quinta-feira, 4 de outubro de 2018


04 DE OUTUBRO DE 2018
+ ECONOMIA

CLIMA DE EXUBERÂNCIA IRRACIONAL NO BRASIL

Depois da euforia da terça-feira, o dia começou ontem em clima de exuberância irracional no mercado financeiro. Pela manhã, o dólar chegou a ser negociado a R$ 3,83 e a bolsa alcançou 85,2 mil pontos, o que não ocorria desde 14 de maio. O patamar ficou próximo do recorde histórico, de 87,65 mil pontos, registrado em 26 de fevereiro passado. A explicação era a mesma do dia anterior: investidores e especuladoras viam na pesquisa de intenção de voto do Datafolha a confirmação do favoritismo do candidato do PSL, Jair Bolsonaro.

Durante a tarde, porém, o entusiasmo foi se moderando. A bolsa fechou em 83,2 mil pontos, alta de 2%, quase a metade do dia anterior. O dólar encerrou em R$ 3,888, baixa de 1,2%, também muito abaixo da véspera. O que mais chamou atenção dos analistas foi o volume negociado na bolsa: R$ 18,8 bilhões. Foi o maior valor movimentado em uma sessão neste ano. O máximo anterior havia ocorrido em 30 de maio, de R$ 17,6 bilhões. O aumento é atribuído à maior entrada de estrangeiros no mercado nacional.

A origem da perda de fôlego no final do dia não foi nacional. A alta no preço do barril de petróleo, para US$ 85, e o aumento na rentabilidade dos títulos de 10 anos do Tesouro, para acima de 3% ao ano frearam a "exuberância irracional" tupiniquim. A expressão foi popularizada na virada da década pelo então presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos), Alan Greenspan. Ele se referia à falta de bases reais para a alta contínua no preço das ações nos EUA.

Em transmissão ao vivo no Facebook, Bolsonaro atribuiu a reação do mercado à confiança em seu "futuro ministro da Fazenda e do Planejamento" - avisou que vai unificar as pastas. A agenda econômica do candidato do PSL segue uma incógnita para a maioria dos agentes econômicos, que aderem à fórmula mais para evitar um suposto mal maior, a volta do PT ao poder. Há divergências públicas entre Bolsonaro e Paulo Guedes, desde a profundidade das privatizações até o formato de tributação. Além disso, os fundamentos da economia não autorizam tamanho otimismo no curto prazo. É uma grande irracionalidade exuberante.

em dois dias, o preço das ações da fabricantes de armas taurus subiu 30%. como jair bolsonaro quer liberar a venda de armas, a leitura é de que a empresa venderia mais. detalhe: em junho, o candidato do PSL prometeu combater "o monopólio da taurus". disse que vai abrir o mercado e trazer fabricantes do exterior ao brasil.

MARTA SFREDO

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