terça-feira, 2 de maio de 2017


01 de maio de 2017 | N° 18833 
L.F. VERISSIMO

  • Elas merecem

    Ainda falta muito para as mulheres terem todos os direitos e oportunidades que merecem, mas o progresso social e político que já conquistaram é estonteante. Se elas fossem uma nação, seu feito equivaleria a passar de um Gabão a uma Espanha num século. Se fossem uma espécie, em vez de metade de uma espécie, sua evolução equivaleria a passar da Idade da Pedra à Idade do Pentium em cem anos, um pulo sem precedentes na História. Nem os Emirados Árabes progrediram tanto em tão curto espaço de tempo.

    No começo do século, mulher não votava em nenhum lugar do mundo. Fora o trabalho manual em certas indústrias, em muitos casos semiescravo, não exerciam nenhuma profissão além das tradicionalmente femininas. Ainda na metade do século passado, no Brasil e em boa parte do mundo, eram raríssimas as médicas. Hoje, em qualquer formatura de Medicina, há duas mulheres para cada homem. Na Arquitetura, a mesma coisa. No Direito, acho que empata. Ainda há bolsões de resistência masculina, como a Engenharia, mas não por muito tempo.

    No Jornalismo, homens já são vistos com uma certa estranheza nas redações e devem estar dispostos a ouvir piadas e expressões de dúvidas sobre a sua inteligência e capacidade. Ainda detêm a maioria dos cargos de chefia, mas cada vez mais isso parece um estratagema para mantê-los onde podem ser vistos, longe do que interessa. Há quem diga que, em breve, a única atividade exclusivamente masculina no mundo será a de “drag queen”.

    Não admira que se esteja fazendo experiências com métodos de inseminação que dispensam o espermatozoide. Do jeito que vão as mulheres, não demorarão a decidir que homens simplesmente não servem para a reprodução, pois seus genes molengas apenas as atrasariam. Precisarão de genes com o mesmo ânimo dos seus. Seus próprios genes, se não aparecer coisa melhor. Em pouco tempo, transar com homem será considerado bestialismo: sexo com animais inferiores. E só poderemos esperar que, daqui a alguns anos, quando fizerem a retrospectiva deste seu espantoso avanço em menos de um século, elas dediquem algumas linhas a nós, a nação vencida. E que sejam gentis.

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