Acordo comercial
Carrefour pede desculpas após impasse sobre carne do Brasil. Em carta enviada ao ministro da Agricultura, CEO do grupo francês reconheceu qualidade da proteína. No dia 20, ele havia informado que a empresa deixaria de comprar o produto do Mercosul, em apoio a agricultores franceses que protestam contra negociações com o bloco
O executivo havia informado, na semana passada, que a rede deixaria de comprar carne do Mercosul, em apoio aos agricultores franceses que protestam contra o acordo de livre-comércio entre a União Europeia e o bloco sul-americano.
"Sabemos que a agricultura brasileira fornece carne de alta qualidade, respeito às normas e sabor. Se a comunicação do Carrefour França gerou confusão e pode ter sido interpretada como questionamento de nossa parceria com a agricultura brasileira e como uma crítica a ela, pedimos desculpas", disse Bompard, no documento entregue pela Embaixada da França ao Ministério da Agricultura. A pasta confirmou ter recebido a manifestação.
A carta de Bompard é uma tentativa de estancar a crise entre o Grupo Carrefour e o agronegócio brasileiro, em especial a indústria das carnes nacional, iniciada no último dia 20, quando Bompard comunicou a decisão da varejista alegando que as carnes do Mercosul não respeitam os requisitos e normas do mercado francês.
Fornecimento
Na carta, Bompard se diz um "amigo de longa data do País". "O Carrefour é um grupo descentralizado e enraizado em cada país onde está presente, francês na França e brasileiro no Brasil", afirmou.
Bompard destaca que na França o Carrefour compra quase toda a carne utilizada nas suas atividades dos produtores franceses. No Brasil, segundo ele, também o Grupo Carrefour compra quase toda a totalidade de carne necessária para as atividades dos produtores locais. "E seguiremos fazendo assim", afirmou.
Ainda ontem, o Carrefour Brasil informou que o cronograma de entregas de produtos de carnes bovinas foi retomado. Em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a companhia diz que espera a normalização do reabastecimento de tais produtos no decorrer dos próximos dias.
"A Companhia manterá seus acionistas e o mercado informados sobre novos desdobramentos relevantes relacionados ao assunto", diz a empresa.
Repercussão
Já a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) informou que espera "que as operações da rede francesa sejam restabelecidas". _
Reação no Congresso
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse que a carta "foi muito fraca dado o estrago de imagem que o CEO do Carrefour produziu". O parlamentar afirmou que vai pautar na Casa a discussão de medidas de "reciprocidade econômica" com a França, mesmo após a retratação.
A ex-ministra da Agricultura e senadora Tereza Cristina (PP-MS) também fez críticas à carta.
- É uma desculpa protocolar e não responde de fato aos danos causados aos produtos brasileiros lá fora, apesar da importância pífia da França - disse em reunião da Frente Parlamentar da Agropecuária.
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