08 DE OUTUBRO DE 2018
+ ECONOMIA
PARA QUEBRAR O SISTEMA
Ao descrever os motivos do voto em Jair Bolsonaro (PSL), um empresário gaúcho de alta visibilidade, com passagens por entidades que incentivam boas práticas corporativas, apontou a perspectiva de que o capitão reformado vá "destruir o sistema". Qualquer outra opção, mesmo de candidatos com os quais o empresariado tem mais identificação, pondera, seria "continuar com mais do mesmo". Indagado se "destruir o sistema" não era uma pauta tradicional da esquerda, o empresário, que pediu reserva sobre seu nome, ponderou que "não dá mais para sustentar economicamente o sistema que esta aí", por afugentar capitais, talentos e inovação.
Um raro empresário do Estado que preferiu outro candidato explica que o fez principalmente diante do "despreparo" de Bolsonaro, além que aspectos do caráter que ele não aprova. Pondera que o capitão reformado "nunca administrou nada" e que "falta de experiência custa caro". Diante disso, avalia, não é razoável achar que será um gestor brilhante, ainda mais em um país que não é uma "banca de pipoca".
Desde que a campanha eleitoral se tornou assunto, bem antes de seu início oficial, o dólar passou a ter comportamento de montanha russa. No caso, de montanha americana, uma vez que parte dos sintomas que provocaram a forte variação vieram do país de origem da moeda.
A volta do juro básico dos Estados Unidos para perto da normalidade, depois de ter passado quase uma década perto de zero, balançou países emergentes que haviam sido beneficiados por investidores em busca de maior remuneração, mesmo com um pouco mais de risco. Ao voltar para o terreno positivo, acima da inflação, fez parte dos recursos voltar e derrubou as moedas de Turquia e Argentina. Foi o que deflagrou uma trajetória de alta do dólar que chegou a níveis históricos. Em agosto, o mau desempenho nas primeiras pesquisas do candidato na época apontado como o preferido do mercado, Geraldo Alckmin (PSDB), ajudou a dar combustível à alta do dólar.
Em 20 de setembro, uma semana depois de a cotação fechar em R$ 4,1957, recorde real, em junho de 1994, Sidnei Nehme, economista e diretor da NGO Corretora de Câmbio, avaliou que a especulação "sem fundamento" se fragilizava e levaria o dólar de volta a R$ 3,80. Naquele momento, era uma aposta, no mínimo, arriscada.
Na última sexta-feira, a moeda americana fechou a R$ 3,857, mais próxima da projeção de Nehme do que do recorde na fronteira dos R$ 4,20:
- O Brasil não tem vulnerabilidade externa. Digo isso desde o início de junho. As contas externas do Brasil são extremamente saudáveis. Grande parte do mercado sabe disso, mas poucos olham os demonstrativos do BC. Tem gente que pensa ?foi assim em 2002, em 2008, acha que agora será igual?. Só que, desta vez, não temos vulnerabilidade na área cambial.
Foi essa percepção, pondera Nehme, que freou intervenções do Banco Central (BC) e também sinais de que o juro poderia subir:
- Estava evidente que era especulativo.
Com qualquer resultado, disse Nehme antes de saber do segundo turno entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), há expectativa de que o dólar caia para o patamar de R$ 3,80.
- Preocupados com possibilidade de queda, os comprados (quem apostava na alta da moeda) saíram atabalhoadamente.
Na avaliação do especialista, não há grande risco de o dólar bater em R$ 5, como até empresas de investimento cogitaram.
- A tendência no país é jogar no dólar o peso do temor. Não se sustenta porque não tem risco. PARA
ONDE VAI?
MARTA SFREDO
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