02
de junho de 2014 | N° 17816
EDITORIAL
ZH
CLIMA DE COPA
O
que deve prevalecer, a partir de agora, é o desejo da maioria de acolher os
visitantes e torcer pelo êxito do evento, que é de todos, não pertence a
governos.
OBrasil
cumpre nos próximos dias mais uma etapa do processo irreversível de
preparativos finais para a Copa, num ambiente que aos poucos substitui o cenário
de contestação pelo clima de festa. Foi assim em todos os países que sediaram o
evento nas últimas décadas, quando reações previsíveis de contrariedade acabam
por se submeter ao desejo da maioria. E a maioria, também aqui, torce para que
os brasileiros desfrutem de um evento que não interessa apenas aos que vão aos
estádios, aos que têm afinidade com o futebol ou que, diretamente e
indiretamente, desfrutarão de seus benefícios.
A
Copa deixou, há muito tempo, de ser um acontecimento medido apenas por seus
resultados concretos e palpáveis. O maior evento do planeta deve ser visto também
pela sua inquestionável capacidade de congraçamento, e essa é a percepção que
deve predominar a partir de agora. O sentimento de integração será fortalecido,
a partir da semana que vem, quando se intensifica a chegada das delegações e
dos torcedores que formam o batalhão precursor dos países participantes.
O
percurso desde a escolha do país para sediar o Mundial, em 2007, foi acidentado.
Falhamos na adoção de providências básicas, no planejamento de obras, na
escolha equivocada de prioridades e ao superestimar o tamanho de estádios que,
depois do Mundial, terão pouca ou nenhuma utilidade. O setor público também
cometeu falhas na falta de transparência dos gastos públicos e na precária
divulgação do legado que a população terá com os investimentos, especialmente
em mobilidade urbana.
O
balanço geral é positivo, apesar da insistência com que os críticos da Copa
repetem questionamentos, da continuidade das manifestações públicas nas grandes
cidades e de declarações inoportunas, como as feitas pelo ex-jogador Ronaldo
Nazário. Membro do Comitê Organizador Local do torneio, Nazário não só criticou
os atrasos nas obras como afirmou, em entrevista, ao abordar os protestos de
rua, que os policiais devem “baixar o cacete” nos vândalos. Um ídolo do
futebol, o maior goleador de todas as Copas, não deveria, pelos excessos do que
diz, equiparar sua linguagem aos atos que condena. A população sabe que
manifestações ordeiras e vandalismo não são a mesma coisa.
A
Copa será, sim, o que os brasileiros desejam que seja, e a aspiração majoritária
é pelo sucesso do evento. O Brasil não tem nenhum exemplo anterior de
acontecimento com essa dimensão. É uma chance única para o país que pretende
conquistar, além do Hexa, o reconhecimento como nação capaz de mobilizar pes- soas,
energias e recursos para o êxito de um certame com tal grandiosidade. A Copa
tem as seleções como estrelas, é organizada pela Fifa e sustentada pelos que a
viabilizam, é claro, também como negócio. Mas pertence a todos os que dela
participam, e não a organizações ou governos.
EM
RESUMO
Editorial
defende que, sem prejuízo das manifestações democráticas, o país deve desfrutar
do ambiente do Mundial.
Nenhum comentário:
Postar um comentário