domingo, 5 de janeiro de 2025

Rampage ganha nova versão de entrada com motor turbodiesel

Plataforma de serviços conectados da Ram, acessível via aplicativo, está disponível no modelo

STELLANTIS/DIVULGAÇÃO/JC

Vinicius Ferlauto

Custando R$ 237.990,00, a Big Horn adota exclusivamente o propulsor 2.2 turbodiesel de quatro cilindros, 200 cv de potência e 450 Nm de torque recém-introduzido pela Ram no mercado brasileiro. A tração é 4x4 com opção de reduzida, e o câmbio automático de nove marchas conta com um diferencial 14% mais longo, o que resulta em economia de combustível.

Externamente, o novo modelo da picape média se diferencia das demais versões da família pela grade específica, com bordas cromadas e aletas preto brilhante, além das rodas de liga-leve de 17 polegadas. Os cromados também estão presentes nas molduras das janelas, espelhos retrovisores e no para-choque traseiro.

O sistema de iluminação é totalmente de LED, incluindo os faróis de neblina. A caçamba de 980 litros possui capota marítima como item de série, e a tampa traseira, com trava elétrica e amortecimento, pode ser aberta remotamente através da chave presencial.

"A Ram é reconhecida pela expertise no desenvolvimento de picapes fortes, capazes e robustas. Com a chegada da inédita versão Big Horn da Rampage, cria-se uma nova porta de entrada para a marca, ampliando o leque de possibilidades para nossos clientes na linha 2025", ressalta Juliano Machado, vice-presidente da Ram para a América do Sul.

Contribuinte deve pagar IPTU de box de garagem separadamente; saiba como emitir as guias

A superintendência da Receita Municipal de Porto Alegre diz que os valores dessas guias são baixos, porém tem o seu lançamento individualizado

A superintendência da Receita Municipal de Porto Alegre diz que os valores dessas guias são baixos, porém tem o seu lançamento individualizado

Osni Machado

As guias digitais para pagamento do Imposto Territorial Urbano (IPTU) de Porto Alegre já estão disponíveis para pagamento desde a última quinta-feira (2). No momento do pagamento da guia, o contribuinte porto-alegrense que possuir imóvel com box de garagem deve prestar atenção para não esquecer de colocar a matrícula correspondente. Caso o proprietário tenha mais de um box de garagem, cada um deles terá a sua matrícula própria e deverá ser informado.

Guias de pagamento diferenciadas

A superintendente da Receita Municipal de Porto Alegre, Sandra Quadrado, explica que se uma pessoa tiver um apartamento com dois boxes de garagem, por exemplo, terá três guias de IPTU para pagar. Sandra diz que o contribuinte, na hora de preencher os seus dados para pesquisa na prefeitura, deve informar a matrícula do apartamento, o endereço e, no complemento, o número do box de garagem.

“Todas as matrículas têm um correspondente no nosso cadastro imobiliário independente. Então, para quem possui box de garagem, tem que obter essa guia”, detalha. A superintendência diz que os valores dessas guias são baixos, porém têm o seu lançamento individualizado.

As guias de box e do imóvel são emitidas separadamente | Reprodução/JC

As guias de box e do imóvel são emitidas separadamente

Reprodução/JC

Como emitir a guia de pagamento

O box e o imóvel têm números diferentes. Para pesquisar, é necessário colocar o CPF e os dados do endereço do prédio e o sistema irá informar o número do box no campo escrito complemento.

As guias podem ser emitidas no site do IPTU, via Whatsapp ou no aplicativo 156+POA. É necessário fornecer a inscrição do imóvel e CPF ou CNPJ do proprietário. Quem não souber a inscrição, pode consultar também no site.

 


Tarde de Domingo

Era mais uma daquelas tardes de domingo, em que minha casa estava vazia — assim como eu. A solidão apertava de um jeito que nem sei como descrever, e a falta de você me invadia de forma que parecia impossível de ignorar. Tentei fazer algo, qualquer coisa que me distraísse, mas em cada canto da casa, em cada movimento, você estava lá, como uma sombra persistente que não me abandonava.

Tentei assistir a um filme, mas você se espalhava por cada cena, como um espectro que não conseguia sair da minha cabeça. Peguei um livro, e de repente você se materializou nas palavras tristes do mocinho que partiu, deixando a mocinha perdida, esperando por algo que nunca voltaria.

Eu tentei, juro que tentei. Mas, no final, me vi abrindo seu perfil nas redes sociais, quase como uma última tentativa de encontrar algo de você. Um sinal, um vestígio que me dissesse que, de alguma forma, você ainda pensava em mim. Mas nada. Claro, você nunca foi fã dessas coisas, e talvez isso seja o pior de tudo: não saber nada sobre você, ou saber que você está indo muito bem, talvez, muito melhor sem mim.

Fui então rever nossas conversas antigas e, como uma criança sem vergonha, acabei chorando, me perguntando pela milésima vez: por que não conseguimos dar certo, se éramos tão bons juntos, se eu me sentia tão feliz?

Já faz tempo que não sei mais nada sobre você. Sei que se formou, que ainda está no mesmo trabalho, mas não sei quais músicas você tem ouvido, qual livro marcou você ultimamente, ou, quem sabe, se ainda sente falta de mim. Às vezes, me pego desejando desesperadamente saber como você está, o que está acontecendo na sua vida. Mas então lembro que não tenho mais esse direito.

Era tarde, e eu queria tanto te ligar, só para ouvir sua voz, nem que fosse por alguns segundos. Queria ter a coragem de ser como aqueles adolescentes tímidos, que, mesmo com vergonha, fazem isso só para sentir um pedacinho de quem você é agora e o que você anda fazendo. Mas, ao invés disso, liguei para outra pessoa, tentando encontrar algo de você, algo que preenchesse um pouco desse vazio que ficou.

Mas não deu certo. Ela estava apressada, voltando de uma viagem, e logo desliguei. O modo como ela se despediu me lembrou o quanto você sempre teve tempo para mim, não importava a hora, o lugar ou o que estivesse fazendo. Você sempre me atendia, com aquela paciência infinita, até quando era apenas para eu perguntar qual cor de sapato seria mais adequada para uma entrevista.

Mas acabou, não é? E eu fiz promessas. Prometi para mim mesmo que não falaria mais de você, que não te compararia com ninguém, mas o meu coração não cede. Ele ainda insiste em te lembrar, trazendo você de volta nos meus dias vazios, quando percebo o quanto você é a parte que falta em mim.

sábado, 4 de janeiro de 2025

Crie sua própria senha

Marco Antonio Birnfeld

Esta é uma história de mais de dez anos atrás. Afeito rotineiramente às máquinas elétricas de escrever, o advogado sessentão concordara, afinal, em se submeter à era digital e aos contornos on-line. Assim, no então incipiente home office, resolveu abrir uma conta de e-mail. Lembrando-se das vicissitudes da profissão, ele escolheu como senha a palavra "juiz", que lhe seria fácil memorizar. Mas o automatismo do provedor de e-mails tinha outros preceitos.

- Por favor, crie a sua senha.

- juiz

- A senha deve ter mais de 8 caracteres.

- juiz que recebe penduricalho

- A senha deve conter um caractere numérico.

- 1 juiz que recebe penduricalho

- A senha não pode ter espaços.

- 1juizquerecebependuricalho

- A senha deve conter no mínimo um caractere maiúsculo.

- 1DOUTOjuizquerecebependuricalho

- A senha não pode usar maiúsculas consecutivamente.

- 1DoutoJuizQueRecebePenduricalhoPagoPeloCidadão

- Crie uma senha mais curta, sem til, nem acento.

- 1DoutoJuizQueMereceriaUm...

Foi então que o sistema acabou definitivamente com tudo, exibindo no monitor a seguinte mensagem:

"Lamentamos informar que esta senha já está em uso por outro de nossos usuários. Tente nova opção, retornando ao passo inicial. Agradecemos por usar nosso sistema. Ele é barato, eficiente e veloz. E é bem mais rápido do que esperar pela prolação de uma sentença ou de um acórdão".

Perdendo a paciência, o provecto advogado levantou-se da cadeira, pegou o monitor com as duas mãos e, com força, jogou-o ao chão. A peça ficou imprestável. No dia seguinte, arrependido do exagero, o cidadão comprou um novo equipamento.

Moral da história: a) o longevo cidadão bancou o prejuízo a que deu causa; b) os magistrados continuam recebendo penduricalhos, cada vez mais originais e rendosos.

E advogados e leitores não têm que se meter nisso... - afinal isso é tarefa para o zeloso Congresso Nacional.

Combinado? 

Diabetes tipo 1 = deficiência

O plenário do Senado aprovou, na quarta-feira, dia 18, o projeto de lei que equipara o diabetes tipo 1 a uma deficiência - para todos os efeitos legais. O texto já havia tramitado na Câmara dos Deputados e agora seguirá para a sanção presidencial. Se o projeto for sancionado, as pessoas afetadas pela doença terão os mesmos direitos previstos no Estatuto da Pessoa com Deficiência: atendimento prioritário, aposentadoria diferenciada e reserva de vagas em programas habitacionais.

