domingo, 30 de outubro de 2011


CARLOS HEITOR CONY

Pronto-socorro

RIO DE JANEIRO - Com o devido respeito ao ministro Aldo Rebelo, que está assumindo a pasta do Esporte, lembro um episódio que aparentemente nada tem a ver com o caso, mas guarda alguma analogia.

Um arquiteto milionário (já falecido) decidiu fazer um jornal e contratou para dirigi-lo um dos maiores jornalistas da época.

Acontece que a linha editorial, imposta pelo arquiteto proprietário, era de absoluto apoio ao governo de Vargas em sua fase ditatorial.

O consagrado editor engoliu alguns sapos, mas acabou pedindo o boné e indo embora. Para substituí-lo, o proprietário nomeou o segundo na hierarquia, que durou pouco, sendo trocado por um terceiro elemento do esquema anterior.

De substituição em substituição, o jornal acabou sendo dirigido por um repórter de setor que cobria pronto-socorro. O jornal faliu em pouco tempo. Mas o proprietário foi fiel ao esquema inicial formado pelo primeiro e consagrado editor. Faliu, mas respeitou os compromissos com a equipe pioneira.

No caso das substituições dos ministros, no regime de dona Dilma, está havendo coisa parecida.

Prisioneira da base de sua sustentação, fechou com o PC do B, que não abriu mão de sua participação no governo. Bem verdade que Aldo Rebelo é figura respeitável, tem interesses culturais que já renderam polêmicas nos meios acadêmicos, é um político que escapa ao padrão a que estamos habituados.

Não deve ter muita afinidade com os problemas que estão surgindo no setor de seu ministério. Seria um excelente ministro da Cultura. Mas enfrentará desafios de cachorro grande no programa da Copa e da Olimpíada. Se pedir o boné e for embora, de mão em mão nas fileiras do PC do B deverá haver um setorista de pronto-socorro.

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