Direto de Baku
Missão: evitar o fracasso da COP29
Uma vez que a COP29 é a antessala da COP30, em Belém, o governo brasileiro intensificou, nas últimas 24 horas, os esforços para salvar a conferência de Baku do fracasso. O que seria esse fracasso? O documento final, a ser divulgado entre hoje e amanhã, não conter o chamado "quantum", um novo valor a ser emitido pelos países desenvolvidos às nações em desenvolvimento, a cada ano, para ações de transição energética e adaptação aos eventos extremos. O valor atual, de US$ 100 bi, estipulado em 2009, não foi cumprido.
Nas horas finais da COP29, o Brasil intensificou as conversas bilaterais com atores-chave, como o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e autoridades de China, Austrália, União Europeia e Reino Unido. A ausência dos EUA é proposital. O contexto não ajuda: a eleição de Donald Trump, que assume em 20 de janeiro, coloca os americanos fora da missão de limitar a temperatura média do planeta a 1,5°C em relação ao período pré-industrial. A guerra entre Rússia e Ucrânia, que recrudesceu nesta semana, dificulta ainda mais o esforço multilateral. Se a COP29 não recuar, retirando do papel final a menção à redução de uso de combustíveis fósseis, já será algo a se comemorar. _
Entrevista - Marcello Brito - Secretário-executivo do Consórcio Amazônia Legal
"A discussão aqui é a mais difícil de todas: sobre finanças"
Em entrevista direto da COP29, Marcello Brito, secretário-executivo do Consórcio Amazônia Legal, fala o que esperar da COP30, em Belém.
Como apresentar algo que tenha a cara do Brasil, mas, ao mesmo tempo, condições de receber todo mundo em termos de infraestrutura?
Será uma COP, provavelmente, menor, em termos de número de pessoas, mas tem a possibilidade de ser a melhor COP em agenda. Participo de COP desde 2006, não vejo as pessoas discutindo se a infraestrutura era boa ou ruim, mas se a tal COP foi um fracasso ou um sucesso.
Vocês estão preocupados com a infraestrutura?
Temos de migrar do debate simplista da infraestrutura, que é necessária, e tem gente competente cuidando disso, para focar na agenda que insere o Brasil no mundo.
O que precisa ser feito aqui, na COP29, para que Belém seja um sucesso?
A discussão aqui é a mais difícil de todas: sobre finanças. Não se faz transição sem investimento. A conta é alta, porque passamos o período de mitigação: quando se falava nisso, falávamos na escala de US$ 100 bi por ano. Entramos no período de adaptação. Ou seja, o RS precisa ser adaptado às novas condições, o oeste da Amazônia precisa ser adaptado porque há regiões que estão em emergência climática há três anos. O custo da adaptação é da casa dos trilhões por ano.
O senhor falou do RS, que sofre períodos de estiagem e enchente. O tema da mudança climática chegou à população?
Isso mostra a nossa fraqueza de só fazer transformação no caos. A ideia de "não acredito nisso porque só acontece com os outros" passou. Agora, está acontecendo com a gente. Cabe reflexão enquanto cidadão: "Eu acreditava naquele político, prefeito, governador, deputado, senador, segundo o qual nada disso existia, era coisa de europeu, ambientalista?". O que ocorre agora já estava previsto nos relatórios do IPCC há 20 anos. Mas não quisemos acreditar.
E agora, temos de fazer. O cara acha que é conversa de esquerdista, então vamos chamar de "transição econômica". Os americanos chamaram de "inflation reduction act", o maior pacote de transformação verde da economia americana, mais de US$ 200 bilhões em subsídios, chama-se um "ato de redução de inflação". É uma questão de metalinguagem, e às vezes é isso o necessário para suplantar mentes mais difíceis de serem convencidas. _
Drenagem na Zona Norte
Em reunião durante a COP29, em Baku, no Azerbaijão, a prefeitura de Porto Alegre e o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) acertaram acordo de cooperação técnica que permitirá a liberação de R$ 2,5 milhões a fundo perdido, que serão utilizados para contratação de empresa para atualização do Plano de Drenagem Urbana da Bacia do Arroio Passo das Pedras e do Arroio Passo da Mangueira, na Zona Norte.
A empresa contratada terá nove meses para desenvolver os estudos do sistema de drenagem e medidas estruturais e não estruturais para a bacia, que envolve 11 bairros da região. A área, duramente atingida pelas cheias de maio, tem problemas históricos de alagamentos. _
INFORME ESPECAIL
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