O diabetes tipo 1 é uma condição na qual o corpo não produz insulina naturalmente. Trata-se de uma doença autoimune de origem genética que geralmente se manifesta na infância ou na adolescência. A Federação Internacional de Diabetes estima que o Brasil seja o 3º país do mundo com mais indivíduos com a condição.

Forneçam-se as bombas!

Esta é para consumidores que pagam planos de saúde. A 4ª Turma do STJ decidiu, em dois novos julgamentos no último dia 17, que as operadoras são obrigadas a fornecer o sistema de infusão contínua de insulina, mesmo que o material não conste no rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Os ministros definiram que "o aparato é um dispositivo médico, conforme classificação da Anvisa, e não apenas um medicamento". A tese das empresas era a de que as bombas enquadravam-se como medicamento. (Recursos especiais nºs 2162963/RJ e 2163631/DF).

Tais duas novas decisões ampliam os efeitos de um anterior julgado do próprio STJ. Em 12 de novembro, a 3ª Turma, havia determinado o fornecimento da bomba de insulina "aos beneficiários diagnosticados com diabetes tipo 1". (REsp nº 2130518).

Muitas reclamações

O número de reclamações (Rcls) no Supremo Tribunal Federal (STF) aumentou 35% de 2023 a 2024. No corrente ano, foram distribuídas 9.940 ações dessa classe; no ano passado, elas tinham sido 7.333. "Em parte é ruim, é consequência de o Supremo ter se tornado um tribunal de precedentes e esses precedentes serem vinculantes, o que justifica muitas reclamações". A frase foi do presidente da corte, ministro Luís Roberto Barroso, na quinta-feira, dia 19, na última sessão plenária do ano.

Neste 2024, o Supremo recebeu 80.812 processos. Destes, 26.404 são originários e 54.408 são recursais. Foram finalizados 83.342 processos. A corte proferiu 114.241 decisões. A maioria (92.805) delas foi monocrática. Barroso disse que "o volume robusto de ações dificulta a colegialidade da maior parte dos processos".

Pelo menos uma mudança regimental da corte determinou que as cautelares em ações constitucionais sempre passem por decisão colegiada.

O impacto dos supersalários

Uma pesquisa encomendada pelo Movimento Pessoas à Frente sobre o impacto dos supersalários no serviço público federal identificou que as despesas acima do teto constitucional custaram R$ 11,1 bilhões para os cofres da administração pública em 2023. A conta considerou somente o Judiciário (R$ 7,1 bilhões) e o Ministério Público (R$ 4 bilhões), onde os servidores têm salários mais altos. A pesquisa foi conduzida por Bruno Carazza, professor da Fundação Dom Cabral.

Na última quinta-feira, foi votada e aprovada a Proposta de Emenda Constitucional nº 45/2024, cujo texto permite a manutenção dos penduricalhos atuais, como adicionais ao salário. Eles estão classificados em portarias e resoluções infralegais de maneira duvidosa como indenizatórios. Eles são bônus de desempenho, auxílios moradia e à saúde e outras verbas que promovem ainda mais desigualdade dentro do serviço público.

Ah, vejam bem: A tal PEC nº 45 também facilita a criação de novos adicionais por meio de lei ordinária, e não por lei complementar.

Agora férias

Recebi um aviso, em causa própria, de que nas próximas semanas estou proibido de trabalhar. Começo na quinta-feira, dia 26, o meu tradicional período anual de férias.

Fica marcado o reencontro com os leitores: dia 31 de janeiro de 2025. Saúde e paz a todos!

As outras tarefas de motoristas

A empresa gaúcha Planalto Transportes Ltda. terá de pagar a um motorista a diferença de horas extras relativa às tarefas realizadas antes do início das viagens e após seu término. A empregadora alegava que o tempo de 30 minutos fora ajustado em negociação coletiva. Mas, de acordo com a 7ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST), o que houve foi o descumprimento dos limites estipulados na norma.

O motorista comprovou que fazia, em média, 23 viagens por mês entre Porto Alegre e São Gabriel (RS). Antes ele tinha de chegar à garagem, inspecionar o ônibus e ir para a rodoviária. Lá, colocava malas e encomendas, conferia passagens. No destino, descarregava as malas e entregava as encomendas, levava o ônibus à garagem. Esse tempo todo - fora da viagem propriamente dita - não era registrado pela empresa. Para esta, "as horas de trabalho eram apenas aquelas em que o motorista transportava passageiros, tanto que a norma coletiva previa o pagamento de 30 minutos a mais por essas tarefas extraordinárias".

Sentença da 3ª Vara do Trabalho de Porto Alegre e acórdão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 4ª Região (RS) deferiram as horas extras. As conclusões foram a de que "a empresa deixou de registrar 1h30min por dia de trabalho" -, e a diferença devia ser paga. No recurso ao TST, a Planalto defendeu a aplicação do entendimento do Supremo Tribunal Federal (Tema nº 1.046 da repercussão geral). Este trata da "prevalência do negociado sobre o legislado".

O ministro relator Alberto Balazeiro chancelou a tese do TRT gaúcho de que "os 30 minutos acrescidos à jornada do motorista não eram suficientes para as funções realizadas, havendo trabalho não registrado que deveria ser pago. O precedente jurisprudencial deverá repercutir na jurisprudência nacional. (Recurso de revista nº 20631-56.2019.5.04.0003).

Programa Minha Casa, Minha Vida supera meta de contratos em 2024, diz ministro

De acordo com ele, havia sido prevista a contratação de 1 milhão de novas unidades. A pasta, no entanto, conseguiu chegar à marca de 1,25 milhão

De acordo com ele, havia sido prevista a contratação de 1 milhão de novas unidades. A pasta, no entanto, conseguiu chegar à marca de 1,25 milhão

THAYNÁ WEISSBACH/JC

Agência Brasil

O programa Minha Casa, Minha Vida superou em 25% a meta de contratação de unidades habitacionais em 2024. É o que afirmou o ministro das Cidades, Jader Filho, em entrevista veiculada pelo programa radiofônico estatal A Voz do Brasil. De acordo com ele, havia sido prevista a contratação de 1 milhão de novas unidades. A pasta, no entanto, conseguiu chegar à marca de 1,25 milhão.

"Nós avançamos muito nesse programa que, além de realizar o sonho da casa própria, também gera emprego, gera renda e desenvolve o nosso país", disse ele. De acordo com Jader Filho, o balanço do andamento da Minha Casa, Minha Vida em 2024 é bastante positivo.

"Entregamos mais de 41 mil novas unidades habitacionais. E encontramos solução para cerca de 45 mil unidades que estavam paralisadas, outras que estavam ocupadas. Avançamos nesse tema junto com as prefeituras, com os governos de estado. Havia muitas obras que estavam paralisadas quando nós chegamos ao Ministério das Cidades. Outras estavam com ritmo bem lento. A gente conseguiu retomar essas obras e entregá-las ao Brasil", acrescentou.

Criado pelo governo federal durante o segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2009, o Minha Casa, Minha Vida é um programa habitacional voltado para atender famílias de baixa renda. Ele é conduzido pelo Ministério das Cidades e operacionalizado pela Caixa Econômica Federal. Lula costuma tratá-lo como um dos programas sociais de maior destaque de seu governo, que ganhou uma nova versão em 2023. O ministro destacou aprimoramentos que foram feitos nesta retomada do Minha Casa, Minha Vida.

"Todos os novos empreendimentos, que iniciaram as construções agora no final de 2024, obrigatoriamente têm que ter biblioteca, têm que ter varanda. A gente precisa fortalecer toda essa parte social desses empreendimentos. O limite máximo agora [é de] 750 unidades habitacionais em cada um desses condomínios. Por que fizemos isso? Porque, historicamente, esses grandes condomínios eram gigantescos e, em muitos deles, os moradores não desenvolviam um sentimento de comunidade. São diversas alterações que fizemos para melhorar a vida das pessoas que vão morar nos novos empreendimentos do Minha Casa, Minha Vida", ressaltou Jader Filho.

Estrangeiros retiram R$ 32,1 bi da B3 em 2024, mas dezembro termina com aporte de R$ 1,7 bi

Os investidores estrangeiros retiraram R$ 439,008 milhões da B3 na última sessão de 2024, que ocorreu no dia 30 de dezembro

Os investidores estrangeiros retiraram R$ 439,008 milhões da B3 na última sessão de 2024, que ocorreu no dia 30 de dezembro

B3/divulgação/jc

Os investidores estrangeiros retiraram R$ 439,008 milhões da B3 na última sessão de 2024, que ocorreu no dia 30 de dezembro. No mês, houve entrada de R$ 1,705 bilhão, resultado de compras acumuladas de R$ 318,321 bilhões e vendas de R$ 316,617 bilhões. Em 2024, o fluxo de capital externo ficou negativo em R$ 32,108 bilhões.

