sexta-feira, 5 de maio de 2017


Jaime Cimenti


Compreendendo Oscar Niemeyer 

O arquiteto Oscar Niemeyer (1897-2012) é um dos brasileiros mais conhecidos e importantes em toda a história do País, em âmbito nacional e internacional. 

A partir dos 50 anos de Brasília, comemorados em 2010, diferentes instâncias acadêmicas brasileiras preocuparam-se em prestar homenagem a Niemeyer, mediante vários projetos editoriais. Entre essas homenagens, uma antologia de três seções, convocada pela Universidade de Brasília (UnB), consagradas respectivamente a olhares panorâmicos, análises teóricas e trabalhos sobre a trajetória profissional do carioca, a partir de obras específicas, no Brasil e no exterior, foi feita, sob a organização de Paulo Bruns e Ingrid Quintana Guerrero. 

Quatro ensaios sobre Oscar Niemeyer (Ateliê Editorial, 344 páginas), além de homenagear o mestre Niemeyer, fornece uma amostra revisada da iniciativa da UnB. São ensaios dos organizadores, de Hugo Segawa e Rodrigo Queiroz, com introdução de Sylvia Fischer, que abordam a obra de Niemeyer em São Paulo; a repercussão internacional da obra do arquiteto, a revisão crítica de Oscar Niemeyer e o Espaço Sagrado em Oscar Niemeyer e alguns desdobramentos na América Latina. 

Ao final do volume, notas biográficas dos autores dos ensaios. Os autores-organizadores fazem parte do grupo de pesquisas Arquitetura e Cidade Moderna e Contemporânea, vinculado à área de concentração em História da Arquitetura da Fauusp - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, e seus trabalhos partem de seus diferentes campos de atuação profissional. O professor Hugo Segawa, da USP, arquiteto, e a professora e arquiteta Ingrid Quintana Guerrero são responsáveis por dois ensaios. 

No volume, se fala da excepcionalidade da obra de Niemeyer, que despertou o interesse internacional e da literalidade de um diálogo com o passado que resulta em seus edifícios religiosos e que faz pensar sobre o caráter de modernidade que geralmente é atribuído, "a priori", ao grande arquiteto. 

O grande mérito da obra, além da profundidade e criatividade dos textos, como, aliás, disse Sylvia Fischer na introdução, é abordar mais especificamente questões teóricas, estéticas e historiográficas referentes aos projetos de Niemeyer e à sua atividade profissional em si. O projeto da UnB produziu um alentado volume de mais de 30 capítulos. Como disse a apresentadora, os quatro ensaios ora publicados fazem parte do volume e servem como um bom aperitivo, agora publicados nessa obra. 

A apresentadora e os leitores certamente vão ficar aguardando ansiosamente o cardápio completo, como escreveu ela. Niemeyer merece, realmente, estudos aprofundados, por sua longa, criativa e aplaudida trajetória. 

lançamentos 

A vida das sobras (Leitura XXI e FestiPoa Literária, 56 páginas), do jornalista, poeta, escritor e produtor cultural Carlos Eduardo Caramez, traz poemas destravados, pungentes e urgentes, como, por exemplo: lavro minha carne / lavo minha alma/ limpo meu espírito / preparo meu corpo. Manual de Editoração e Estilo (Editoras Unicamp, Edusp e UFMG, 728 páginas), do grande editor Plínio Martins Filho, mais de 45 anos dedicados à arte de editar, com colaboração de especialistas, é obra que nasce clássica e interessa a profissionais do livro e leitores, por sua amplitude e clareza. Arquivida - Do senciente e do sentido (Iluminuras, 96 páginas), do filósofo francês Jean-Luc Nancy, aborda com sutileza temas como tecnologia, divindade, toque e democracia. 

Não confronta a tradição para justificar suas teses. Ele usa os elementos da tradição justamente para relativizá-la. - Jornal do Comércio (http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2017/05/colunas/livros/560122-compreendendo-oscar-niemeyer.html)

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