09
de junho de 2014 | N° 17823
ARTIGO
- Paulo Brossard*
ENCALHADO
O
Brasil atravessa momento impreciso, praticamente estacionado, tão mofino tem sido seu crescimento, coisa de
2% ao ano, dá a ideia de um navio encalhado. A perspectiva de melhoria
significativa parece remota, enquanto a menos boa, lastimavelmente, é mais plausível,
considerando a queda no crescimento do PIB e os dados internos e externos.
Em
ano anterior, o resultado não fora bom e o governo se limitou a projetar
aumento espetacular, de um “pibinho” prometia um “pibão”. O resultado, mais que
pífio, foi deplorável. Nesse quadro, nenhum sinal promissor aparece, nem mesmo
na linha do horizonte. Mas a senhora
presidente é candidata à sua reeleição. Alvíssaras!
Quem
pretende a reeleição sem nada dizer a respeito leva a supor que continuará as
linhas da sua atual gestão. Afinal de contas, quem diz reeleição sem nada
esclarecer faz crer a continuidade do que fez e do que deixou de fazer em
quatro anos de governo.
Compreende-se
que um grande governo possa motivar a reeleição do governante, mas ainda não se
vira que chegue ao cabo o quadriênio menos feliz da gestão e alguém possa
pensar em continuidade. Seria o paradoxo dos
paradoxos.
Agora,
por exemplo, a senhora presidente sem lei, por arbítrio seu, surpreendeu o seu
mutismo com um decreto que literalmente desmancha a administração pública; esta é regida por lei e a senhora
presidente, revogando a Constituição, abre as portas da administração a quem nela queira entrar
e mexer como lhe aprouver. Seria o conúbio
da legalidade administrativa com a licenciosidade do anonimato.
Trata-se
de uma fuga à realidade nunca vista, expediente com que a senhora presidente
pretenderia superar a atrofia política e administrativa chegada ao descalabro
do encalhe. Daí por que não seria surpresa se o resultado viesse a ser a
retração do país , e esta tem sido a
opinião de doutos.
Nenhum
alvitre, ainda que mediocremente razoável. A reeleição seria o segredo do
milagre, mas este é por demais escarninho. Com devaneios não se desencalha uma
jangada, muito menos uma nação.
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