Em 30 de dezembro, o Ibovespa fechou estável (+0,01%), aos 120.283,40 pontos, acumulando perda mensal de 4,28%. Já no ano, o índice desvalorizou 10,36%. O giro financeiro em 30 de dezembro foi de R$ 17,6 bilhões.

Os investidores institucionais aportaram R$ 25,137 milhões na Bolsa. No mês, houve retirada líquida de R$ 8,968 bilhões, refletindo R$ 137,024 bilhões em compras e R$ 145,992 bilhões em vendas. Em 2024, a retirada de capital totalizou R$ 37,533 bilhões.

Os investidores individuais aportaram R$ 229,222 milhões na B3. Em dezembro, entraram com R$ 3,462 bilhões, resultado de compras de R$ 62,711 bilhões e vendas de R$ 59,249 bilhões. No ano, o investimento por pessoa física foi positivo em R$ 30,788 bilhões.

As instituições financeiras investiram R$ 27,531 milhões em 30 de dezembro. No acumulado do mês, houve aporte líquido de R$ 760,754 milhões, com compras de R$ 19,842 bilhões e vendas de R$ 19,081 bilhões. As financeiras aportaram, em 2024, R$ 13,242 bilhões.

Por fim, na categoria outros investidores, houve entrada de R$ 157,119 milhões. Em dezembro, a categoria entrou com R$ 3,041 bilhões, refletindo R$ 5,316 bilhões em compras e R$ 2,275 bilhões em vendas. Em 2024, o fluxo da categoria outros foi positivo em R$ 25,972 bilhões.

Azul e Gol fecham acordo com a União para renegociar dívidas de R$ 7,5 bilhões

Segundo a AGU, a Azul devia mais de R$ 2,5 bilhões em dívidas, e a Gol, cerca de R$ 5 bilhões

AZUL LINHAS AÉREAS/DIVULGAÇÃO/JC

A AGU (Advocacia-Geral da União) informou nesta sexta (3) ter fechado acordo com a Gol e a Azul para regularizar dívidas tributárias que somavam R$ 7,5 bilhões. As pendências abrangem débitos previdenciários e fiscais.

Em nota, a AGU disse que os acordos, firmados por meio da PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional), preveem descontos sobre multas, juros e demais encargos, além de permitirem a utilização de créditos de prejuízo fiscal e flexibilização de prazos para os pagamentos. Segundo a AGU, a Azul devia mais de R$ 2,5 bilhões em dívidas para a PGFN e para a Receita Federal. Com a renegociação, a empresa depositará R$ 36 milhões, imediatamente, e um montante restante de R$ 1,1 bilhão será pago em até 120 parcelas.

Foram oferecidas garantias na operação como slots aeroportuários, espaços de mídia nos aviões, contratos vigentes com diferentes órgãos do Poder Público e partes e motores de aeronaves. Segundo a AGU, a dívida da Gol é de cerca de R$ 5 bilhões. O valor caiu para R$ 880 milhões, que terão de ser pago em até 120 prestações. Depósitos judiciais vinculados aos débitos negociados e que já foram realizados serão convertidos em pagamento definitivo, sem aplicação de descontos -o montante chega a R$ 49 milhões.

A Gol já havia anunciado o acordo com a PGFN e a Receita nesta quinta (2), citando dívidas de R$ 5,5 bilhões - R$ 500 milhões a mais do que o valor divulgado pela AGU nesta sexta. A companhia aérea levou em consideração para o cálculo tarifas devidas ao Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo), além dos débitos previdenciários e fiscais.

A Gol também deu garantias com patrimônio, como seguros-garantia vinculados aos processos judiciais em andamento, slots aeroportuários, recebíveis de vendas de passagens e espaço de mídia nas aeronaves.

Em recuperação judicial nos Estados Unidos desde janeiro do ano passado, a Gol anunciou em dezembro seu plano de reestruturação. Segundo a AGU, os termos assumidos pela companhia no Chapter 11 da justiça americana foi levada em consideração para modelar o acordo no Brasil e assegurar sua conformidade fiscal.

Em fato relevante divulgado ao mercado nesta quinta, a companhia aérea afirmou que o acordo com a União não vai impactar o endividamento líquido financeiro e servirá para alcançar uma estrutura de capital sustentável. O plano de reestruturação da Gol prevê um investimento significativo de novo capital, de até US$ 1,85 bilhão (R$ 11,2 bilhões), para fortalecer as operações da companhia. Desse montante, até US$ 330 milhões (R$ 2 bilhões) podem ser na forma de emissão de novas ações a serem subscritas por terceiros investidores.

Corsan investiu R$ 2,1 bilhões no Rio Grande do Sul em 2024

Obras na Região Metropolitana de Porto Alegre estiveram entre as mais relevantes

Obras na Região Metropolitana de Porto Alegre estiveram entre as mais relevantes

Eduardo Torres - Repórter

A Corsan/Aegea informa ter investido, ao longo de 2024, R$ 2,1 bilhões entre 317 municípios gaúchos. O aporte faz parte do plano de universalizar o saneamento até 2033.

Somente entre as regiões Metropolitana e Litoral Norte, foram R$ 160 milhões em investimentos. Foram concluídas obras em Cachoeirinha, Eldorado do Sul e Viamão. E, no Litoral, já foram garantidas mais de 1,7 mil ligações à rede de esgotos em Torres. Há obras em andamento em 14 municípios das duas regiões, boa parte delas iniciadas ainda em 2023.

Neste ano, a companhia anunciou aporte de R$ 550 milhões nos próximos anos somente no Litoral Norte. As redes de esgoto serão expandidas em 20 quilômetros entre Imbé, Tramandaí e Torres.

Outros R$ 55 milhões foram investidos na estação de tratamento de esgoto de Estância Velha, no Vale do Sinos, que amplia para 30% o volume de acesso a esgoto tratado na cidade, e ainda R$ 40 milhões foram aportados na expansão da rede de esgoto em São Borja para que, em 2025, o município atinja 70% da população atendida pela rede de coleta de esgoto.

Ficha técnica

Investimento: R$ 2,1 bilhões

Estágio: Em execução

Empresa: Corsan/Aegea

Cidades: Diversos

Área: Infraestrutura

Investimentos em 2023: R$ 400 milhões

RS avalia entrar em novo programa para quitar dívida com a União

Gustavo Mansur/Palácio Piratini/Divulgação/JC

O governo federal tem até o próximo dia 13 para sancionar ou vetar o Projeto de Lei Complementar (PLP) 211/2024, que cria o Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag) e cujo resultado pode ser de certo alívio aos cofres gaúchos, uma vez que prevê juros menores e parcelamento do saldo com a União em até 30 anos. 

Conforme a proposta aprovada pelos senadores no mês passado, os estados terão até 31 de dezembro de 2025 para solicitar adesão ao Propag. A Secretaria da Fazenda do Estado ainda não confirma a adesão automática ao programa caso haja a sanção presidencial e diz que aguardará a edição de decretos que regulamentarão trechos da lei. A pasta admite, porém, que o horizonte é positivo a partir dessa alternativa. Por parte do Palácio do Planalto, não há sinalização, até o momento, de objeções à última versão do texto.

Caso o governo estadual opte pelo engajamento ao programa, sairá de cena o Plano do Regime de Recuperação Fiscal (PRRF) com o qual o governo do Estado é ligado atualmente, ou seja, o Rio Grande do Sul passará a seguir um novo arcabouço para o cumprimento de sua dívida junto à União, que hoje gira em torno de R$ 100 bilhões.

“A aprovação do Propag representa uma conquista federativa significativa, resultado de uma união histórica de esforços. Em especial para o Rio Grande do Sul, será fundamental para promover maior equilíbrio e previsibilidade às finanças públicas dos estados mais endividados”, sintetiza a secretária da Fazenda, Pricilla Santana.

Conforme Santana, ainda não é possível calcular a economia que o Estado poderá usufruir pela adesão ao Propag antes dos decretos que devem mexer em pontos da legislação. “Contudo, a Secretaria da Fazenda estima que a redução pode alcançar aproximadamente R$ 1 bilhão na parcela mensal para cada 1% de diminuição na taxa de juros”, projeta. 

A proposta prevê manter como regra a taxa de juros atualmente cobrada pela União, correspondente ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acrescido de 4% ao ano. Mas deve haver descontos de acordo com o montante da dívida que será quitado na entrada e outras regras fiscais e financeiras específicas. Com isso, até o momento, estados poderão alcançar taxas de juros de IPCA mais 0%, 1% ou 2%.

Pelo lado da União, estimativas feitas pelo BTG Pactual dão conta de que o projeto de lei deve ter um impacto fiscal de até R$ 584 bilhões aos cofres do governo federal nos próximos 30 anos.

Estado terá tratamento diferenciado em razão da catástrofe climática

Pela última versão do texto aprovada no Senado, o Rio Grande do Sul não perderá os benefícios concedidos pela lei sancionada em maio do ano passado, que suspendeu os pagamentos de sua dívida por três anos após o Estado passar por sua maior tragédia climática.

