terça-feira, 30 de junho de 2020



30 DE JUNHO DE 2020
INCONSISTÊNCIAS NOS TÍTULOS

Currículo desgasta ministro da Educação

As revelações de que o novo ministro da Educação, Carlos Decotelli, incluiu informações equivocadas em seu currículo geraram incertezas sobre a permanência dele no Ministério da Educação (MEC).

A nomeação foi publicada em edição extra do Diário Oficial na quinta-feira, após anúncio feito pelo presidente Jair Bolsonaro. O governo planejava solenidade de posse para hoje, mas a realização do evento não estava confirmada até o fechamento desta edição.

"Em nenhum momento a Secom (Secretaria de Comunicação) confirmou o evento à imprensa e, até agora, não há previsão para essa cerimônia", informou ontem o Planalto sobre a posse.

Aliados de Bolsonaro relataram que o mais provável é que a cerimônia ocorra só na semana que vem, após pente-fino no currículo do novo ministro. Segundo relatos à agência de notícias Folhapress, Bolsonaro ficou incomodado com a repercussão negativa de erros no currículo de Decotelli e de acusações de plágio. A nova análise no histórico do ministro, ordenada pelo presidente, serve para apurar se há mais inconsistências. A ala militar também criticou os erros, uma vez que foi fiadora de sua indicação. O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) entrou com representação pedindo apuração do órgão de possíveis prejuízos ao erário da nomeação do novo ministro.

Declaração

Constava no currículo de Decotelli um doutorado pela Universidade Nacional de Rosario, da Argentina, mas o próprio reitor da instituição, Franco Bartolacci, negou que ele tenha obtido o título. Há ainda sinais de plágio na sua dissertação de mestrado, e a Universidade de Wuppertal, na Alemanha, informou que o novo ministro não possui título da instituição, ao contrário do que constava em seu currículo.

À noite, Decotteli falou com a imprensa na porta do ministério e afirmou que se reuniu com Bolsonaro, ontem, e que, no encontro, foi questionado sobre o currículo. Perguntado se seguirá no cargo, respondeu que sim.

- Ele queria saber detalhes sobre a minha vida de 50 anos como professor em todas as entidades do Brasil - disse Decotelli à Globonews.

Segundo o ministro, o presidente quis saber o "lastro de vida" dele.

- Ele perguntou: Como é essa questão de detalhe acadêmico e doutorado, pós-doutorado, pesquisa de mestrado? Como é essa estrutura de inconsistência? Então, expliquei - acrescentou o ministro.

Segundo Decotelli, o assunto do doutorado está "resolvido". A respeito da denúncia de plágio no mestrado, o titular foi questionado:

- Não houve plágio, então, ministro?

E respondeu: - Não. O plágio é considerado quando o senhor faz control C, control V. E não foi isso.

Após a entrevista, Bolsonaro se manifestou em rede social: "Desde quando anunciei o nome do Professor Decotelli para o Ministério da Educação só recebi mensagens de trabalho e honradez. Por inadequações curriculares o professor vem enfrentando todas as formas de deslegitimação para o Ministério. O senhor Decotelli não pretende ser problema para a sua pasta (Governo), bem como está ciente de seu equívoco. Todos aqueles que conviveram com ele comprovam sua capacidade para construir Educação inclusiva e de oportunidades para todos", escreveu o presidente.

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