07 DE JUNHO DE 2023
CAPA
Pixote celebra 30 anos de pagode
Com sucessos como "Brilho de Cristal", banda apresenta hoje, no Auditório Araújo Vianna, a turnê comemorativa "Trintou"
Apesar de o termo "pixote" remeter a um menino, Pixote, o grupo, já não está mais tão moço assim. Neste ano, os pagodeiros celebram três décadas da trajetória iniciada em 1993 ainda como Revelação do Samba, primeiro nome a ser adotado por eles. Era quase como um prenúncio do sucesso que, somente alguns anos depois, os adolescentes de São Paulo viriam a fazer no país inteiro, já sob a alcunha de Pixote. Eles eram mesmo uma revelação.
O disco de estreia, Brilho de Cristal, foi lançado em 1995 e não demorou a furar a bolha de São Paulo para conquistar o restante do país. O álbum é homônimo da canção que viria a se tornar uma das mais famosas da banda, indispensável em qualquer pagode que se preze. Ela e outras igualmente célebres serão interpretadas pelo Pixote hoje, às 21h, no Auditório Araújo Vianna, na Capital (veja detalhes sobre ingressos na página 3), no show que marca a estreia da turnê comemorativa Trintou - o mesmo nome do DVD lançado por eles neste ano, também em alusão à data.
Além de Brilho de Cristal, entram no repertório do show clássicos difundidos como Insegurança, Mande um Sinal, Meu Amor, Você Pode e Beijo Doce. Mas, conforme o vocalista Dodô, também haverá espaço para as canções lado B, conhecidas somente por quem é "pixoteiro raiz", e para os últimos lançamentos do grupo, que acabaram por atingir novas gerações de pagodeiros.
- Canções como Nem de Graça e Vai Errar de Novo ganharam muita atenção na pandemia, com a coisa da internet, e isso possibilitou que mais gente conhecesse e curtisse o Pixote. Temos a galera que é pixoteira raiz, que sabe todas, e essa galera nova, que é importante para a nossa história também - explica Dodô. - Em alguns shows, você precisa sacrificar partes do repertório. Eu fico feliz pelo fato de o Trintou ser um show especial, que vai permitir suprir a carência de todo mundo (risos). Vai ser maravilhoso, uma celebração - garante.
União
São mesmo muitos motivos para celebrar. Primeiro porque, quando tinham seus 13 ou 14 anos e se juntaram para fazer um pagode, os garotos do Pixote não vislumbravam um dia correr o país com uma turnê disposta a celebrar os 30 anos do grupo, não tinham clareza sobre o lugar ao qual poderiam chegar com sua música - mas chegaram.
Com três décadas de estrada, além de ter se tornado um dos grupos mais importantes do gênero musical que representa, o Pixote é um dos poucos entre os que surgiram em meados de 1990 a manter-se somente com integrantes fundadores - a maior parte das bandas daquela época passou por diferentes formações nos anos seguintes, além de algumas terem acabado. É algo sobre o que Dodô fala com orgulho:
- Eu sou o único vocalista de toda aquela turma que não saiu do seu grupo de origem. De todos, só sobrou o Dodô do Pixote (risos).
Para ele, o segredo está na amizade que mantém com os companheiros de grupo.
- Acredito que o mais importante para chegarmos a esses 30 anos foi a nossa união - avalia Dodô. - Somos diferentes dos outros grupos. Crescemos juntos, a nossa adolescência toda foi aqui em São Paulo, sempre juntos, tipo irmãos mesmo. Isso foi fundamental para o Pixote, pois trabalhar em grupo nunca é fácil. É como em um casamento: um dia você dorme no quarto e, no outro, pode ter que dormir na sala (risos).
Não à toa a capital gaúcha será a primeira a celebrar os 30 anos deste casamento. O grupo queria estrear a turnê Trintou em um lugar que fosse especial para a trajetória deles e cujo público compreendesse a importância que há em chegar aos 30 anos no meio do samba e pagode. Porto Alegre compreende.
Conforme Dodô, a Capital abriga um dos públicos mais fervorosos e engajados do Pixote - e também do gênero musical que o grupo representa.
- Porto Alegre é um dos lugares mais fortes para o pagode, onde a galera curte mesmo, de verdade. Desde o início a gente está aí, sempre recebido com muito carinho. E sempre com casa lotada, sold out direto.
O vocalista lembra de quando, ainda no início da carreira, o grupo veio à Capital e constatou que uma música que sequer planejava interpretar no show, pois era praticamente desconhecida, estava na boca do povo por aqui.
- Fomos dar entrevista em uma rádio e perguntaram: "E aí, hoje vão tocar Bateu Levou?" - recorda Dodô. - A gente ficou olhando um para a cara do outro, pois nem sabíamos que as pessoas conheciam a música, nem tínhamos ensaiado. Então, corremos atrás de um estúdio para ensaiar e, no show, cantamos.
E o músico garante que os fãs de Porto Alegre podem ficar tranquilos: nesta quarta, junto a uma enxurrada de sucessos, também irão cantar Bateu Levou.
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