“Após intensas negociações com os parlamentares, conseguimos assegurar que, caso o Rio Grande do Sul opte pela adesão ao programa, as parcelas da dívida só sejam pagas após o término do período de suspensão dos pagamentos”, reforça a secretária da Fazenda, Pricilla Santana.

Segundo ela, essa medida, vinculada à questão da calamidade, é essencial para preservar a capacidade de investimento do Estado nas ações de reconstrução, já que, durante o período de suspensão, os valores das parcelas serão direcionados ao Fundo do Plano Rio Grande e utilizados para investimentos na recuperação do Estado.

Principais pontos do Propag

De acordo com o texto aprovado pelos senadores, será criado o Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag) para promover a revisão dos termos das dívidas dos estados e do Distrito Federal com a União. 

A proposta autoriza desconto nos juros, dá prazo de 30 anos para pagamento (360 parcelas), abre a possibilidade de os estados transferirem ativos para a União como parte do pagamento e cria exigências de investimento em educação, formação profissional, saneamento, habitação, enfrentamento das mudanças climáticas, transporte e segurança pública como contrapartida. 

O texto também cria um novo fundo para compensar os estados em boa situação. Além disso, o projeto prevê exigências de equilíbrio fiscal aos entes que aderirem ao Propag. A medida propõe, por exemplo, que esses estados limitem o crescimento de suas despesas primárias de forma similar ao arcabouço fiscal (Lei Complementar 200, de 2023). 

Edição comemorativa da obra-prima de María Dueñas

O tempo entre costuras, romance magistral da grande escritora espanhola Maria Dueñas

Jaime Cimenti

Quinze anos depois do lançamento de O tempo entre costuras, romance magistral da grande escritora espanhola Maria Dueñas que conquistou o mundo, a Editora Planeta acaba de lançar uma belíssima edição comemorativa, de colecionador, encadernada, com lombada dourada, nova capa, texto introdutório, nota da autora e bibliografia relativa ao romance.

María Dueñas, doutora em filologia inglesa, depois de duas décadas no magistério superior, estreou na literatura com este fantástico O tempo entre costuras, elogiado por Mario Vargas Llosa, que o caracterizou como um romance maravilhoso, com intriga, amor, mistério e ternura. Em 2012 María publicou A melhor história está por vir. Os romances ganharam edições em 35 idiomas, venderam mais de cinco milhões de exemplares e foram sucesso de crítica.

No Brasil, pela Editora Planeta, foram editados os romances Destino: La Templanza; As filhas do capitão e Sira, a continuação de O tempo entre costuras.

No centro da trama está Sira Quiroga, uma jovem e talentosa costureira de Madri que, em plena convulsão da Guerra Civil Espanhola, é arrastada por um amor impulsivo e traiçoeiro para uma vida de aventuras perigosas em Marrocos. Sira deixa a vida modesta para trás e, sozinha, usa toda sua habilidade com as agulhas para reconstruir a vida. Entre intrigas políticas e dilemas pessoais, ela se vê num terrível jogo de espionagem durante a Segunda Guerra Mundial. Ela se transforma em uma peça-chave entre os serviços de inteligência britânico e espanhol.

O romance de sucesso de público e de crítica não é apenas a história de uma mulher extraordinária em tempos incertos, é um retrato magistral de uma época marcada por conflitos e transformação. María Dueñas é mestra em mesclar fatos históricos com ficção vibrante e, por isso, milhões de leitores pelo mundo a prestigiam. 

Lançamentos

Recado dos dias (Libretos, 184 páginas), coletânea de crônicas da experiente e premiada jornalista Cláudia Laitano, com apresentações da psicanalista e escritora Diana Corso e da editora Clô Barcellos, enfoca, com clareza e erudição, temas do cotidiano, política, costumes, cultura e outros tópicos relevantes e atuais.

Um amor cinco estrelas (Editora Intrínseca, 320 páginas, R$ 59,90), da escritora inglesa Beth O´Leary, autora do best-seller Teto para dois, comédia romântica, narra o improvável encontro de Lucas, natural de Niterói-RJ , com a britânica Izzy. Os dois precisam salvar da falência o hotel onde trabalham, a decadente Mansão Forest Hotel & Spa. Muita coisa vai acontecer.

Bestiário (L&PM Editores, 136 páginas, R$ 72,90), do genial Pablo Neruda, Nobel de Literatura, com ilustrações de Luís Scafati apresenta poemas dedicados a aves, animais marinhos e terrestres. "O gato/ só o gato/ surgiu completo/ e orgulhoso/nasceu completamente terminado/ caminha só e sabe o que ele quer", versos de uma das odes da obra. 

As palavras de 2024

Final de ano, momento de fazer retrospectivas, destacar pessoas, fatos e palavras que caracterizaram 2024, um ano marcado por conflitos, eleições norte-americanas, rapidez, polarizações deletérias, inundações diluvianas, tensões sociais, econômicas e políticas no Brasil, tudo em meio a mortes de celebridades e anônimos e ao noticiário cada vez mais encharcado de sangue, mentiras, "narrativas" e compromissos impublicáveis.

Sempre se deve lembrar das coisas boas, dos atos de solidariedade em momentos de crise e de ver que muitas vezes os cidadãos e a coletividade são mais rápidos, justos e prestativos do que os governos municipais, estaduais e federal.

O Dicionário Oxford elegeu o termo Brain Rot como a palavra do ano. Em bom português, ela significa apodrecimento cerebral ou atrofia cerebral, a deterioração mental que decorre quando se consome muito conteúdo online trivial ou pouco desafiador. Ou quando consome conteúdo sem conteúdo algum. O uso da palavra cresceu 230% em 2024. Pessoas utilizam cada vez mais ideias simples e evitam as mais complexas.

Já o Dicionário Cambridge elegeu manifestar como a palavra do ano. O termo foi popularizado por celebridades como Dua Lipa e refere-se à prática de usar visualização e afirmação para imaginar a conquista de algo desejado.

O dicionário Collins escolheu "brat" como palavra de 2024. O termo representa uma atitude confiante, independente e hedonista.

Polarização foi a palavra eleita para 2024 pelo Dicionário Merriam-Webster, especialmente considerado o contexto dos Estados Unidos, com a aguerrida disputa eleitoral entre Donald Trump e Kamala Harris. A polarização, como se sabe, se espalhou pelo mundo , com efeitos catastróficos. Em muitos casos, decorrentes do uso massivo e perigoso das redes sociais, que tentam fazer a cabeça dos usuários a qualquer custo e com utilização de algoritmos e dados cuidadosamente preparados para tentar manipular os cidadãos.

No Brasil a palavra ansiedade foi eleita como a palavra do ano, de acordo com uma pesquisa. A palavra, claro, reflete a necessidade de estabilidade em meio à incerteza. A palavra foi eleita por 22% dos brasileiros, conforme pesquisa do Instituto Ideia, em parceria com a Cause e o aplicativo PiniOn. Resiliência (21%), inteligência artificial (20%), incerteza ( 20%) e extremismo (4%) foram outras palavras destacadas entre nós. Preocupação ambiental, mudanças climáticas, eleições presidenciais, dificuldades, desafios econômicos, luto, pandemia, vacina, esperança sanitária e renovação política figuraram em anos anteriores na pesquisa.

Dados alarmantes do Google Trends dão conta de que o Brasil é o segundo país do mundo que mais busca informações sobre ansiedade na internet, com pesquisas sobre "sintomas da ansiedade" e "como lidar com a ansiedade."

A ansiedade, sentimento de angústia, aflição e perturbação, com causas intrínsecas e extrínsecas, mostra brasileiros em busca de previsibilidade e segurança. Nós todos, governos, empresas e organizações, precisamos de estratégias para mitigar essa ansiedade.

A propósito

Agora, aproveitando que o último dia do ano não é o último dia do tempo e que estamos muito ansiosos , mas com algumas esperanças, é pensar em atitudes e agir de forma a não deixar que a ansiedade nos atrapalhe. Vamos torcer para que nos próximos anos a gente possa usar outras palavras para os anos que passarem. Amor, gratidão, união, paz, igualdade, trabalho coletivo, conciliação, Inter Campeão e interesse público verdadeiro são algumas palavras que certamente gostaríamos de usar para batizar os ano futuros. Feliz Ano Novo!! 

(Jaime Cimenti)

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

3.jan.2025 às 8h00
X de Sexo por Bruna Maia

A tendência do sexo para 2025 é conseguir sustentar um papo legal

A arte de saber conversar com senso de humor é afrodisíaca e apaixonante

Por todo lado há manchetes sobre as tendências de 2025 nos relacionamentos e no amor. É levantamento feito por aplicativo de paquera, é estudo feito em alguma Universidade do Cafundó, é enquete promovida por marca, é estatística de site pornô. A palavra "conexão" querendo significar ligações mais profundas do que os dates casuais está pipocando por aí.

