21
de junho de 2014 | N° 17835
EDITORIAL
O HOMEM DO
EXTINTOR
As
autoridades da segurança não podem ser observadoras dos atos de vandalismo que
depredam o patrimônio privado e passam ao mundo uma imagem de complacência e
omissão.
Subproduto
indesejável das manifestações de rua, os delinquentes que se aproveitam do
anonimato para depredar e agredir continuam assustando o país. Já não há mais
dúvida de que as autoridades precisam ser mais firmes no tratamento dispensado
aos marginais que insistem em boicotar os próprios movimentos que os protegem.
As cenas do homem armado com um extintor de incêndio na última quinta-feira,
destruindo carros no interior de uma revenda em São Paulo, somadas às imagens
dos demais manifestantes que atacaram agências bancárias, expõem ao mundo uma
imagem deformada do país. Grupos inexpressivos, do ponto de vista numérico e
também como representantes de setores da sociedade, acabam por promover atos
com grande repercussão, em decorrência da fúria de suas ações e dos danos que
provocam.
Seria
um exagero supor, no entanto, que os vândalos possam ser entendidos fora daqui
como uma expressão do brasileiro. O que existe, claramente, é uma anomalia,
muitas vezes com pretensões políticas, infiltrada nos movimentos sociais.
Imagens semelhantes espalharam-se pelo mundo às vésperas da Olimpíada de 2012,
quando áreas de Londres foram transformadas em praças de guerra.
As
manifestações eram tão violentas, que a área da segurança chegou a determinar a
suspensão de partidas do campeonato inglês de futebol, porque seria impossível
garantir a integridade dos torcedores. A Olimpíada chegou a ser posta em
questão, com a proliferação de protestos pelas mais variadas causas. Temia-se
que os britânicos patrocinassem um fiasco mundial. Mas os jogos foram
realizados com sucesso, e o esporte venceu os que dele tentavam se aproveitar
para promover atos violentos.
O
Brasil pode se inspirar no que Londres fez na abordagem dos ataques que usavam
a Olimpíada como pretexto. Os britânicos conviveram com as críticas dos que
discordavam da realização do evento, e eles não eram poucos. Os do contra
fizeram barulho nas ruas, na imprensa, nas redes sociais, mas foram tratados
como discordantes. Mas, em relação aos vândalos, Londres fez o que o Brasil vem
adiando.
As
autoridades britânicas enfrentaram a violência reprimindo, identificando seus
autores, prendendo e processando. Num dos piores momentos das depredações, o
governo advertiu que os vândalos arcariam com as consequências. E eles foram
presos, julgados e pagaram por seus atos.
As
autoridades de segurança no Brasil optaram pelo distanciamento. Os agressores
do patrimônio privado são apenas observados enquanto agem. Essa é a imagem que
estamos transmitindo ao mundo – a da complacência e da omissão no cenário do
quebra-quebra. O que aconteceu em São Paulo é um bom exemplo. Os black blocs
percorreram várias quadras da área central, atacando revendas de carros,
bancos, orelhões, lixeiras. Depois, armaram barricadas e se dispersaram, como
se nada tivesse acontecido. O Brasil está demorando a seguir o exemplo de
Londres.
EM
RESUMO
Editorial
condena a repetição de atos criminosos nas ruas e defende que o Brasil siga o
exemplo de Londres, que combateu com rigor o clima de guerra por ocasião da
Olimpíada de 2012.
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