Trump volta a disparar tarifaços e dólar sobe
O prazo da trégua só venceria amanhã, mas ontem "as cartinhas de Trump" já começaram a chegar. O pesadelo do tarifaço está de volta, e os países que não encaminharam acordo estão sendo comunicados sobre o tamanho do imposto de importação que terão de pagar para vender aos Estados Unidos. A moeda americana teve alta de 0,99%, para R$ 5,478, enquanto o Ibovespa caiu 1,3%, para 139,4 mil pontos.
Embora o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tivesse mencionado patamares de até 70% na sexta-feira passada, ainda não se viu nada desse tamanho. Mas as novas tarifas são mais do que suficientes para voltar a afundar o mercado no abismo da incerteza.
Até o final da tarde, sete nações haviam recebido seu quinhão de terror: África do Sul (30%), Cazaquistão (25%), Coreia do Sul (25%), Japão (25%), Laos (40%), Malásia (25%) e Mianmar (40%). Havia expectativa de que mais cinco fossem informados. Depois de anunciar o "Dia da Libertação" em 2 de abril, quando impôs tarifas de até 50% a 185 países, Trump havia comunicado uma trégua unilateral de 90 dias, que se encerraria no dia 9 de julho.
Imposto de importação tem arrecadação 25% maior
Entre especialistas em comércio exterior, havia a expectativa de que o prazo de 9 de julho não fosse levado a "ferro e fogo". Na semana passada, a secretária de imprensa de Trump, Karoline Leavitt, havia reiterado que uma ampliação no cronograma seria possível. Por isso, o envio das "cartinhas de Trump" pegou o mundo de surpresa.
As bolsas americanas também caíram com a volta da aversão ao risco. Na de Nova York, o índice mais tradicional perdeu 0,94%, o mais abrangente recuou 0,79%, e a Nasdaq baixou 0,92%. As novas tarifas, que entram em vigor no dia 1º de agosto, são úteis para Trump. Em maio, quando foi aplicada "só" a alíquota de 10%, a arrecadação dos EUA somente com esse imposto de importação chegou a US$ 24,2 bilhões. É um valor 25% maior do que o do mês anterior, abril, quando a cobrança foi anunciada.
É uma forma de financiar o buraco aberto pela aprovação da "big, beautiful bill" da Trump, que abre um rombo estimado em US$ 3,8 trilhões, sem impor custos aos americanos. O mundo sempre financiou os Estados Unidos. Mas o atual presidente quer desmontar esse sistema que ajudou a enriquecer os americanos. O risco é que consiga empobrecer o mundo inteiro. _
Avança negócio que pode alterar o controle do polo petroquímico
Avançou o negócio que pode dar ao polêmico empresário Nelson Tanure, conhecido por comprar empresas em dificuldade, o controle da Braskem, dona da maior parte do polo petroquímico de Triunfo. Ontem, a companhia informou que sua atual controladora, a Novonor (ex-Odebrecht) e o fundo de Tanure solicitaram autorização ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para "uma potencial transação".
O pedido foi conjunto, feito pela NSP, holding da Novonor, e pela Petroquímica Verde Fundo de Investimento em Participações - Multiestratégia, de Tanure. Na nota, os dois grupos voltam a informar que "até a presente data não foram celebrados quaisquer instrumentos definitivos vinculantes", ou seja, ainda não há obrigação de compra e venda. A operação, afirma o comunicado, "permanece sujeita a avaliações e confirmações usuais em transações dessa natureza".
"Titular indireto"
Mas é um avanço no negócio cujo ensaio foi oficializado em maio. O plano é que o fundo de Tanure se torne "titular indireto de participações societárias que representem o controle da Braskem". A venda da companhia petroquímica é uma condição para que a Novonor saia da recuperação judicial.
Na versão anterior, havia a observação de que, para avançar, o negócio dependia de duas aprovações: da Petrobras, sócia da Novonor da Braskem, e dos bancos credores da Novonor, que têm ações da petroquímica como garantia. Só depois avançaria para análise do Cade.
Como agora o que entrou em cena é a solicitação ao órgão de defesa da concorrência, o mercado deduz que as duas primeiras etapas foram bem-sucedidas. O negócio ocorre em um momento em que a petroquímica enfrenta desafios no Brasil, com níveis de ociosidade recordes, de 38% na média. Na Braskem, conforme informações da empresa em maio, é ligeiramente menor, ao redor de 35%. _
Encrenca com Brics para eleitor ver
Muito antes de o grupo do Brics ter incluído no comunicado da 17ª Cúpula de Líderes de Estado uma vaga inquietação com o aumento de medidas tarifárias e não tarifárias unilaterais, Donald Trump já havia ameaçado com tarifas de 70% no final da trégua de 80 dias.
Ao afirmar que essas medidas "distorcem o comércio e são inconsistentes com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC)", o Brics não comete qualquer arroubo, só constata o óbvio. Mal havia saído o texto, o presidente americano fez mais uma de suas habituais ameaças: quem se alinhar "às políticas antiamericanas do Brics" terá alíquota adicional de 10%.
O ex-secretário de Comércio Exterior Marcos Troyjo observou que Peter Thiel, um dos primeiros bilionários a apoiar Trump, costuma dizer que o presidente americano deve ser levado a sério, mas não literalmente.
Trump não tem qualquer motivo para impor tarifa extra ao Brasil: o país tem déficit na relação com os EUA (compra mais do que vende), e qualquer iniciativa de usar moedas alternativas no comércio intrabloco ainda está há milhares de milhas da efetivação. Só pode ser encrenca para eleitor ver. _
Afinal, quem compra imóveis de alto padrão?
A venda de imóveis de alto padrão responde hoje por cerca de 50% do valor geral de vendas (VGV) em Porto Alegre. E não raro a coluna recebe perguntas do tipo "mas quem compra tanto imóvel caro?". Agora, tem um levantamento feito pela Colnaghi Imóveis, que tem uma fatia desse mercado, para mostrar o perfil de quem compra propriedades desse tipo, em sua maioria apartamentos com três dormitórios e preço médio de R$ 1,5 milhão.
Considerando dados de cerca de 800 contratos assinados na Capital a partir de 2020, é possível observar que o setor é dominado por público feminino e 50+. Ao menos entre as compras individuais, 56,6% são mulheres e 43,4%, homens. A divisão das compras por estado civil aponta para maioria formada por casados (51,1%).
Reforça a crescente autonomia da mulher nas decisões de compra de imóveis, especialmente entre as clientes solteiras, divorciadas ou viúvas - diz a diretora de operações na Colnaghi Imóveis, Roberta Bertoi.
A idade média do comprador também cresce nos últimos anos: neste ano, avança para 54,2 anos. Em 2020, era 43,5. _