A questão é que eu acho que muitos desses levantamentos têm métodos questionáveis ou saltos interpretativos, então eu decidi simplesmente CRIAR a tendência que eu acho que deveria colar nesse novo ano: PAPO BOM.

Não tenho grandes questões com pegar um cara no rolê e levar pra cama só porque achei gostoso. Inclusive, já tive experiências muito prazerosas assim, às vezes sem saber nem o nome do indivíduo. Mas percebi que, para eu conseguir ficar com um rapaz mais de três vezes e talvez até me apaixonar por ele, preciso de conexão intelectual.

Uma das melhores coisas da vida é ficar até altas horas conversando sobre assuntos variados como política, ciências, música, cinema, artes em geral e, por que não, da vida dos outros (mas JAMAIS de bitcoin e criptomoedas). Se der pra intercalar tudo isso com sexo, então, é tudo de bom.

Acontece que no espaço amoroso heterossexual é difícil encontrar alguém com quem seja realmente interessante conversar. Uma pessoa que não dê palestrinha, que saiba ouvir, que não fique o tempo todo choramingando no sofá sobre traumas que deveriam ser tratados no divã de um terapeuta e não na sala de um ficante.

Mulheres reclamam muito de homens que só falam de si. O que me lembra de um episódio em que estava com amigas em um samba e havia um moço muito muito muito alto, tão alto que eu pensei que "deve ser jogador de basquete". É verdade que olhamos intrigadas pra ele por causa da altura e ele interpretou os olhares como interesse, o que não deixava de ser verdade. Então ele se aproximou de uma de minhas amigas, ofereceu haxixe e desatou a falar de si.

Durante 40 minutos, no mínimo, ele contou sobre seu último relacionamento, sobre seus dois filhos, sobre seus investimentos, sobre sua carreira. Ah, sim, ele era jogador de basquete mesmo. Minha amiga não teve sequer um intervalo para falar seu nome.

E o mais curioso é que, de todas nós, o rapaz mirou justo na única lésbica. Quando ele foi embora ela disse: "Homem hétero é sempre assim?". As outras presentes se apressaram em dizer que sim e eu, logo eu, disse que "nem todo homem", pois alguns são bem bons de conversa, ainda que estejam cada vez mais raros.

Esses tempos, por exemplo, eu estava com um ficante e algo me deixava encucada. Eu não queria sair com ele, ir a bares, festas e não queria que ele passasse muito tempo na minha casa. Parei para pensar no porquê e, então, me dei conta de que nunca tínhamos tido dez minutos de papo legal. Ele não entendia minhas piadas e ria das coisas que não tinham intuito cômico, além disso, adorava me dar dicas não solicitadas.

Certa feita, depois de transar, ele quase chorou ao lembrar que trocou os azulejos antigos do apartamento de sua avó por revestimentos modernos e estava terrivelmente arrependido. Talvez com outra pessoa ele conseguisse conversar por mais tempo, mas comigo não, e esse tipo de desencontro intelectual é algo que resseca minha vulva e torna até mesmo o relacionamento sexual mais superficial impossível.

Ah, mas isso é seu dedo podre! Pois não. Saiba que a incapacidade de trocar e ouvir e a obsessão frenética por palestrar sobre assuntos chatos como criptomoedas, rock progressivo, Star Wars, MCU e day trade é bastante interseccional e atinge homens brancos de classes e profissões variáveis, inclusive aqueles casados há décadas.

Tem também a versão esquerdomacho, em que você só quer tomar um gin tônica e falar sobre o filme "Ainda Estou Aqui" e ele começa a citar Lenin, Trotsky, refutar Foucault e explicar como se constrói uma fossa biológica em assentamento do MST como se você fosse uma aluna da terceira série com disfunção cognitiva. Enfim, se você é um homem heterossexual (ou talvez gay) e está lendo isso, é muito provável que você seja chato e não saiba conversar.

Apontei o problema, mas não as soluções! Pois veja, um guia de conversa é algo complicado de se fazer. Mas ficam algumas dicas: não fale de si o tempo todo, pergunte sobre a outra pessoa e de fato ouça quando ela estiver falando, evite cair na compulsão masculina por explicar o mundo para mulheres porque é possível que elas entendam mais do assunto do que você, não fale de criptomoedas porque você fica parecendo um bobo, peça para a pessoa falar mais sobre as coisas que ela curte e, em vez de tentar ensinar, aprenda um pouco.

03/01/2025 - 10h00min
MARTHA MEDEIROS

Quantas vezes as palavras revelam-se inúteis, e até inimigas, criando um fosso entre dois corações?

A comunicação oral não tem dado conta do recado. Andamos todos dependentes de legendas

Gilmar Fraga / Agencia RBS

Entrar na mente do outro seria a viagem sensorial extrema, à prova de mal-entendidos.

Entrar no cinema sem ter muita ideia do que vai assistir é, hoje, algo raro: as informações nos alcançam onde quer que estejamos, até em férias. Pois consegui proteger o meu descanso da habitual avalanche de notícias e, ao voltar de viagem, nada sabia a respeito de Queer. Resultado: o filme me deixou pasmada.

Despido do requintado papel de James Bond, o ator Daniel Craig hipnotiza a plateia ao interpretar um homem gay, adicto de drogas pesadas, que perambula pela cidade do México, nos anos 1940, em busca de algum rapaz para passar a noite, até que encontra um ex-oficial da Marinha que se transforma em seu novo vício. 

O desejo obsessivo é um tema caro ao diretor Luca Guadagnino, que não só extraiu alta performance de Craig, como enquadrou pinturas em cada cena – percebi algumas pinceladas de Edward Hopper nas duas primeiras partes do filme. Já a última parte tem uma linguagem própria, que destoa e perturba: é quando o personagem encasqueta de buscar uma erva nativa na selva amazônica, cujas propriedades teriam o poder de desenvolver a telepatia – comunicação sem voz.

É o prólogo alucinógeno do filme, e perturba não só porque entra no terreno das bruxarias, mas porque escancara o descontrole da paixão. Em estado de fixação por outra pessoa, quantas vezes não desejamos ter acesso ao que ela pensa e sente? Quantas vezes as palavras revelam-se inúteis, e até inimigas, criando um fosso entre dois corações? Entrar na mente do outro seria a viagem sensorial extrema, à prova de mal-entendidos. A comunicação oral não tem dado conta do recado. Andamos todos dependentes de legendas.

Em meio ao ruído universal, em que todos falam e ninguém se escuta, impera a solidão, produto de casais que não vibram na mesma frequência, nem dominam o mesmo idioma emocional: as línguas entram em ação, mas resultam em declarações mudas. Ao final das tentativas de entendimento, cada um retorna para casa sozinho, com as perguntas trancadas na garganta e as dúvidas presas ao cérebro. O coração precisa sair pela boca, ou nada feito.

A telepatia, em uma concepção idealizada, conseguiria a supressão de todos os obstáculos, a fim de conectar as almas. Mas tente fazer isso num bar. Só mesmo embrenhando-se na essência um do outro, afastados das distrações barulhentas e dos apelos da razão.

Queer é um filme que causa incômodo. À primeira vista, parece perverso e frio, até que vai nos envolvendo (de novo, mérito de Daniel Craig, despudoramente entregue à sofreguidão do personagem) e, por fim, nos mostra que estranho, mesmo, se tornou o amor, esse sentimento alardeado pelo tanto que se promete em nome dele, mas que, quando nos atravessa com profundidade, se acomoda no silêncio. 

03/01/2025 - 06h28min
JULIANA BUBLITZ

Do "Havaí chinês” ao melhor lugar para ver a aurora boreal: 10 destinos turísticos em alta em 2025

Lista é parte das previsões da plataforma Booking para o ano que se inicia

Um dos destaques é Tromsø, na Noruega.

Já contei aqui o que vai ser tendência nas férias em 2025 (foco em autenticidade, itinerários alternativos e experiências profundas são algumas das palavras-chave). Mas quais destinos irão atrair a atenção dos viajantes?

As previsões da Booking, uma das maiores plataformas de hospedagens do mundo, incluem 10 destinos que tendem a bombar no ano que se inicia.

É claro que a lista é parcial (com base na análise dos dados da plataforma, disponível em 43 idiomas) e, no fim das contas, a escolha depende mesmo das condições financeiras e das preferências de cada viajante. 

A maior parte dos lugares é no Exterior, o que pode tornar o passeio inviável para turistas brasileiros, com o dólar nas alturas. Além do mais, vale sempre ressaltar: temos um ótimo cardápio de destinos locais.  

Dito isso, aí vão os lugares selecionados: 

1) Sanya, na China

Fica na na Ilha de Hainan, conhecida como o “Havaí chinês”. Tem clima quente, praias preservadas e belos templos budistas. É um local ideal para quem preza por retiros de bem-estar, uma das tendências do setor para 2025. Pontos altos: a floresta de Yanoda as fontes termais geotérmicas de Nantian.

