terça-feira, 2 de maio de 2017

02 de maio de 2017 | N° 18834 
CARPINEJAR

  • Teste do pezinho

    Até o quinto dia de vida, é obrigatório o Teste do Pezinho. Com amostra de sangue do calcanhar do bebê, pode-se prevenir algumas doenças sérias de nomes complicados, como fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, fibrose cística, anemia falciforme, hiperplasia adrenal congênita e a deficiência de biotinidase.

    Existe, depois, um outro teste do pezinho com os filhos para antever se realmente amam os pais.

    É um exame poético e sutil que detecta o alto grau de saudade e apenas deve ser feito com crianças acima do 10 anos, nos momentos de partidas e despedidas em aeroportos e rodoviárias.

    É quando o filho levanta o pezinho para dar o abraço. Poucos reparam, mas ele traduz perfeitamente todo o apego filial.

    É um upa forte, as pernas saem do chão.

    Se os pais enxergassem o movimento de impulso, estariam chorando compulsivamente, e não viajariam mais.

    A pessoinha fica na ponta dos dedos para descarregar o peso inteiro nos braços e agarrar o pescoço do pai ou da mãe. Revela uma coreografia de esforço, um balé de maravilhamento do amor.

    A criança sobe uma escada imaginária para melhorar o abraço. Pula no trampolim das lembranças. Cresce cinco centímetros voando para apertar com mais força os lábios em nossas bochechas. Monta o pônei dos sonhos para alcançar os nossos ombros. Atinge a equivalência, numa mágica da presença, num piscar de olhos.

    A parte de cima é de um bebê, agarrada em nosso cangote. A parte de baixo já é de um adolescente impulsionando o corpo e suportando ausências. Metade berço, metade cama de casal. Metade infância, metade adolescência. Um centauro focinhando no jardim dos nossos cabelos.

    A saudade não tem altura para ser adulta. Quando os dias são meses e os meses são anos.

    O tempo para com os pezinhos levantados. Nem os querubins têm asas tão bonitas e plumosas.

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