sexta-feira, 12 de maio de 2017


Jaime Cimenti

Todo esse jazz 


Não me canso de repetir que o jazz é a melhor criação brotada nos Estados Unidos. O samba e a bossa nova são, de repente, nossas melhores criações. Neste mundinho complicado, barulhento, briguento e otras cositas más, a música, as outras artes e a cultura são das coisas que ainda restam de bom e de inspiração para tocar o barco adiante. Em 2017, se comemora o centenário de lançamento do primeiro disco de jazz, as "primeiras faces" dos discos 78 r.p.m, com a lendária Original Dixieland Jass (depois jazz) Band- ODJB de Chicago. Libery Stable Blues e Dixie Jass One-Step foram as duas primeiras gravações.

Neste ano, também se comemoram os 100 anos do nascimento de três deuses do Olimpo do Jazz: Thelonius Monk, Dizzie Gillespie e Ella Fitzgerald. Ao longo do ano, festivais e concertos especiais vão acontecer, em diversos países, celebrando o centenário dos três ícones. Há quem considere o jazz, especialmente as versões mais modernas, como difícil. Melhor pensar que o jazz é complexo, e não difícil. O jornal Folha de S.Paulo lançou, há pouco, a coleção Lendas do Jazz, composta por 30 livros-CD alusivos aos mais cultuados intérpretes e autores jazzísticos.

Cantoras como Sara Vaughan, Ella Fitzgerald, Billie Holiday e Nina Simone, e brilhantes instrumentistas como Charlie Parker, Duke Ellington, Bill Evans e John Coltrane estão na coleção, que traz fotos históricas e comentários sobre a vida pessoal e artística das celebridades. Para quem quer iniciar-se no jazz, recomenda-se escutar os cantores Nat King Cole, Louis Armstrong, Ella e Sara, para sentir como cantam com liberdade, e depois curtir instrumentistas como Miles Davies, Stan Getz, Dizzy e Charlie. Notas alongadas, improvisos, harmonias dissonantes, tons emotivos e abstratos, e muito talento e amor pela música encantam.

Os que gostam de livros sobre jazz podem apreciar um dos clássicos do gênero: O livro do jazz - De Nova Orleans ao século XX (Edições Sesc/Editora Perspectiva, 640 páginas), de Joachim-Ernst Berendt e Günther Huesmann, que traz os estilos do jazz, músicos, elementos, instrumentos, vozes, big bands e bandas, e, ainda, detalhada discografia por Thomas Loewner e um artigo - Jazz à brasileira - por Carlos Calado.

A série de filmes-documentários de Ken Burns, disponível em uma série de DVDs e intitulada Jazz apresenta as origens, o desenvolvimento do gênero e o jazz em passado recente e permite aos espectadores uma visão panorâmica. Nosso conterrâneo playboy Jorge Guinle lançou, em 2002, pela José Olympio Editora, Jazz Panorama, um apanhado de 206 páginas sobre história, músicas, músicos, evolução e, ao final, uma discografia.

Muitos escritores, entre eles, Julio Cortázar e Scott Fitzgerald, se inspiraram no jazz e produziram contos e romances memoráveis. Cortázar dizia que gostava de escrever como se estivesse tocando jazz. a propósito... Vale lembrar que Porto Alegre, além de ser cinemeira, é jazzística. Décadas atrás, Hardy Vedana e Marco Antônio, do inesquecível Big Som da Joaquim Nabuco e, hoje, nossa Dama do Jazz Ivone Pacheco, ainda em atividade, mostram que seguimos admirando o jazz. O programa Sessão Jazz, FM Cultura (107.7), do jornalista e especialista Paulo Moreira, há 17 anos faz parte de nossas vidas.

O Café Fon Fon, na Vieira de Castro, do simpático casal de músicos Luizinho Santos (sax) e Bethy Krieger (piano), completou, com balanço e alegria, seus primeiros cinco anos, de uns 50 que vêm pela frente. Campai, longa vida, Fon Fon! Andam por aí jovens que fazem um jazz de responsa nas noites de Porto Alegre. Quando uma pessoa diz que gosta de jazz, não preciso perguntar nada para saber que ela é sangue ótimo, gente finíssima com energia boa. - Jornal do Comércio

(http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2017/05/colunas/livros/561542-historia-da-china-reformulada.html)

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