2) Trieste, na Itália

Localizada em uma estreita faixa de terra entre o mar Adriático e a Eslovênia, Trieste é um caldeirão cultural influenciado pela herança italiana, eslovena e austríaca.

Segundo o Booking, é uma joia (ainda) pouco visitada, em comparação com outros destinos da Itália. Os mercados locais são atrativos extras para viajantes que buscam o oposto da fast fashion:  compras mais sustentáveis e culturalmente ricas.

Pontos altos: o Castelo de Miramare e a Piazza Unità d'Italia.

 3) João Pessoa, Brasil

Conhecida como "Porta do Sol" devido à sua localização na América do Sul, João Pessoa é celebrada por suas paisagens verdejantes e pela rica herança cultural. Os jardins botânicos da cidade, as igrejas históricas e as praias tranquilas, como Picãozinho e Alligator, equilibram beleza natural com história.

4) Tromsø, na Noruega

É um dos melhores lugares do mundo para testemunhar a aurora boreal. Seus fiordes deslumbrantes, a vida selvagem e a natureza remota são um cenário perfeito para os amantes da natureza.

A cidade também é conhecida por suas casas históricas de madeira que datam do século 18 e seus arredores pitorescos. Pontos altos, além, é claro, da aurora boreal: as saunas flutuantes no porto e o treinamento de filhotes de husky.

5) Willemstad, Curaçao

A capital de Curaçao é um vibrante destino caribenho caracterizado por seus edifícios coloniais em tons pastéis e sua rica história. 

Reconhecidas como Patrimônio Mundial da UNESCO, as atrações culturais de Willemstad incluem o Museu Kurá Hulanda e a pitoresca ponte Rainha Emma. Além disso, há belas enseadas, oportunidade de nadar com tartarugas e mercados de rua animados.

6) Tignes, França

Fica nos Alpes franceses e oferece atrações no ano todo: esqui e snowboard no inverno, e passeios a cavalo, trilhas a pé e esportes no lago no verão. Não tem erro.

A cultura après-ski (termo em francês que se refere às atividades que se realizam após um dia de esqui) é igualmente vibrante. Terraços ensolarados e a cozinha alpina tradicional são abundantes para aqueles que querem relaxar e recarregar as energias após um dia de aventura.

7) San Pedro de Atacama, Chile

Bryan / stock.adobe.com

E esse céu? - Bryan / stock.adobe.com

Localizado em um dos desertos mais secos do mundo, San Pedro de Atacama é um destino remoto que oferece maravilhas naturais inspiradoras. De passeios por suas salinas pontilhadas de flamingos a gêiseres ativos e vulcões imponentes, as férias no Atacama oferecem um cenário de tirar o fôlego para viajantes que buscam uma conexão mais profunda com a natureza. 

A região também é famosa pelo céu noturno incrivelmente claro, o que a torna um local privilegiado para observação de estrelas e passeios astronômicos.

8) Naha, no Japão

Como capital de Okinawa (uma ilha japonesa), Naha oferece uma mistura fascinante de vida urbana moderna e cultura tradicional. Os visitantes podem explorar locais históricos como o Castelo Shuri e a caverna Gyokusendo, experimentar a atmosfera vibrante da Rua Kokusai e até mesmo mergulhar na natureza com um passeio de caiaque guiado pelos manguezais da região. 

A culinária local, que inclui pratos únicos como goya champuru (melão amargo salteado), oferece um gostinho das distintas tradições culinárias da região. 

9) Villajoyosa, Espanha

Esta cidade na Costa Blanca da Espanha é conhecida por suas ruas pitorescas repletas de casas coloridas, que foram originalmente pintadas para ajudar os pescadores a identificar suas residências do mar. 

Villajoyosa é um destino tranquilo à beira da praia, com a rica herança pesqueira da cidade e oportunidades de explorar sítios arqueológicos em um tour histórico guiado. Com suas praias tranquilas e cozinha tradicional mediterrânea, Villajoyosa é um local ideal para uma escapada relaxante.

10) Houston, nos EUA

Quarta maior cidade dos EUA, Houston, no Texas, oferece uma mistura única de charme sulista e energia cosmopolita. Há, por exemplo, o distrito de Montrose, ousado e artístico, e o East End, com uma vibrante comunidade latina. 

O cenário gastronômico da cidade também é destaque - Houston foi apontada como uma das capitais gastronômicas dos EUA pelos críticos do New York Times. 

Pontos altos: os viajantes podem visitar o Space Center Houston (museu de ciências que funciona como centro de visitantes do Johnson Space Center da NASA) para experiências imersivas.



03/01/2025 - 09h35min
GIANE GUERRA

O que travará ainda mais os financiamentos de imóveis em 2025; quais as alternativas?

As taxas já estão ficando mais altas, mas também vai piorar a falta de dinheiro para emprestar

Além de deixar mais caro o financiamento dos imóveis, a alta do juro tem outra impacto: reduz o recurso disponível para emprestar para a compra da casa própria. Investir em aplicações financeiras de renda fixa fica muito mais atrativo do que deixar o dinheiro na poupança, o que seguirá aumentando os resgates e reduzindo os depósitos na caderneta, principal fonte do crédito habitacional. Hoje, 65% dos recursos depositados na poupança são, por lei, direcionados para estes empréstimos. 

Essa situação já foi um problema ao longo de 2024, como a coluna antecipou na época. A Caixa Econômica Federal, que domina este mercado, e outros bancos estabeleceram restrições para liberar financiamentos imobiliários. Compradores aguardam meses pela assinatura do contrato e, quando conseguem, pela liberação do dinheiro. As opções para injetar mais recursos neste mercado ainda seguem em discussão entre governo federal e entidades do mercado imobiliário.

Lembre-se de que o ano passado começou com a expectativa de que a taxa de juro Selic caísse a um dígito, o que turbinaria a venda de imóveis. Houve uma reviravolta. Com receio do compromisso federal com as contas públicas do governo Lula e as ameaças inflacionárias do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, o dólar disparou, fazendo com que a previsão de alta de preços fizesse o Banco Central intensificar a alta do juro e já avisar que aumentará mais nas duas próximas reuniões.

Diretora de Assuntos Habitacionais do Sindicato dos Corretores de Imóveis do Rio Grande do Sul (Sindimoveis-RS), Simone Carvalho também pondera que o juro alto dificulta que o consumidor reduza seu endividamento, o que deixa mais difícil a análise de crédito para liberação do financiamento do imóvel e até dar uma entrada maior na compra, o que está sendo exigido atualmente pelos bancos. Segundo Simone, até mesmo os empréstimos do Minha Casa Minha Vida são atingidos pela alta do juro, apesar de serem política pública do governo federal. 

Rádio Gaúcha (canal 2) · Giane Guerra entrevista a diretora de Assuntos Habitacionais do Sindimoveis-RS, Simone Carvalho

Juro maior à vista

Bancos públicos e privados já estão aumentando o juro do financiamento imobiliário. Segundo o a diretora Simone Carvalho, do Sindimóveis-RS, a Caixa Federal está elevando de 9,89% para em torno de 10%. Nos privados, a taxa está subindo de 10,49% para cerca de 11%. 

- Depende do valor e do prazo, mas, pegando um financiamento médio, de longo prazo, dá R$ 100 a mais por parcela, elevando o valor total em R$ 36 mil - calcula. 

Alternativas

Entre as opções no mercado, a diretora Simone sugere o financiamento imobiliário com correção pela Taxa Referencial (TR). Apesar de mais alta do que a taxa pelo IPCA (índice de inflação), a variação mensal da TR é baixa, o que dá previsibilidade quanto ao valor das parcelas. Ela também é usada para corrigir a poupança e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). 

Outra alternativa é o consórcio. Ele não tem taxa de juro, embora tenha uma taxa de administração. As correções das parcelas e do saldo devedor antes da contemplação costumam ser por algum índice de inflação. A desvantagem em relação ao financiamento é de que é preciso ser sorteado ou conseguir a carta de crédito via lances. Para acelerar, existe o lance embutido, que permite complementar o valor dele com a própria carta de crédito. Geralmente, as administradoras permitem que chegue a 30% do valor da carta do consórcio. 

Exemplo de lance embutido:

- Carta de crédito: R$ 200 mil

- Lance embutido: R$ 60 mil (30%)

- Quanto o consorciado receberá, então, se contemplado: R$ 140 mil 

03/01/2025 - 09h54min
MARTA SFREDO - GPS da Economia

Ponte reconstruída e levada outra vez pelo rio simboliza necessidade de resiliência

Conexão emergencial não resistiu à chuva forte, mas não rara, do final do ano e reacende debate sobre novas exigências de infraestrutura

Ponte ainda mais precária do que anterior durou dois meses - Administração de Feliz / Divulgação

Houve um momento, logo depois que as águas do dilúvio de maio baixaram, que a jornalista que assina esta coluna sentiu arrepios. Enquanto gestores públicos apontavam a necessidade de fazer projetos de infraestrutura com mais resiliência – maior capacidade de resistir a fenômenos climáticos severos –, proliferavam pelo Estado iniciativas para restabelecer conexões ainda mais precárias do que as existentes antes.

