quarta-feira, 1 de maio de 2019


01 DE MAIO DE 2019
+ ECONOMIA

PARA DESENCALHAR O CAIS


Porto Alegre precisa perseguir o futuro, em vez de lamentar o passado. O governador Eduardo Leite já havia dado sinal de que poderia romper o convênio com o atual concessionário do Cais Mauá quando fez um balanço de seus primeiros cem dias de governo. No dia 10 de abril, afirmara:

- Estamos revisando as condições atuais para cumprir o contrato. Talvez nas condições atuais não seja possível.

Além da Vonpar, que relatou sua experiência negativa em reportagem dos colegas José Luís Costa e Marcelo Gonzatto publicada no dia 27 de abril, empresários interessados no reencontro de Porto Alegre com seu antigo cais tentaram ajudar, participando. Recuaram ao perceber o tamanho da encrenca. Não quiseram expor a crise em público, mas manifestaram reservadamente a interlocutores sua preocupação com o futuro do projeto.

Não se tratava de "caranguejos", palavra que caracteriza quem critica projetos de desenvolvimento local. Nem todo crítico é caranguejo, no sentido de andar para trás. Além de a concepção do projeto ter ficado antiga, o Cais Mauá encalhou sob o peso de transações mal explicadas e sucessivas gestões problemáticas. Há dois anos, já se sabia, nos meios empresariais, que a concessão havia se tornado inviável financeiramente. Insistir na manutenção do atual modelo seria apostar no passado.

O futuro de Porto Alegre não é só digital. Uma solução para o cais que relativize a sustentabilidade - no conceito amplo, econômico, ambiental e social - também amarrará a cidade ao passado. Menos concreto, mais áreas naturais e mais acesso público têm de estar na resposta. Nesse sentido, trocar a concessão por venda de espaço, como sinaliza o governador, pode não ser a melhor resposta. Há risco de descaracterizar a área. Mas é possível fazer. Desde que se olhe para a frente.

--- --- Em nota, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), que estimou alta de 1,2% no PIB do Estado em 2018, rebateu a desconfiança do economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz, que considerou "exagerada" a queda de 4,2% na agropecuária. A base veio de de Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, Pesquisa Trimestral do Abate de Animais, Pesquisa Trimestral do Leite e Produção de Ovos de Galinha, todos do IBGE. "É possível evidenciar queda bastante acentuada na produção dos principais itens da agropecuária", sustenta a Fipe.

MARTA SFREDO

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