segunda-feira, 29 de junho de 2020



29 DE JUNHO DE 2020
POLÊMICA

Ministro da Educação nega plágio

Titular do MEC disse que revisará dissertação e explicou os motivos de não ter defendido doutorado em universidade argentina
O Ministério da Educação (MEC) divulgou nota na noite de sábado nota na qual afirma que o novo ministro, Carlos Alberto Decotelli, nega as acusações de que teria cometido plágio em sua dissertação de mestrado e afirmou que revisará o trabalho. Ele também sustentou o curso de doutorado que fez na Argentina, com tese que não chegou a defender, de modo que não obteve o título de doutor.

Reportagem do site UOL publicada no sábado sugere que o ministro teria copiado ao menos quatro trechos de outras dissertações de mestrado e textos acadêmicos na introdução de seu trabalho de mestrado, apresentado em 2008 para a FGV Rio de Janeiro, com o título "Banrisul: do PROES ao IPO com governança corporativa".

Os trechos não são colocados entre aspas, o que é obrigatório em trabalhos acadêmicos quando há citações de outros textos. Também não há referência ao autor logo quando termina a frase. Ao final da o texto, Decotelli faz referência apenas a dois dos quatro trabalhos com trechos idênticos.

Na sexta-feira, o professor Thomas Conti, do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), mostrou que a dissertação de Decotelli também tem trechos idênticos aos de um relatório da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) do mesmo ano. O relatório também não foi citado por Decotelli nem sequer consta da bibliografia. Na nota emitida pelo governo federal, o MEC chama de "ilações" as afirmações de que o ministro cometeu plágio, e diz que pode ter havido falha técnica ou metodológica.

"O ministro destaca que, caso tenha cometido quaisquer omissões, estas se deveram a falhas técnicas ou metodológicas. Informa também que, ainda assim, por respeito ao direito intelectual dos autores e pesquisadores citados, revisará seu trabalho e que, caso sejam identificadas omissões, procurará viabilizar junto à FGV uma solução para promover as devidas correções."

Título

Quando anunciado como novo titular da pasta da Educação, Decotelli foi apresentado pelo presidente Jair Bolsonaro como doutor pela Universidade de Rosário (UNR), na Argentina. O reitor da instituição, no entanto, afirmou na sequência que Decotelli "cursou o doutorado, mas não finalizou, portanto não completou os requisitos exigidos para obter a titulação de doutor".

Em nota, o MEC ressalta que Decotelli foi aprovado em todas as disciplinas e que, por compromissos no Brasil e falta de recursos financeiros, o agora ministro precisou retornar ao país sem o título. "Ao final do curso, apresentou uma tese de doutorado que, após avaliação preliminar pela banca designada, não teve sua defesa autorizada. Seria necessário, então, alterar a tese e submetê-la novamente à banca. Contudo, fruto de compromissos no Brasil e, principalmente, do esgotamento dos recursos financeiros pessoais, o ministro viu-se compelido a tomar a difícil decisão de regressar ao país sem o título de Doutor em Administração", diz o MEC.

Pós

Sem o título de doutor, Decotelli não poderia cursar o pós- doutorado na Alemanha, conforme foi dito pelo presidente no momento do anúncio.

Em nota, o ministério afirmou que o ministro desenvolveu uma pesquisa sobre sustentabilidade na automação de máquinas agrícolas na instituição estrangeira, pela qual não recebeu títulos.

"A universidade alemã aceitou apoiar o projeto, considerando a relevância do tema, a conclusão e a aprovação em todos os créditos obtidos no curso de Doutorado em Administração na Universidade de Rosário e seus 30 anos de atuação como conceituado professor no Brasil", afirma o ministério. "Em abril de 2017, recebeu documento que atesta o registro de seu trabalho. O ministro ressalta que não recebeu títulos em decorrência desta pesquisa", completa o texto do MEC.

Depois das acusações, o ministro alterou seu currículo acadêmico, "de forma a dirimir quaisquer dúvidas", de acordo com o ministério.

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