sexta-feira, 1 de novembro de 2024



01 de Novembro de 2024
INFORME ESPECIAL - Rodrigo Lopes

A conta chegou para todos

Rio Grande do Sul, Texas, Munique e, agora, Valência. A tragédia espanhola desta semana soma-se ao conjunto de províncias, Estados ou regiões que experimentaram, nesse duro 2024, desastres provocados por eventos extremos.

Não esqueçamos da República Tcheca, onde rios transbordaram, e casas e ruas ficaram submersas. Na Polônia, uma barragem rompeu, provocando uma onda gigante na cidade de Stronie Slaski. E houve, ainda, inundações na Moldávia e na Romênia.

A maioria dos desastres citados aqui não está contabilizada nos cálculos dos prejuízos feitos por seguradoras, porque muitos ocorreram no segundo semestre. A Munich Re, por exemplo, estimou em US$ 120 bilhões de prejuízos causadas por desastres naturais no mundo nos seis primeiros meses de 2024 - sem contar as incomensuráveis perdas humanas. Destaco as perdas financeiras, porque, se não for por conscientização, sobre a necessidade de mudarmos o nosso modo de vida e consumo, que seja, ao menos, pelas perdas econômicas.

As mudanças climáticas não são mais apenas assunto de ambientalistas ou pesquisadores. Discutir só o derretimento dos polos é algo do passado. É no dia a dia - e no bolso - que estamos sentindo os efeitos de um planeta mais quente. A conta chegou para todos. _

Programa do BRDE na COP16

O programa Fundo Verde e Equidade, lançado pelo Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) há dois anos, foi uma das iniciativas mundiais destacadas na Conferências das Nações Unidas sobre a Biodiversidade, a COP16.

A iniciativa foi selecionada entre projetos de 14 países como projeto colaborativo de incentivos positivos para a conservação da biodiversidade. _

Escolhidos projetos de fomento social

A 4a edição do Fundo Valor Local, programa de fomento social da CMPC, definiu os projetos a serem apoiados.

Ao todo, serão 18 iniciativas gaúchas que receberão um investimento recorde na história da ação, com mais de R$ 500 mil e que beneficiarão aproximadamente 7,5 mil pessoas de 20 cidades gaúchas. Algumas são projetos de regiões ou comunidades impactadas pelas enchentes. _

Entrevista - Maurício Moura

Doutor em economia e gestão política e professor da Universidade George Washington, nos Estados Unidos

"Quem ganhar na Pensilvânia, vai ganhar a eleição americana"

A quatro dias das eleições presidenciais dos EUA, a coluna conversou com o doutor em economia e gestão política e professor da Universidade George Washington, nos EUA, Maurício Moura.

É possível prever quem vai ganhar as eleições?

Não. Impossível, principalmente a presidencial. Lembrando que temos três eleições relevantes: a presidencial, que é um fato inédito, onde nos sete Estados decisivos existe um empate nas pesquisas. Do outro lado, no Senado, os republicanos são favoritos a retomarem a maioria. Na eleição da Câmara, os democratas são favoritos.

Kamala Harris tem rejeição em relação a homens negros e latinos. Por que isso ocorre?

A campanha dela tem feito um esforço forte para trazer esses homens para votar, e tem um grupo que não é que vai votar no Donald Trump, tem um grupo que é indiferente, está arriscando ficar em casa. E tem uns poucos que mudaram de lado para o Trump, principalmente por causa da economia. Em relação ao eleitorado latino, é mais complexo, porque é mais heterogêneo.

E as fragilidades de Trump?

São os brancos com alta escolaridade e principalmente as mulheres. Trump vai muito mal no eleitorado feminino, pior do que nos anos anteriores. E tem um problema com os independentes também, porque tem uma base muito ativa de eleitores, que provavelmente vai comparecer massivamente, só que tem dificuldade de avançar essa base. Kamala tem uma oportunidade que ele não tem, porque tem uma rejeição menor, então o objetivo é fazer com que quem rejeita Trump, vote nela.

Qual o principal swing state?

A grande disputa é na Pensilvânia. Conversando com as duas campanhas, elas concordam em uma coisa: republicanos estão melhor posicionados em Arizona, Carolina do Norte e Georgia, e que democratas estão bem para ganhar em Wisconsin e Michigan, então temos dois lugares onde há muita incerteza até agora, que é Pensilvânia e Nevada, só que Pensilvânia tem muito mais votos. Então, minha leitura, bastante em linha com as duas campanhas, é que quem ganhar a Pensilvânia provavelmente vai ganhar a eleição.

Kamala empolgou no começo e depois ficou "morna"?

Com certeza. Ela foi lançada, não participou das primárias, e em seguida houve a Convenção Democrata, então um período bastante positivo. Lembrando que é muito difícil concorrer com Trump, isso sempre foi, porque ele tem uma grande capacidade de pautar a dinâmica e as conversas das eleições. E esse período em que ela foi lançada, ele não exerceu esse protagonismo, depois voltou uma disputa como sempre foi: Trump pautando e os democratas tendo que se adaptar. Agora, por outro lado também, ela conseguiu angariar de cara aqueles eleitores que não gostavam do Trump, mas estavam desconfortáveis com Biden.

Quais as diferenças dessa para as eleições anteriores?

Acho que 2016 era mais favorável para o Trump porque ele era um outsider, não tinha nenhuma referência dele como governante e isso foi fundamental para a vitória. Em 2020, perdeu porque o governo era mal avaliado, assim como o de Biden é hoje. Agora é uma eleição complexa, porque é ao mesmo tempo sobre a gestão Biden-Harris, com a continuidade ou não, e também se você quer o Trump de volta ou não.

Trump pode rejeitar o resultado das urnas?

Tem duas escolas de pensamento em Washington. A mais otimista, de que se ele perder vai ficar quieto, porque em novembro tem a sentença dele em Nova York, então muita confusão às vésperas seria contraprodutivo. A corrente mais pessimista pensa que estão se preparando para contestar todos os resultados, com uma estrutura grande para não aceitar o resultado.

Qual o foco na reta final?

As campanhas não estão gastando tempo para convencer pessoas a mudar de lado, o que vemos é uma operação que chamam de get out to vote, que é fazer as pessoas saírem de casa para votar. _

INFORME ESPECIAL

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