Na época, havia uma tese para essa aparente contradição: estruturas emergenciais eram necessárias para recuperar conexões, em um segundo momento seriam providenciadas as estruturas mais resilientes.

Na quinta-feira (2), veio o espanto: a ponte de contêineres construída em Feliz, no Vale do Caí, foi levada pela elevação do Rio Caí. Durou pouco mais de dois meses. E foram gastos recursos da comunidade para a construção emergencial. Mais arrepios.

"Não podemos só retornar à infraestrutura que tínhamos há um mês", diz secretário da reconstrução do RS.

O episódio de Feliz evidencia que não é preciso um evento climático severíssimo, como os de maio de 2024, para desafiar obras  não projetadas e construídas com maior resiliência.

Isso significa maior custo, embora haja divergências sobre o quanto mais é necessário para garantir capacidade de resistir a mais vento e mais água. Mas não há tempo a perder.

Embora o governo federal tenha liberado R$ 6,5 bilhões para obras de prevenção às cheias, prevê outro tipo de intervenção, focada em construção de diques e no fortalecimento do sistema de proteção da Capital. 

Deveria ser suficiente evitar que o prefeito reeleito, Sebastião Melo, considerasse razoável anunciar que Porto Alegre "vai continuar alagando". Mas não inclui soluções para cidades tão esperançosas quanto a que mereceu o nome de "Feliz".


02 DE JANEIRO DE 2025
OPINIÃO DA RBS

Além da transparência

Para possibilitar ao governo federal o cumprimento do dispositivo constitucional de gastos mínimos com a saúde, o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, liberou na última terça-feira parte das chamadas emendas de comissão, pelas quais os parlamentares do Congresso destinam recursos do orçamento da União para suas bases eleitorais. Embora tenha aberto uma exceção no bloqueio que ele mesmo determinou sobre tais emendas parlamentares, o magistrado exigiu que a Câmara dos Deputados e o Senado informem até 31 de março quem são os deputados e senadores que as indicaram, sob pena de anulação imediata e automática.

Ainda que a firme disposição do ministro do STF de regrar o que ele chama de "balbúrdia orçamentária" possa ser interpretada como interferência demasiada do Judiciário nas atribuições do Legislativo, não há dúvidas de que o atual processo de compartilhamento de verbas para investimentos precisa ser corrigido. É um recurso que os governos vêm utilizando há bastante tempo com o propósito de garantir apoio parlamentar, mas que acabou sendo deformado pela falta de planejamento e de controle. Uma das deformações evidentes é o anonimato dos parlamentares que indicam onde e como tais investimentos devem ser feitos.

A falta de transparência é sempre uma porta aberta para a fraude e para a corrupção. Por isso, age corretamente o ministro Flávio Dino ao exigir que as comissões da Câmara e do Senado revelem os nomes dos legisladores que indicam como os referidos recursos devem ser aplicados. Ainda assim, a transparência não resolve a maior injustiça do sistema, que contempla currais eleitorais dos parlamentares no exercício de seus mandatos e deixa sem recursos as comunidades que não possuem seus próprios representantes no parlamento. Ora, são verbas públicas, oriundas dos impostos de todos os brasileiros. Não é justo que sejam destinadas unicamente aos apadrinhados de determinados políticos.

Ainda que seja legítimo e desejável que o Congresso fiscalize o uso de recursos públicos por parte do Executivo - e que, inclusive, participe das decisões sobre a repartição de verbas orçamentárias -, o sistema das emendas parlamentares transformou-se em constante barganha política, pela qual grupos políticos chantageiam o governo e acabam utilizando o dinheiro do orçamento para agradar um eleitorado fixo que os manterá no poder. Há, portanto, muito a corrigir além da transparência exigida pelo ministro da Corte Superior.

O ideal é que o próprio Congresso tome a iniciativa de revisar o atual sistema, não apenas para evitar a interferência do Judiciário - que já ameaça gerar novo conflito entre os poderes -, mas também, e principalmente, para atenuar a indignação dos cidadãos que a cada dia se mostram mais contrariados com o que o ministro Dino classificou como falta de eficiência, transparência e rastreabilidade da operação. Todos os poderes sairão fortalecidos se o tema for colocado como pauta de 2025 pelos novos presidentes das duas Casas legislativas. 



02 DE JANEIRO DE 2025
POLÍTICA E PODER - Rosane de Oliveira

Com alagamentos, começa mal o segundo governo Melo

Começou mal o governo Melo 2 em Porto Alegre. Fosse outro o prefeito nos últimos quatro anos, Sebastião Melo (MDB) poderia dizer que a culpa pelo alagamento que não poupou a Avenida João Goulart, onde fica a Usina do Gasômetro - local do segundo ato da cerimônia de posse -, era da "herança maldita" e da CEEE Equatorial, que ajudou a estragar a festa. Mas Melo, o prefeito reeleito, nem apareceu no salão do evento. Em uma decisão política rápida, deixou a sala reservada onde estava e trocou a parte festiva da posse pelo papel de prefeito tocador e foi para o Centro Integrado de Controle (Ceic) acompanhar os estragos provocados pelo temporal.

Com vários bairros alagados pela chuva que começou a cair minutos depois de ele encerrar seu discurso na Câmara, coube à vice-prefeita Betina Worm anunciar, na penumbra (já que faltou luz perto das 18h), o cancelamento da solenidade em que tomariam posse os secretários. As nomeações foram publicadas no Diário Oficial, mas ainda não há definição sobre um eventual ato simbólico de posse.

Os parentes do prefeito, que vieram de Goiás e foram direto para o Gasômetro, perderam a parte festiva. O local havia sido escolhido a dedo pelo simbolismo de ter sido um dos pontos de resgate de pessoas e animais durante a enchente. Seria também a reabertura da Usina do Gasômetro, depois de uma reforma que parecia interminável.

Goteiras na Usina recém-reformada

Ainda sem o mobiliário, que Melo espera conseguir com "parceirizações", a Usina não passou no primeiro teste. Quem estava lá testemunhou a ocorrência de goteiras no segundo andar, o que é incompatível com uma obra que acabou de ser concluída.

Os alagamentos estavam nas previsões do prefeito, que conhece bem as falhas do sistema de drenagem da cidade. Em sua mais recente entrevista a Zero Hora, disse que, se chovesse novamente o que choveu em maio, a cidade iria alagar. O que ocorreu no final da tarde deste primeiro dia de 2025 foi apenas uma chuva de verão, forte, mas muito diferente de uma enchente.

O cancelamento da cerimônia teve como principal motivo a falta de luz, o que deve ampliar as críticas de Melo à Equatorial. _

Ditadura entrou na fala do prefeito

Quando o prefeito Sebastião Melo começou a falar, na cerimônia de posse, as vaias dos convidados de vereadores da oposição foram abafados pelos aplausos dos admiradores do chefe do Executivo e de uma torcida organizada por parlamentares da situação, especialmente do PL. Vendo que nesse grupo havia pessoas com cartazes com a expressão "Fora Lula" impressa e um pedindo "anistia já", Melo disse que, para ele, "forjado na luta popular e democrática, a liberdade de expressão é o que há de mais caro num país".

- Que qualquer um possa dizer que defende a ditadura, porque isso é liberdade de expressão - improvisou Melo, arrancando vaias dos vereadores de esquerda, para em seguida dizer que "qualquer um pode defender o socialismo e ser contra a democracia liberal, porque isso é liberdade de expressão".

No início da noite, a bancada do PT decidiu denunciar Melo ao Ministério Público Federal pela referência à ditadura no discurso de posse. A alegação é de que o prefeito fez "apologia à ditadura militar", que é crime tipificado em duas leis e no Código Penal. _

Comandante Nádia terá de conter ânimos acirrados

Protagonista de embates ruidosos com adversários políticos nos últimos quatro anos, a vereadora Comandante Nádia (PL) enfrentará neste 2025 o maior desafio de sua carreira política: comandar uma Câmara plural, com estreantes aguerridos e velhos opositores dispostos a compensar a inferioridade numérica com a combatividade.

No papel de presidente do Legislativo em Porto Alegre, caberá à vereadora conter os ânimos acirrados sem tentar apagar fogo com gasolina, além de encaminhar reformas estruturais da Câmara. _

Três secretários na última hora

Faltavam pouco mais de quatro horas para a posse no segundo mandato quando o prefeito Sebastião Melo anunciou, enfim, os titulares das secretarias da Fazenda, Saúde e Inovação.

A novidade ficou por conta da escolha de Ana Pellini para a Secretaria da Fazenda. No primeiro mandato ela foi secretária de Parcerias, pasta agora ocupada por Giuseppe Riesgo.

