Qual a brecha do RS na busca do Japão por mais etanol
Não é só sobre hidrogênio verde que a comitiva gaúcha tem ouvido aqui no Japão. Na pauta da energia, chama a atenção como o etanol ganha espaço. É, por exemplo, uma aposta da gigante Toyota para ser o biocombustível nos carros híbridos, com a eletricidade. É usado até mesmo no saquê, bebida tradicional japonesa. Sim, o saquê, que é feito de arroz, torna-se alcoólico quando adicionado etanol de cana de açúcar. Mas os japoneses estão agora também olhando para o etanol de milho.
Qual a oportunidade do Rio Grande do Sul, já que ele está longe de produzir até mesmo a quantidade de etanol que consome? O Estado tem vários projetos para usinas. Precisa, claro, ter o insumo. A Be8, por exemplo, fará uma fábrica de R$ 1 bilhão no norte gaúcho. A unidade fará etanol de cereais, como o trigo - principal cultura de inverno da agricultura gaúcha - e triticale, um híbrido de trigo e centeio resistente a geadas. O presidente da empresa - que é a maior produtora de biodiesel do Brasil -, Erasmo Carlos Battistella, já tem conversas com companhias japonesas.
No motor do gaúcho
Com o preço do álcool comprado das usinas de São Paulo e o custo logístico para levá-lo às bombas dos postos gaúchos, o desembolso do consumidor não vale a pena em relação à gasolina. _
Entrevista - Artur Lemos - Secretário-chefe da Casa Civil do RS
"Um incentivo em uma parte pode equilibrar o custo em outra"
Em Minato, área de Tóquio com embaixadas e multinacionais, foi construída uma lagoa subterrânea para baixar o rio. Também é usada inteligência artificial para coletar informações de redes sociais no momento dos desastres.
No comando das agendas de hidrogênio verde aqui na Ásia está o secretário-chefe da Casa Civil, Artur Lemos. Falou à coluna do porquê do interesse do Rio Grande do Sul nesta cadeia econômica.
? O RS aposta mais no hidrogênio verde como combustível de veículos pesados ou para uso no agronegócio, como fertilizantes?
A mobilidade é importantíssima, pois temos que neutralizar carbono do transporte rodoviário até 2050, o que exige veículos, claro, e uma infraestrutura de abastecimento. Então, para uma primeira planta de hidrogênio, olhamos a amônia verde para fertilizantes, e metanol verde para a indústria de biodiesel, que hoje importa 100%. Tem ainda as indústrias de gases que usam oxigênio e hidrogênio na cadeia, pela quebra da molécula.
Japoneses pedem incentivos em impostos para investir no hidrogênio no RS. Terão?
Vamos construir um modelo para equalizar e fazer sentido. Um incentivo em uma parte da cadeia pode equilibrar o custo maior em outra.
Querem ainda uma zona de processamento de exportação (ZPE), que dá incentivos para as vendas ao Exterior. Há 12 no país (três ativas), nenhuma no Estado. Como termos também?
Nossos congressistas estão trabalhando para isso, para que o governo federal compreenda e a crie. O próprio governo do Estado também acompanha. Mas é um caminho difícil, árduo. Precisamos ter uma zona que permita incentivos principalmente no porto de Rio Grande.
Para fazer hidrogênio, precisa bastante energia eólica, que necessita de crédito mais barato. Quando o RS terá um fundo constitucional para isso, assim como as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste?
O governador vem lutando dentro da reforma tributária para termos um fundo constitucional. _
Apoio de agência que ajudou SC na prevenção
Um dos objetivos do governador Eduardo Leite na visita aqui ao Japão era conhecer sistemas de prevenção contra desastres naturais e buscar apoio de instituições do país asiático para implementar medidas no Rio Grande do Sul. Aqui, enfrentam-se terremotos, enchentes e tufões periodicamente. Neste sentido, uma agenda importante foi a reunião com Sachiko Imoto, vice-presidente da Jica, agência de cooperação internacional do Japão.
- Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul têm problemas diferentes. Mas, na avaliação de risco, têm coisas em comum - disse Imoto.
Em Santa Catarina, a Jica ajuda desde 1982, inclusive financiou projetos hidráulicos para proteção do Vale do Itajaí, conta o diretor de Gestão de Desastres da Defesa Civil catarinense, Cesar Nunes.
E há um reflexo econômico desta parceria, relata Nunes:
A coluna faz a cobertura da missão gaúcha à Ásia para Rádio Gaúcha, Zero Hora, GZH e RBS TV.
Licença facilitada
- Nada ficará trancado pela Fepam - pontuou.
O questionamento da coluna partiu de uma preocupação da Associação das Hidrovias do Rio Grande do Sul (Hidrovias RS) sobre o vencimento, no fim do ano, da flexibilização de licenças para dragagem de canais navegáveis. O serviço teve a verba de R$ 731 milhões aprovada pelo Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs).
O presidente da Fepam tranquilizou, afirmando que a equipe já está até trabalhando nos canais incluídos pela Portos RS na lista de dragagens. Chagas lembrou ainda que, desde 2015, a dragagem de arroios e pequenos córregos em área urbana não precisa de licenciamento. _
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