Nova relação com a China exige equilíbrio
Os 37 acordos assinados com muito protocolo durante a visita de Estado do presidente da China, Xi Jinping, a Brasília - uma extensão da agenda do G20 - não contêm um megaprojeto. Mesmo assim, devem abrir nova fase nas relações com o Brasil. Os projetos têm conexão com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Nova Indústria Brasil, o Plano de Transformação Ecológica e o Programa Rotas da Integração Sul-Americana.
O objetivo do governo Lula é deixar de ser apenas exportador de matérias-primas básicas, como minério de ferro e soja com baixa elaboração, e importador de automóveis e "quinquilharias". A ambição é ter produção conjunta, com transferência de tecnologia.
- Queremos adensar a cadeia de valor em nosso território, além de ampliar e diversificar a pauta com o nosso maior parceiro comercial - disse ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Esse movimento, no entanto, será feito de forma gradual e cautelosa, especialmente depois da eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos. Para usar analogia georreferenciada, será um exercício semelhante ao dos "pratos chineses" - aqueles que têm de ficar rodando na mesma velocidade para não cair e quebrar.
Embora a China seja o maior comprador do Brasil, EUA e Europa são parceiros igualmente relevantes. Com meios que ficarão ainda mais distintos a partir de janeiro, ambos tentam frear o que veem como um plano chinês para alcançar a hegemonia econômica global. Isso sem contar a aproximação dos chineses com a Rússia e do risco geopolítico embutido nessa aliança. Então, ao acelerar a rodagem do prato da China, o Brasil precisa manter girando também pelo menos os dos EUA e da União Europeia.
Adesão à nova rota da seda fora do roteiro
Não houve menção, por exemplo, à adesão brasileira à Iniciativa do Cinturão e Rota, chamada também de "nova rota da seda", principal ferramenta da expansão do poder da China no mundo.
Se tivesse ocorrido algum avanço agora, poderia adicionar complexidade às já desafiadoras negociações com a União Europeia na tentativa de acordo com o Mercosul e, provavelmente, visto com desfaçatez pelo futuro governo Trump.
E se já é uma operação complexa lidar com a plateia estrangeira, ainda é preciso cuidar do público nacional. Há críticas ao excesso de abertura do Brasil à China de setores tão distintos quanto o varejo - por conta dos sites que vendem barato e até há pouco nem sequer eram tributados -, setor siderúrgico - pela "invasão do aço chinês" - e automobilístico - por benefícios extras concedidos a montadoras como a BYD.
A coluna já ouviu, de um empresário usualmente muito centrado, que há uma "conspiração" no governo Lula para beneficiar a China. Muitos pratos chineses... _
Comércio do Brasil de janeiro a outubro deste ano
Exportação % DO TOTAL
China 29,32
União Europeia 14,24
Estados Unidos 11,57
Importação % DO TOTAL
China 23,91
União Europeia 18,07
Estados Unidos 15,5
Superávit com a China
Exportação US$ 83,4 bi
Importação US$ 52,95 bi
Saldo US$ 30,45 bi
O peso do gigante
Superávit total US$ 63,1 bi
Saldo com China/total 48,3%
Fonte: Comex/Mdic
Hotel de Porto Alegre em nova fase pós-enchente
Com nove unidades no país, a rede Deville reabriu seu tradicional hotel em Porto Alegre, atingido pela enchente no 4º Distrito e fechado em 5 de maio.
A operação voltou em 18 de setembro - pouco mais de quatro meses depois de parar - com investimento de cerca de R$ 7 milhões para reparação e reforma de equipamentos e áreas sociais.
No dia 28, haverá uma cerimônia de reabertura para marcar a superação do período de desafios que envolveu também processo de reestruturação.
Salas de eventos foram revitalizadas, com novos revestimentos, pintura, decoração, mobiliário e instalações elétricas. Outras partes do Deville Prime Porto Alegre também tiveram o visual renovado.
A rede afirma não ter demitido trabalhadores em razão da enchente. Fez desligamentos já programados. Ao todo, tem 138 funcionários na operação da Capital. A empresa mantém campanha em todos os seus hotéis que reverte venda de sobremesa em doações para trabalhadores da unidade gaúcha. _
A elevação do prêmio de risco é ligada à desconfiança de que o governo não vai conseguir equilibrar o resultado fiscal.
Roberto C. Neto - Presidente do Banco Central
R$ 460 milhões
é o valor da aquisição e expansão de uma unidade de processamento de alimentos definido pela BRF (Sadia, Perdigão e Qualy) na província de Henan, na China. São duas linhas com capacidade de 30 mil toneladas/ano. Do total, R$ 210 milhões serão aplicados na adequação e expansão de duas linhas de hambúrguer.
Reforço no pacote sempre adiado
Ainda na terça-feira, surgiu a informação de que os cortes no Ministério da Defesa podem ser mais robustos do que se esperava. Mas continua a dúvida sobre o pacote que quer "reduzir o crescimento das despesas": quando sai? Ninguém sabe. Pode ser hoje ou amanhã. Ou ficar para a próxima semana.
Além do fim da chamada "morte ficta" (veja ao lado), a Defesa pode dar outras contribuições. Até agora não apareceu o fim da pensão para filhas solteiras, um benefício anacrônico. Ainda virá? Não houve "clima" para incluir nos cortes?
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