Na Saúde, Melo confirmou a permanência de Fernando Ritter, depois de ter tentado convencer Cezar Schirmer, secretário do Planejamento, a assumir a pasta. Na Inovação, segue Luiz Carlos Pinto, que teve papel importante na construção do Pacto Alegre. _

De pai para filha no governo de continuidade em Lajeado

Eleita para dar continuidade à gestão de Marcelo Caumo em Lajeado, Glaucia Schumacher (PP) foi empossada na segunda-feira, já que era vice-prefeita. Na transferência do cargo, no gabinete do prefeito, Glaucia esteve acompanhada do pai, Claudio Pedro Schumacher, que comandou a cidade por três mandatos, entre 1989 e 2004.

Vice-prefeita desde 2020, Glaucia mantém o Progressistas no poder da principal cidade do Vale do Taquari. Seu maior desafio é dar sequência às ações de reconstrução na região, extremamente atingida pela enchente histórica de maio de 2024, e manter o papel de liderança regional que Caumo teve. 

POLÍTICA E PODER

02 DE JANEIRO DE 2025
CARPINEJAR

Lista de

Não sei se você escreve lista de intenções no fim do ano. É um hábito clássico da virada, do cíclico balanço da existência.

Só que a lista não é para ser similar à de compras de supermercado, extensa, exagerada, com a qual se persegue o único propósito de lembrar item por item. Não é para ser memorizada, não envolve decoreba. Tem que ser internalizada e praticada por fases, na transformação da rotina.

Você se dispersa com muitos desejos. Um voto distrai o outro, e nada se realiza.

A chave para prevenir inércia, frustrações e decepções é esta: a contenção. Priorizar algo. Ver o que é mais importante. Arrumar as gavetas do coração. Selecionar o essencial. Descartar fantasias supérfluas. Entender aquilo de que você realmente precisa, aquilo a que verdadeiramente aspira. Eleger um só sonho e mobilizar os seus esforços em torno dele.

Assim você acaba percebendo que rodou de ano, que não saiu do lugar das promessas, que é repetente de si mesmo.

Se existe reincidência, dispense a intenção. Significa que não sente vontade. Não foi problema de ausência de tempo, e sim de ausência de ânimo. Não é que não se empenhou o suficiente, e sim que esqueceu o próprio compromisso ao longo dos meses.

Tenha um alvo, e use seus olhos para mentalizar diariamente a busca dessa meta.

Mudanças de impacto são gradativas e perenes. Ninguém fica sabendo, além de você. O silêncio é o aliado contra a inveja. Arme-se contra as dificuldades do mundo exterior com a introspecção.

Não é para listar o que falta em sua vida, mas o que falta em você. Repasse o impossível para Deus, cuide do seu jardim, plante o possível e o justo. 

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02 DE JANEIRO DE 2025
GPS DA ECONOMIA - Anderson Aires - (Interino)

Redução de marcha nas vendas em 2025

Após um ano com bons números na produção e nas vendas, o mercado de veículos novos estima desaceleração para 2025. Mesmo com demanda ainda aquecida por automóveis zero, juro subindo a lomba novamente - e com mais intensidade - e dólar resistindo na casa dos R$ 6 pressionam as margens do setor e diminuem a parcela de pessoas aptas ou decididas a adquirir o bem neste novo ano.

Em dezembro, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) projetou aumento de 5,6% nas vendas em 2025. Mesmo com a estimativa de nova alta, esse percentual está abaixo do projetado para o fim de 2024 (15%).

Segundo a associação, 2024 foi acima da curva e registrou o maior crescimento do mercado brasileiro desde 2007.

No Estado, o ano também foi bom para o ramo. Até novembro, dado mais recente, os emplacamentos de automóveis e comerciais leves zero cresceram 20,6% no acumulado do ano, segundo o Sincodiv-RS/Fenabrave, entidade que representa concessionárias e distribuidoras. Para 2025, também estima redução de marcha nas vendas diante dos desafios observados na reta final do ano.

- Nós temos um incentivo à produção, da indústria, mas não temos um estímulo do mercado, vai estar mais caro financiar. Tem uma Selic mais alta, vai ter um aumento no preço dos automóveis, provavelmente acima da inflação. São cenários distintos, mas, mesmo assim, acreditamos num crescimento, mas em ritmo mais lento do que o de 2024 - pontua o presidente Sincodiv-RS/Fenabrave, Jefferson Fürstenau.

Competitividade

Por outro lado, um mercado com menos compradores, estoques altos e entrada de novos players aumenta a disputa pelos clientes. Com isso, feirões e promoções podem provocar preços menos pesados em alguns casos, segundo o presidente da entidade:

- Essa guerra de preços que está ocorrendo entre as próprias marcas faz com que o mercado se mantenha aquecido e as concessionárias competitivas. _

Essa desaceleração nas vendas de carros em 2025 pode abrir espaço para o mercado de motos. Com automóveis mais caros e aumento nos custos para manter esse item, veículos de duas rodas podem ser uma opção mais atraente

Entrevista - "Produtividade alta e IA precisam ser prioridades" - Daniel Soibelmann - Coordenador da Amcham RS

Levantamento realizado pela Câmara Americana de Comércio (Amcham Brasil) em parceria com a Humanizadas junto ao setor produtivo do país apontou o uso de tecnologia e a alta performance no topo das tendências que mais impactarão os negócios em 2025.

Quais os principais destaques da pesquisa?

A gente viu que a inteligência artificial segue liderando. Muitas empresas entendem a importância, mas não sabem ainda muito bem como implementar ou acham que isso se resume a ferramentas que todo mundo conhece, como o ChatGPT. Mas tem várias outras frentes que já estão sendo utilizadas para negócios. O segundo tema, que era sustentabilidade, foi ultrapassado pela alta performance. As empresas têm buscado uma eficiência operacional dentro dos seus negócios e produtividade. Isso está atrelado ao ramo de IA, porque, no momento que tu consegue aplicar essa tecnologia na tua operação, naturalmente ela fica mais eficiente.

Qual a principal dificuldade para implementar a IA nos negócios?

As lideranças empresariais tendem a fazer um zoom in na sua operação muito forte. Mas é fundamental o líder conseguir fazer o zoom out, ou seja, dar um passo para trás, trocar com outros pares, ver quais são as melhores práticas que estão sendo implementadas no mercado, não só dentro da sua operação, mas com concorrentes, ou com outros parceiros, ou até mesmo com empresas de outros segmentos, de que forma elas estão implementando. A troca e a cooperação nesse sentido acabam sendo muito importantes.

Quais os desafios econômicos para 2025?

Existe uma visão de estagnação econômica, mas, ao mesmo tempo, tem uma boa visibilidade em relação ao crescimento dos negócios. A maior parte, mais da metade das empresas brasileiras estão esperando um crescimento superior a 10% para 2025, mesmo com essa preocupação. Então, as perspectivas para os negócios acabam sendo muito positivas nesse sentido.

No nosso Estado, o Rio Grande do Sul, que sofreu a maior catástrofe climática da sua história, se entidades e os setores público e privado atuarem em convergência pela retomada econômica, isso tende a ser mais efetivo e rápido.

Quais setores da economia largam na frente no Estado em 2025?

Tanto a produtividade alta quanto a IA precisam ser encaradas como prioridades dentro de qualquer negócio para não ficarem para trás. Aqui no Rio Grande do Sul, a gente tem vários segmentos, setores que se destacam.

Os ramos industrial, do agronegócio estão muito fortes aqui no Estado. O de energia também. Se esses setores conseguirem aproveitar a inteligência artificial para acelerar a produtividade, tendem a se diferenciar no mercado. _

Ampliação de espaços no aeroporto Salgado Filho

Com 10 novas lojas inauguradas desde a reabertura, o aeroporto Salgado Filho pode contar com mais duas operações.

Os espaços onde funcionavam o Transfer Prime e a lotérica, fechados após o período de interru

Entre os 10 novos pontos no terminal estão opções gastronômicas e de varejo, além de uma nova opção do terminal provocado pela enchente, estão em processo de negociação para abrigar novos estabelecimentos. A Fraport ainda não detalha quais são as novas marcas e as datas de inauguração, mas informa que essa ampliação deve ocorrer em breve.

- A cartela de operações comerciais oferecida apresenta opções de marcas regionais, nacionais e internacionais. Queremos que os passageiros se sintam cada vez mais à vontade durante sua estada no aeroporto. Nos próximos dias, novas operações serão inauguradas - afirma o diretor comercial da Fraport Brasil, Rodrigo Vieira de Sousa.

Antes da suspensão dos serviços no Salgado Filho, o complexo contava com 91 pontos comerciais. Hoje, são 101, segundo a Fraport.

Entre os 10 novos pontos no terminal estão opções gastronômicas e de varejo, além de uma nova sala VIP, chamada W Premium Porto Alegre.

A expansão das opções comerciais começou em 21 de outubro, com a volta das operações de pista no aeroporto. _

Os novos locais

Mania de Churrasco

Doce Docê

Living Heineken (duas unidades no terminal)

Fini

W Premium Porto Alegre

Bella Gula

Bob's

Kopenhagen

Vitivinícola Jolimont

GPS DA ECONOMIA