domingo, 1 de junho de 2014


01 de junho de 2014 | N° 17815
TRANSPARÊNCIA ZH

APOIAMOS A COPA, SIM! MAS COM VISÃO CRÍTICA

Zero Hora apoia a realização da Copa do Mundo no Brasil desde outubro de 2007, quando a Fifa anunciou oficialmente a escolha do país como sede da competição. Antes mesmo de qualquer projeto editorial e publicitário, o jornal viu no fato uma grande oportunidade para o país e para o Estado, pois um Mundial de futebol dá visibilidade ao país-sede, atrai turistas, movimenta a economia e deixa um legado de modernização nas cidades que recebem os jogos. Com a aproximação do evento, o jornal e os demais veículos do Grupo RBS mantiveram suas visões editoriais independentes e implementaram seus planos de cobertura respaldados por patrocínios e vendas de publicidade no modelo de negócio que sustenta as empresas de mídia.

A Rádio Gaúcha é a única emissora do Estado com direitos de transmissão das partidas com equipes próprias porque desembolsou a quantia de R$ 1,2 milhão pelos direitos de transmissão da Copa das Confederações e da Copa do Mundo. Da mesma forma, a RBS TV transmitirá a Copa para o Rio Grande do Sul e Santa Catarina em decorrência de sua afiliação à Rede Globo, detentora dos direitos dessa e das Copas de 2018, na Rússia, e de 2022, no Catar. Isso não significa exclusividade. No Brasil, por exemplo, os jogos também serão transmitidos pelos canais SportTV, ESPN Brasil, Fox Sports e Rede Bandeirantes. 

O custo é elevado. No total, considerando-se os gastos com cobertura, pessoal, viagens, eventos e equipamentos, o Grupo RBS investirá cerca de R$ 40 milhões no Mundial.

O apoio institucional dos veículos da RBS não inibe seus comunicadores de se posicionar livremente em relação à Copa nem interfere na cobertura independente e crítica de seus jornalistas. Observe-se, por exemplo, a evolução do tratamento dispensado ao evento por ZH. Para o jornal, num primeiro momento, a Copa era uma oportunidade de os brasileiros absorverem e aplicarem conceitos de planejamento e realização de projetos de complexidade inédita e extrair benefícios duradouros para todo o país. Com o passar do tempo, porém, foi ficando claro que as metas, por incúria e ineficiência, não seriam cumpridas em quase nenhum campo, e o jornal passou a cobrar e a lamentar a perda dessas oportunidades.

Ao mesmo tempo em que, apesar das críticas, o jornal nunca deixou de acreditar nos benefícios da Copa, alguns de seus mais destacados colunistas se mostraram, desde o primeiro momento, contrários à realização do Mundial no Brasil. O mais notório dos opositores tem sido Paulo Sant’Ana, que já em 2007 não enxergava capacidade e necessidade de o país organizar um evento desta natureza e dimensão. 

Na época, dissonante da maioria da opinião pública, a oposição de alguns colunistas rendeu ataques a eles, que, como é praxe na empresa, sempre tiveram plena liberdade de manifestação. Este aparente paradoxo chegou a ser exposto por ZH em uma campanha publicitária que apresentava a discordância entre a opinião do jornal e a de seu mais conhecido colunista como exemplo de autonomia e pluralismo. Posteriormente, Sant’Ana optou por uma trégua nas críticas.

Desde o final da Copa na África do Sul, Zero Hora assumiu a visão de que deveria fazer uma grande cobertura do Mundial brasileiro. A cobertura não se apropriou de um tom ufanista, mas em seu início falhou em não dar mais visibilidade a moradores descontentes e a antecipar a ineficiência que levaria a atrasos e transtornos provocados pelas obras. Mesmo assim, o jornal deixou claro que não acompanharia burocraticamente o avanço das obras e inaugurou em 2011 o Copômetro, uma seção que, usando bolas murchas, meio vazias ou cheias, fiscaliza as promessas e o ritmo das obras.

Em outra ocasião, o jornal e o Grupo RBS se viram como parte do encaminhamento da solução para a reforma do Beira-Rio e da manutenção da Copa no Estado. Em um churrasco na sede da empresa, depois de meses de obras paradas no estádio, encontraram-se o ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, o prefeito José Fortunati e os presidentes de Inter e Grêmio. Ali ficou claro que a Copa em Porto Alegre estava por um fio e alguns convidados saíram do churrasco com ânimo renovado para negociar com a construtora Andrade Gutierrez o fechamento do acordo que finalmente daria sequência às obras do Beira-Rio.

Na cobertura jornalística, há duas grandes equipes do grupo atuando em paralelo. Uma é formada pelos jornais e rádios e suas extensões digitais, que se integram na chamada Liga dos Fanáticos. A outra é composta pela RBS TV, que se afilia à cobertura da Rede Globo, com espaços e características próprias. O time da Liga dos Fanáticos conta com cerca de 60 profissionais credenciados, um recorde (na África, foram 22).

Esta é a maior e mais dispendiosa cobertura já realizada pelos veí-culos da RBS, que se propuseram a surpreender o público com um conteúdo diferenciado e iniciativas inovadoras. A Rádio Gaúcha, por exemplo, terá equipes atuando ao vivo em todos os estádios em todas as partidas. A exclusividade na transmissão radiofônica, entretanto, gerou ataques de veículos concorrentes e um procurador federal chegou a entrar com uma ação questionando esta condição. A iniciativa foi prontamente arquivada pela própria Justiça Federal, que reconheceu o direito da emissora.

Agora, quando nos aproximamos do auge de anos de discussão e preparação, o jornal defende que já não faz sentido se debater o apoio ou não à Copa. Em seu lugar, deve entrar o compromisso de se promover o melhor evento possível, extraindo-se dele os melhores benefícios coletivos possíveis. Desde já, porém, o jornal assume um novo compromisso. Quando acabar a festa da Copa, ZH seguirá cobrando a conclusão das obras e a preservação do legado do Mundial.

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