segunda-feira, 25 de novembro de 2024


25 de Novembro de 2024
OPINIÃO RBS

OPINIÃO RBS

A recuperação em curso

Trouxe novo alívio a informação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de que o desemprego caiu no Rio Grande do Sul no terceiro trimestre em relação aos três meses imediatamente anteriores, depois de duas altas consecutivas. É mais um dado alentador a confirmar que a economia gaúcha vem conseguindo se reerguer após a enchente de maio, em uma velocidade acima do que se projetava nas semanas seguintes à tragédia climática. A taxa de desocupação entre julho e setembro no Estado recuou para 5,1%, após marcar 5,9% no segundo trimestre, período da cheia. É o menor percentual para o período desde 2013.

Nos próximos dias, deve ser conhecido o resultado de outubro do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que acompanha a dinâmica das vagas com carteira assinada. Entre maio e junho, 30,5 mil postos de trabalho formais acabaram destruídos. Os três meses posteriores foram positivos, com uma abertura acumulada de 27,3 mil ocupações. É bastante possível que o Caged mostre que o Rio Grande do Sul conseguiu compensar os desligamentos do período mais crítico após a inundação.

Outros indicadores apontam para a reação da atividade. Os impulsos vêm do consumo, da agricultura e da produção industrial. A arrecadação de ICMS, principal tributo recolhido pelo Estado, foi nos meses de julho, agosto e setembro 16% superior ao mesmo período de 2023. O desempenho do setor manufatureiro, medido pela Fiergs, mostrou que, nos quatro meses após a cheia, houve crescimento em três e as fábricas já estão no patamar de abril, antes do evento extremo.

O comércio gaúcho também mostra números fortes. Conforme o IBGE, o volume de vendas subiu 0,9% em setembro sobre agosto, atingindo o maior patamar da série histórica. O crescimento acumulado no ano chegou a 7,5%. Deve-se atentar, porém, que existiu um impulso de consumo gerado pela transferência governamental de renda às famílias para recomposição de bens de primeira necessidade perdidos ou danificados devido à enchente. 

Assim, não se descarta uma desaceleração à frente. Os serviços, segmento de maior peso no PIB, demonstram vigor e perspectivas animadoras. Registraram alta nos últimos três meses e os números a partir de outubro tendem a melhorar devido à reabertura do Salgado Filho. O retorno dos pousos e decolagens na Capital tem impacto positivo para uma ampla gama de negócios, como os ligados ao turismo e a eventos. Do campo, da mesma forma, vêm projeções otimistas de aumento da safra de grãos em relação ao ciclo anterior de 12%, de acordo com o IBGE, e de 3,3%, pelas projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

A economia como um todo se levanta, mas ainda é uma reação heterogênea entre os setores e não se pode esquecer que muitas empresas atingidas pela enchente ainda lutam para sobreviver. O próprio mercado de trabalho traz um alerta. A desocupação caiu, mas bastante influenciada pela informalidade. Isso demonstra falta de confiança ou dificuldade de parte dos empregadores. A conjuntura nacional também traz os desafios do ciclo da alta do juro e da ameaça de uma inflação acima da meta. São fatores que podem comprometer a velocidade da recuperação. 

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