prejuízo ao governo, os setores refratários à visão de um Estado que deve concentrar esforços em áreas fundamentais, como saúde, educação e segurança, deram, na verdade, um duplo tiro no pé. Em primeiro lugar, porque ofereceram ao Piratini um álibi para justificar o agravamento da já terminal situação financeira do Estado. Em segundo, porque, em caso de vitória da oposição na eleição de outubro, emergirá das urnas a imediata obrigação de resolver a questão sem usar as soluções agora rechaçadas.
Cabe ao governo estadual absorver a decisão de ontem e, imediatamente, oferecer à sociedade alguma perspectiva de futuro, mesmo com os inevitáveis prejuí- zos que a falta de unidade política, mais uma vez, infligirá aos gaúchos. Não se questiona aqui a legitimidade da postura dos deputados, mas, sim, o seu efeito nefasto na estrutura pública que muitos parlamentares acreditam estar defendendo, mas que, na verdade, estão apenas ajudando a dilacerar.
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