segunda-feira, 29 de junho de 2020


29 DE JUNHO DE 2020
OPINIÃO DA RBS

BONS EXEMPLOS NA EDUCAÇÃO GAÚCHA

Encurtar a distância entre o discurso eleitoral, que invariavelmente coloca a educação como prioridade, e a realidade, que nos revela escolas degradadas, professores desmotivados e alunos despreparados, é um desafio constante. A presença de Carlos Barbosa, Farroupilha e Ijuí entre as 104 cidades brasileiras que receberam o selo Bom Percurso na pesquisa Educação que Faz a Diferença é um sinal de que existem soluções possíveis, especialmente no ensino público, ainda mais deprimido na comparação com o setor privado.

Iniciativa do Instituto Rui Barbosa, que congrega os tribunais de contas brasileiros, o reconhecimento ganha importância ainda maior no momento em que tanto se discute a relação entre educação, saúde e economia. Não há dúvida de que a educação, sempre integrada aos outros processos, é a base de tudo, meio insubstituível pelo qual o indivíduo e a sociedade conquistam o acesso à dignidade e ao bem-estar. Por isso, compartilhar referências de boas práticas é um serviço inestimável, pelas possibilidades de reprodução dos modelos vitoriosos e construídos, muitas vezes, sem recursos financeiros e humanos abundantes. Mesmo em contextos desafiadores e complexos, a evolução dos alunos e as boas práticas de gestão ajudaram a colocar os três municípios gaúchos na lista dos que têm lições a oferecer.

Se o reconhecimento da qualidade das escolas de Carlos Barbosa, Farroupilha e Ijuí é motivo para celebrar, por outro lado nos oferece a oportunidade de refletir sobre os gigantescos desafios de educar cidadãos em um mundo em acelerada transformação, no qual o saber se abre em frentes multidisciplinares, permeadas pela tecnologia e pela mudança radical no papel do professor, que deixa de ser propagador vertical de conhecimento para se transformar em moderador e organizador da avalanche de informações disponíveis aos estudantes.

A educação é um processo bem mais amplo do que a interação em sala de aula, seja ela física ou virtual. Mas não resta dúvida de que, justamente por isso, as definições contemporâneas do papel da escola necessitam de mais debate e de menos embate. Só uma visão construtiva, agregadora e focada no aluno e na sociedade garantirão a eficácia de uma vacina essencial, a que nos protege contra a desinformação e contra os arroubos autoritários que hoje, infelizmente, ocupam o vácuo deixado pela falta de educação, no sentido mais amplo possível da palavra. Também por isso, apontar os bons exemplos é um dever democrático e uma contribuição a ser aplaudida.

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